Jesus e Pilatos
27,11
Jesus compareceu diante do governador Pilatos que o interrogou.
27,12 Ele, porém, nada respondia
às acusações dos sacerdotes e dos anciãos.
27,13 Perguntou-Lhe Pilatos:- Não ouves todos os testemunhos
que levantam contra Ti?
27,14 Mas, para
grande admiração do governador, não quis responder à nenhuma acusação.
27,15 Era costume que o governador
soltasse um preso a pedido do povo em
cada festa da páscoa.
27,16 Ora, havia,
naquela ocasião, um prisioneiro famoso chamado Barrabás.
27,17 Pilatos dirigiu-se ao povo reunido: Qual
quereis que eu vos solte? Barrabás ou Jesus, que se chama Cristo?
27,18 Ele já sabia que tinham entregue Jesus por
inveja.
27,19 Enquanto estava sentado no
tribunal, a sua mulher lhe mandou dizer: Nada faças a esse justo! Fui intuída em sonho a esse respeito!
27,20 Mas, os sacerdotes e os anciãos persuadiram o
povo que pedisse a libertação de Barrabás e fizesse morrer Jesus.
27,21 O governador, então, tomou a palavra: Qual
dos dois quereis que eu vos solte? Responderam-lhe: Barrabás.
Para Mt (27,11-14), -Jesus e Pilatos
- encontramos no Cap. XI de “O Evangelho segundo o Espiritismo” a palavra de Emmanuel discorrendo sobre a
chaga do Egoísmo. Note bem que é a única
mensagem assinada por Emmanuel em todo o “O Evangelho...”:
“O Egoísmo...
O egoísmo, essa chaga da Humanidade,
deve desaparecer da Terra, cujo progresso moral retarda; ao Espiritismo está
reservada a tarefa de fazê-la subir na hierarquia dos mundos. O egoísmo é,
pois, o objetivo para o qual todos os verdadeiros crentes devem dirigir suas
armas, suas forças e sua coragem; digo coragem porque é preciso mais coragem
para vencer a si mesmo que para vencer os outros. Que cada um, pois, coloque
todos os seus cuidados para combatê-lo em si, porque esse monstro devorador de
todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a fonte de todas as misérias
deste mundo. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à
felicidade dos homens.
Jesus
vos deu o exemplo da caridade e, Pôncio Pilatos, o do egoísmo; porque enquanto
o Justo vai percorrer as santas estações do seu martírio, Pilatos lava as mãos
dizendo: Que me importa! Ele disse aos judeus: Este homem é justo, por que
quereis sacrificá-lo? e, entretanto, deixa que o conduzam ao suplício.
É a esse antagonismo da caridade e
do egoísmo, à invasão dessa lepra do coração humano, que o Cristianismo deve
não ter cumprido ainda toda sua missão. É a vós, apóstolos novos da fé e que os Espíritos
Superiores esclarecem, a quem incumbe a tarefa e o dever de extirpar esse mal,
para dar ao Cristianismo toda a sua força e limpar o caminho das sarças que lhe
entravam a marcha. Extirpai o egoísmo da Terra, para que ela possa gravitar na
escala dos mundos, porque já é tempo de a Humanidade vestir seu traje viril e,
para isso, é preciso primeiro extirpá-lo do vosso coração.” (Emmanuel, Paris, 1861)
Para
Mt (22,11-14),-Jesus e Pilatos
- encontramos em “O Evangelho...”, de
Kardec, no seu Cap. II, alguns trechos que nos orientam sobre essa passagem:
“O reino de Jesus não é deste mundo,
é o que cada um compreende; mas sobre a Terra não terá também uma realeza?”
“Essa realeza, nascida do mérito
pessoal, consagrada pela posteridade, não tem, freqüentemente, uma
preponderância maior do que aquela que leva o diadema? Ela é imperecível,
enquanto que a outra é o jogo das vicissitudes; ela é sempre abençoada pelas
gerações futuras, enquanto que a outra, por vezes, é amaldiçoada. A realeza
terrestre acaba com a vida; a realeza moral governa ainda, e, sobretudo, depois
da morte. A esse título, Jesus não é um
rei mais poderoso que muitos potentados?”
Ainda no
Cap.II, um espírito que se apresentou como
“Uma Rainha de França” transmitiu
o que se segue, para nossa reflexão:
"Para se preparar um lugar nesse reino, é
preciso a abnegação, a humildade, a caridade em toda a sua prática celeste, a
benevolência para com todos; não se pergunta o que haveis sido, que posição
haveis ocupado, mas o bem que haveis feito, as lágrimas que haveis enxugado...”
Jesus e Pilatos
27,22
Pilatos perguntou: Que farei, então, de Jesus que é chamado o Cristo?
Todos responderam:
Seja crucificado!
