O
verdadeiro espirita
por Orville Derby A. Dutra
Reformador (FEB) Julho
1941
O espírita ou espiritista sincero, de convicções enraizadas,
não faz espiritismo por passatempo. Para ele, a doutrina é o que de mais
sublime lhe foi dado conhecer, pois o consubstancia um ideal divino. Tem-na
como um porto seguro, onde pode lançar tranquilo a âncora da sua fé, produtiva
de bons atos. Sente-se feliz, reconhecendo nela uma obra que traz o selo da
sabedoria do Senhor, porque doutrina que não vem de Deus não pode encarar de
frente a razão em todas as épocas da humanidade, como o faz o Espiritismo que,
portanto, não se pode confundir com essas árvores que o Pai não plantou e que,
em consequência, serão, como o diz o Evangelho, arrancadas e lançadas ao fogo.
Por isso mesmo, o espiritista convicto, compenetrado que
se acha de seus deveres, consagra os maiores esforços a cumpri-los e trabalha
com ardor e confiança pela doutrina que professa, certo de que, obedecendo aos
preceitos do Evangelho, tudo mais lhe será dado de acréscimo e por misericórdia.
Não se preocupa com o fazer, seja o que for, para ser
visto por olhos humanos, nem para receber os galardões do mundo, cuidando
unicamente de que os seus atos sejam dignos de patentear-se aos olhos de Deus,
que tudo vê de quanto obramos e pensamos, e, para esse efeito, tudo o que
pratica em silêncio, procurando que nem o seu nome jamais apareça.
Desde que, porém, precise assumir ostensivamente a
responsabilidade de suas ações, ele não se esconde, antes se apresenta leal e
sinceramente a se mostrar responsável pelos atos de que se trate.
Assim como pela sua vida pública, ele também se
caracteriza e qualifica pela sua vida particular.
São sempre calmas e ponderadas as suas resoluções e,
acima de tudo, sinceras e francas.
Como pregador, a sua atitude é nobre, embora modesta e a
substância de suas alocuções tira-as dos ensinos contidos nos Evangelhos do Mestre.
Jesus, não descurando jamais de realizar em si os ensinamentos que constituam
objeto de suas pregações.
Humano, como é, também tem direito e procura sem prejuízo
das obrigações que lhe correm, divertimentos que lhe recreiem o espírito, repousando-o
das cogitações sérias. De nenhum, porém, se torna escravo ou fanático e nenhum
busca o que não condiga com a elevação de seus sentimentos ou da tarefa em que
se considere investido.
Encara tranquilamente a vida, com seus altos e baixos,
sem se perturbar com as suas vicissitudes e sem se deixar tomar de desanimo
ante as decepções e amarguras que ela lhe reserve, recebendo com paciência e
submissão à justiça divina a dor e o sofrimento que o atinjam, pois que bem
lhes conhece as causas e origens.
Se se lhe impõe a necessidade de discutir em sustentação
da doutrina, ou para retificar a interpretação de algum de seus pontos
capitais, mantém o debate em terreno elevado, exemplificando serenidade e tolerância;
em vez de humilhar, esforça-se por elevar o adversário.
No centro ou agremiação a que pertença, quer como membro
da sua diretoria, quer como simples associado, mostra-se solícito para com
todos, respeitador de todas as normas e resoluções em vigor e cônscio de suas
responsabilidades.
Em nenhuma ocasião, nem mesmo em simples palestras,
graves ou alegres, usa de palavras ou expressões pesadas ou, sequer, pouco
delicadas.
É sempre comedido e criterioso no falar, lembrado de que
o Evangelho diz que a boca fala aquilo de que está cheio o coração.
Enfim, soldado do Evangelho, sempre resoluto e firme no
seu posto, luta de contínuo contra o mal, empunhando as únicas armas de que
pode utilizar-se o verdadeiro cristão, revelando-se de bom ânimo em todas as circunstâncias
e alegre, tomado dessa alegria sã, que lhe advém de estar conscientemente a
serviço do Senhor dos senhores, dignificando-se para ser por ele qualificado de
- amigo.
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