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sábado, 18 de abril de 2020

Unificação objetiva



Unificação Objetiva  
Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Maio 1958

            A sobrevivência e posterior consolidação do Espiritismo se deveu à unidade de vistas dos que, havendo recebido a herança de Allan Kardec, compreenderam a excepcional importância dos ensinamentos que ela contém e trabalharam, como ainda trabalham hoje os seus sucessores, com a mesma dedicação e igual respeito às diretrizes traçadas firmemente pelo Codificador. Por isto, o Espiritismo se encontra cada vez mais fortalecido, cada vez mais aprofundado no seio do povo, que nele encontra solução para suas aflições e orientação para seu comportamento na vida física.

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            No Brasil, o papel desempenhado pela Federação Espírita Brasileira foi, tem sido, é e continuará a ser enquanto for seguida com fidelidade a trajetória tradicional, o fulcro do Espiritismo, já agora não apenas em relação a este País, mas em relação ao mundo inteiro. Depreende-se, por conseguinte, a infinita responsabilidade de sua atuação. Não pode, nem  deve abandonar o rumo adotado, sob pena de ver toda a grandiosa obra espírita debilitar-se, confundir-se, ameaçada de concussão, em consequência da falta de unidade de ação que fatalmente daí se originaria. Justamente a serenidade e a segurança com que a Federação Espírita Brasileira vem agindo até hoje são a garantia da tranquilidade e solidez que o Espiritismo continua usufruindo. Graças ao espírito enérgico e esclarecido da Casa de Ismael, podemos ver vencido o Primeiro Centenário da Codificação, o Espiritismo largamente difundido por todo o Brasil, ampliando seu raio de ação, interessando outros países e, sobretudo, conquistando, pelos exemplos, a confiança do povo, que sabe não bater em vão numa casa espírita nem recorrer infrutiferamente a qualquer espírita real, por mais humilde e pobre que seja. O Espiritismo vai realizando a sua missão social, ensinando a solidariedade entre os homens, a cooperação sadia, o intercâmbio de ações boas, levando o homem, sem forçá-lo a isso, à reforma de sua individualidade, para melhor servir ao Cristo, sem pieguice nem burla, mas pela prática dos deveres doutrinários. Portanto, não é possível apreciar a grandeza atual do Espiritismo sem ponderar sobre o trabalho que a Federação Espírita Brasileira, órgão principal desse progresso, tem realizado e vem realizando, a despeito dos entraves criados pelos adversários de nossa Doutrina e também por confrades que não puderam ainda, com absoluta isenção de ânimo, examinar lhe a  ciclópica tarefa, porque, se muito já foi feito, muito mais ainda há a fazer e para este fim é mister que todos os espíritas se mantenham unidos em torno da Doutrina, fiéis ao princípio de solidariedade recíproca estabelecido por Allan Kardec, razão precípua da força atual do Espiritismo.

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            Por compreenderem o importantíssimo papel da Federação Espírita Brasileira, é que os espíritas consagraram o Pacto Áureo, que significa a consolidação do Espiritismo no Brasil, por lhe dar maior homogeneização em torno dos postulados doutrinários, corporificados, defendidos e disseminados pela Federação. Como decorrência natural do Pacto Áureo, surgiu o Conselho Federal Nacional, órgão respeitável e de crescente autoridade pois é constituído de representantes de todas as entidades de âmbito estadual adesas à FEB. E que é o Conselho Federativo Nacional senão uma espécie de congresso nacional permanente do Espiritismo? Um congresso de expressão notável, onde, uma vez por mês, são tratados assuntos de superior importância e imediato interesse do Espiritismo, com debates francos e amplos, sempre dentro dos princípios estabelecidos pela Doutrina. Até que vem a propósito dizer isso, porque, geralmente, os congressos espíritas não têm resultados práticos, pouco ou quase nada produzem de útil para o Espiritismo, quer administrativo, quer doutrinariamente. Raramente suas conclusões são cumpridas e o que se observa é que as teses, na maioria dos casos, não oferecem margem para considerações proveitosas, pois são repetições das de outros congressos. Muito mais simples, eficiente e prático é o que se realiza e se consegue nas reuniões do Conselho Federativo Nacional, onde os assuntos são rigorosamente selecionados por sua importância e urgência, e interessam intimamente a cada uma das entidades adesas ali representadas e, de um modo geral, ao Espiritismo. Os assuntos são examinados com clareza e profundidade, sem os inconvenientes dos congressos comuns, que obrigam muitos delegados ao trabalhoso deslocamento de Estados distantes. Não há excesso de atividade burocrática, perda inútil de tempo e despesas s evitáveis. É bem verdade que o Conselho Federativo Nacional não dá ensanchas a discurseiras seguidas de aplausos, assim como dispensa a avalanche de teses as mais das vezes sem valor espírita e apenas pretexto para ensaios literários ou manifestações meramente personalistas, a história do Espiritismo mundial, os congressos até hoje efetuados quase nada deixaram de memorável, a não ser, talvez, o ensejo da confraternização, que pode ser feita sem necessidade de congressos.  

            A atividade que todos temos de manter em favor da unificação do Espiritismo cada qual em seu setor, não se restringe a palavras caudalosas de efeito, mas, principalmente, de ação objetiva, direta.

            Prestigiar o Pacto Áureo é dever de todo os espíritas conscienciosos, porque esse Pacto assegura a unidade imprescindível à preservação dos princípios doutrinários. Mas nada se fará de útil acerca da unificação sem o apoio sincero e firme à Federação Espírita Brasileira, símbolo da intangibilidade da Doutrina legada ao mundo por Allan Kardec. Enquanto a Federação Espírita Brasileira continuar amparada pela fidelidade de todas as instituições kardequianas, a Doutrina Espírita permanecerá forte, o Espiritismo poderá enfrentar com serenidade as acometidas dos que lhe são contrários. Ninguém se iluda a tal respeito.

            Em vez de congressos sem substância, que jamais demonstraram outra utilidade senão, talvez, a de simples movimentos de confraternização, prestigiemos a Federação Espírita Brasileira através do Conselho Federativo Nacional, porque nesta fé concentrada a força legítima do Espiritismo brasileiro, levada pela contribuição de cada uma das entidades estaduais adesas. O Conselho Federativo Nacional é o melhor congresso, o congresso mensal, claro, simples, útil, objetivo e prático, onde os problemas relevantes do Espiritismo são estudados, discutidos e solucionados, o que não sucede em congressos que possuem as exteriorizações que satisfazem os sentidos mas não atendem à realidade da vida espírita nacional.

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