27,23 O governador tornou a perguntar: Mas, que mal
fez Ele? E eles mais clamavam dizendo: Seja crucificado!
27,24 Pilatos viu que nada adiantava mas, que, ao
contrário, o tumulto crescia. Fez com que lhe trouxessem água e lavou as mãos
diante do povo, e disse: Sou inocente do sangue Deste homem. Isto é lá
convosco!
27,25 e todo o povo respondeu:
Caia sobre nós o Seu sangue e sobre nossos filhos! 27,26 Libertou, então, Barrabás e mandou açoitar
Jesus e Lho entregou para ser crucificado.
Para
Mt (27,23 ), - Que mal fez Ele? - encontramos em “Fonte Viva”, de Emmanuel
por Chico Xavier, essa bela passagem:
“ Solidão...
A medida que te elevas, monte acima,
no desempenho do próprio dever, experimentas a solidão dos cimos e
incomensurável tristeza te constringe a alma sensível.
Onde se encontram os que sorriram
contigo no parque primaveril da primeira mocidade? Onde pousam os corações que
te buscavam o aconchego nas horas de fantasia? Onde se acolhem quantos te
partilhavam o pão e o sonho, nas aventuras ridentes do início?
Certo, ficaram...
Ficaram no vale, voejando em círculo
estreito à maneira das borboletas douradas, que se esfacelam ao primeiro
contato da menor chama de luz que se lhe descortine à frente.
Em torno de ti, a claridade, mas
também o silêncio...
Dentro de ti, a felicidade de saber,
mas igualmente a dor de não seres compreendido...
Tua voz grita sem eco e o teu anseio
se alonga em vão...
Entretanto,
se realmente sobes, que ouvidos te poderiam escutar a grande distância e que
coração faminto de calor do vale se abalançaria a entender, de pronto, os teus
ideais de altura?
Choras, indagas e sofres...
Contudo,
que espécie de renascimento não será doloroso? A ave, para libertar-se, destrói
o berço da casca em que se formou, e a semente, para produzir, sofre a dilaceração
na cova desconhecida. A solidão com o serviço aos semelhantes gera a grandeza.
A rocha que sustenta a planície
costuma viver assolada e o Sol que alimenta o mundo inteiro brilha sozinho.
Não te canses de aprender a ciência
da elevação. Lembra-te do Senhor, que escalou o Calvário, de cruz aos ombros
feridos. Ninguém o seguiu na morte afrontosa, à exceção de dois malfeitores,
constrangidos à punição, em obediência à justiça.
Recorda-te dele e segue...
Não relaciones os bens que já
espalhaste.
Confia no Infinito Bem que te
aguarda.
Não
esperes pelos outros, na marcha de sacrifício e engrandecimento. E não olvides
que, pelo ministério da redenção que exerceu para todas as criaturas, o Divino
Amigo dos Homens não somente viveu, lutou e sofreu sozinho, mas também foi
perseguido e crucificado.”
O
livro 'Revelação dos Papas' da
União Espírita Suburbana, RJ, RJ nos trouxe uma psicografia de um espírito
que se intitulou Pôncio Pilatos
dando-nos, assim, mais uma prova de nossa
marcha inexorável para Cristo. Leiamos:
(Apresentando-se
à vidente um espírito muito luminoso, envolto em luz branca e verde,
distinguindo-se apenas o seu vulto no meio dessas luzes, não podendo a vidente
reconhecer o sexo a que pertenceu o espírito.
A luz branca tem reflexos prateados e, da mistura com o
verde e branco, aparecem também raios lilases. Afinal, a vidente reconhece ser
um homem que está em sua presença)
Antes de tudo quero agradecer a
Jesus as graças que tem concedido ao meu pobre espírito.
Quero render, aqui mesmo na Terra,
graças a Deus pelo muito que me foi concedido pelo nada que fiz.
Curvo-me, reverente e humilde, para
agradecer à Infinita Misericórdia os benefícios e favores dispensados a este
humilde e insignificante servo do Senhor, a quem nesta hora sublime recorro,
pedindo forças e alento para poder falar aos meus irmãos, em nome de Jesus, que
me disse:
“Vai
tu também, Poncio, e proclama a sublime
verdade.
Vai, meu filho, e reparte com teus irmãos o que recebeste
de meu Pai, dá ao mundo o exemplo da tua humildade; oferece à humanidade a
prova material da tua existência e da realidade da infinita misericórdia de meu
Pai, em cujo nome falarás, cujos desígnios proclamarás, cuja sabedoria
patentearás aos olhos dos homens que habitam aquele atrasado planeta.
Vai,
meu filho, e fala também em meu nome; anuncia a minha presença entre essa gente
ingrata, que tanto se tem esquecido dos ensinamentos do seu Mestre, das provas
de amor que lhes têm sido dispensadas pela sublime vontade do Pai.
