Unificação Objetiva
Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Maio 1958
A sobrevivência e posterior consolidação do Espiritismo
se deveu à unidade de vistas dos que, havendo recebido a herança de Allan Kardec,
compreenderam a excepcional importância dos ensinamentos que ela contém e
trabalharam, como ainda trabalham hoje os seus sucessores, com a mesma dedicação
e igual respeito às diretrizes traçadas firmemente pelo Codificador. Por isto,
o Espiritismo se encontra cada vez mais fortalecido, cada vez mais aprofundado
no seio do povo, que nele encontra solução para suas aflições e orientação para
seu comportamento na vida física.
*
No Brasil, o papel desempenhado pela Federação Espírita Brasileira
foi, tem sido, é e continuará a ser enquanto for seguida com fidelidade a
trajetória tradicional, o fulcro do Espiritismo, já agora não apenas em relação
a este País, mas em relação ao mundo inteiro. Depreende-se, por conseguinte, a
infinita responsabilidade de sua atuação. Não pode, nem deve abandonar o rumo adotado, sob pena de
ver toda a grandiosa obra espírita debilitar-se, confundir-se, ameaçada de
concussão, em consequência da falta de unidade de ação que fatalmente daí se
originaria. Justamente a serenidade e a segurança com que a Federação Espírita
Brasileira vem agindo até hoje são a garantia da tranquilidade e solidez que o
Espiritismo continua usufruindo. Graças ao espírito enérgico e esclarecido da
Casa de Ismael, podemos ver vencido o Primeiro Centenário da Codificação, o Espiritismo
largamente difundido por todo o Brasil, ampliando seu raio de ação, interessando
outros países e, sobretudo, conquistando, pelos exemplos, a confiança do povo,
que sabe não bater em vão numa casa espírita nem recorrer infrutiferamente a
qualquer espírita real, por mais humilde e pobre que seja. O Espiritismo vai
realizando a sua missão social, ensinando a solidariedade entre os homens, a
cooperação sadia, o intercâmbio de ações boas, levando o homem, sem forçá-lo a
isso, à reforma de sua individualidade, para melhor servir ao Cristo, sem
pieguice nem burla, mas pela prática dos deveres doutrinários. Portanto, não é
possível apreciar a grandeza atual do Espiritismo sem ponderar sobre o trabalho
que a Federação Espírita Brasileira, órgão principal desse progresso, tem
realizado e vem realizando, a despeito dos entraves criados pelos adversários
de nossa Doutrina e também por confrades que não puderam ainda, com absoluta
isenção de ânimo, examinar lhe a ciclópica
tarefa, porque, se muito já foi feito, muito mais ainda há a fazer e para este
fim é mister que todos os espíritas se mantenham unidos em torno da Doutrina,
fiéis ao princípio de solidariedade recíproca estabelecido por Allan Kardec,
razão precípua da força atual do Espiritismo.
*
Por compreenderem o importantíssimo papel da Federação
Espírita Brasileira, é que os espíritas consagraram o Pacto Áureo, que
significa a consolidação do Espiritismo no Brasil, por lhe dar maior homogeneização
em torno dos postulados doutrinários, corporificados, defendidos e disseminados
pela Federação. Como decorrência natural do Pacto Áureo, surgiu o Conselho Federal
Nacional, órgão respeitável e de crescente autoridade pois é constituído de
representantes de todas as entidades de âmbito estadual adesas à FEB. E que é o
Conselho Federativo Nacional senão uma espécie de congresso nacional permanente
do Espiritismo? Um congresso de expressão notável, onde, uma vez por mês, são
tratados assuntos de superior importância e imediato interesse do Espiritismo, com
debates francos e amplos, sempre dentro dos princípios estabelecidos pela Doutrina.
Até que vem a propósito dizer isso, porque, geralmente, os congressos espíritas
não têm resultados práticos, pouco ou quase nada produzem de útil para o
Espiritismo, quer administrativo, quer doutrinariamente. Raramente suas
conclusões são cumpridas e o que se observa é que as teses, na maioria dos casos,
não oferecem margem para considerações proveitosas, pois são repetições das de
outros congressos. Muito mais simples, eficiente e prático é o que se realiza e
se consegue nas reuniões do Conselho Federativo Nacional, onde os assuntos são
rigorosamente selecionados por sua importância e urgência, e interessam
intimamente a cada uma das entidades adesas ali representadas e, de um modo
geral, ao Espiritismo. Os assuntos são examinados com clareza e profundidade,
sem os inconvenientes dos congressos comuns, que obrigam muitos delegados ao
trabalhoso deslocamento de Estados distantes. Não há excesso de atividade
burocrática, perda inútil de tempo e despesas s evitáveis. É bem verdade que o
Conselho Federativo Nacional não dá ensanchas a discurseiras seguidas de
aplausos, assim como dispensa a avalanche de teses as mais das vezes sem valor
espírita e apenas pretexto para ensaios literários ou manifestações meramente
personalistas, a história do Espiritismo mundial, os congressos até hoje efetuados
quase nada deixaram de memorável, a não ser, talvez, o ensejo da confraternização,
que pode ser feita sem necessidade de congressos.
A atividade que todos temos de manter em favor da unificação
do Espiritismo cada qual em seu setor, não se restringe a palavras caudalosas
de efeito, mas, principalmente, de ação objetiva, direta.
Prestigiar o Pacto Áureo é dever de todo os espíritas
conscienciosos, porque esse Pacto assegura a unidade imprescindível à preservação
dos princípios doutrinários. Mas nada se fará de útil acerca da unificação sem
o apoio sincero e firme à Federação Espírita Brasileira, símbolo da intangibilidade
da Doutrina legada ao mundo por Allan Kardec. Enquanto a Federação Espírita Brasileira
continuar amparada pela fidelidade de todas as instituições kardequianas, a
Doutrina Espírita permanecerá forte, o Espiritismo poderá enfrentar com serenidade
as acometidas dos que lhe são contrários. Ninguém se iluda a tal respeito.
Em vez de congressos sem substância, que jamais demonstraram
outra utilidade senão, talvez, a de simples movimentos de confraternização, prestigiemos
a Federação Espírita Brasileira através do Conselho Federativo Nacional, porque
nesta fé concentrada a força legítima do Espiritismo brasileiro, levada pela
contribuição de cada uma das entidades estaduais adesas. O Conselho Federativo Nacional
é o melhor congresso, o congresso mensal, claro, simples, útil, objetivo e
prático, onde os problemas relevantes do Espiritismo são estudados, discutidos
e solucionados, o que não sucede em congressos que possuem as exteriorizações
que satisfazem os sentidos mas não atendem à realidade da vida espírita
nacional.
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