Vai,
e dizei o que sabes, conta o que viste aqui, anuncia às criaturas o futuro que
as espera; fala-lhes em linguagem simples, mas sugestiva, emprega frases
repassadas de doçura, mas, ao mesmo tempo, enérgicas e incisivas, de modo a
abalar-lhes a consciência, despertar-lhes na alma os sentimentos que parece
terem para sempre emigrado do coração do homem.
Vai,
e anuncia entre os homens que - são chegados os tempos
prometidos pelas Escrituras.”
Venho, portanto, no cumprimento de
uma ordem do Mestre: volto ao mundo na qualidade de enviado do Nazareno, a quem
um dia procurei defender da sanha feroz dos homens, não o conseguindo, porém,
porque era justamente seu destino: morrer para salvar o gênero humano.
Deus julga as nossas intenções,
preocupando-se muito pouco ou quase nada com os atos da criatura, que nem
sempre traduzem os desejos íntimos do espírito encarnado. Deus julga o nosso
foro íntimo, busca saber o que nos conduziu à prática de determinados atos, o
móvel das nossas ações. Os atos exteriores pouca significação têm para o eterno
ser: a consciência é quem responde perante o supremo tribunal de Deus.
Os crimes perpetrados na Terra são,
muitas vezes, atenuados perante a justiça eterna, que julga levando sempre em
conta o grau de adiantamento de espírito, o seu passado e presente, as causas
remotas que concorreram para a criatura cometer estas ou aquelas ações, e
executar atos muitas vezes involuntários, porquanto, neste caso, o espírito é
levado a tais crimes por circunstâncias independentes de sua vontade, sendo, em
várias ocasiões, mero instrumento de outras vontades que constantemente atuam
sobre a alma encarcerada e a conduzem ao erro, ao crime e à desgraça.
Muitos dos criminosos da terra
acham-se no mundo dos espíritos em condições de relativa calma e felicidade, porque
Deus é justo e a balança divina é perfeita e acusa a mais insignificante
partícula, de mais ou de menos, nas culpas dos espíritos julgados pela infinita
Sabedoria.
Deus julga sem recorrer ao
testemunho humano, como fazem os Juízes da Terra. Não estuda processos
preparados por outros juízes. Ele é o principal e o único órgão dessa justiça
infalível e sábia até o infinito; as suas decisões são inapeláveis; as suas sentenças
irrevogáveis porque são absolutamente sábias e justas, quer quando condenam, quer
quando absolvem o culpado.
A justiça de Deus não tem
alternativas, nem sofre contraste com outra justiça, por ser a única existente
em todo o Universo.
Deus julga as almas pela intenção,
pelo que observa no fundo da consciência, e não castiga nem perdoa, mas dá o
que cada um merece.
Deus não condena seus filhos a penas
eternas, isto porque, se assim procedesse, anularia o grandioso e principal
objetivo da sua obra colossal: - progredir até o infinito, caminhar sempre,
nascendo e renascendo, para poder viver eternamente.
O espírito que delinque está no
caminho do aperfeiçoamento e é comparável ao aprendiz que só executa maus
trabalhos ou produz obras imperfeitas, sem que, por isso, o Mestre o expulse da
oficina, o que seria iniquidade pois, se assim procedesse o Mestre chegaria o
momento de lamentar a falta de artífices, atrofiando-se, por esse modo, as
artes e as indústrias, paralisando o seu desenvolvimento e progresso.
O Universo é a formidável oficina
onde todos nós aprendemos a trabalhar, a produzir boas obras, a executar com
perícia os trabalhos e as tarefas que nos são confiadas pelo nosso Mestre.
Assim, Deus não condena nem absolve, propriamente falando; Ele dá o que o
aprendiz merece, aquilo a que fez jus pelos seus esforços e perseverança no trabalho.
Aí tendes a imagem da reincarnação,
e porque Deus não condena, nem absolve, o que importaria na anulação do plano
divino: - caminhar, sempre, aperfeiçoando-se à custa dos próprios esforços,
nascendo e renascendo até o dia em que, não mais precisando das provas
terrenas, possa o espírito viver eternamente.
Deus perdoa. mas o seu perdão é
condicional, e não como concebeis - o esquecimento eterno da culpa, não!
Deus, em sua justiça divina, quer o
aperfeiçoamento das almas, e se a culpa ficasse desde logo esquecida, o
espírito permaneceria inerte, daquele momento em diante; nenhum compromisso
assumido para com seu Criador, ficaria inativo, interrompendo, assim, o seu
progresso.
A justiça de Deus suspende o
sofrimento logo que o espírito, ao reconhecer o mal praticado, se propõe
repara-lo em existências sucessivas.
Mas não é perdoar, condenar ou
absolver, é apenas apreciar as obras da criatura, compara-las, pesa-las,
medi-las, e, depois, dar a cada um o que merecer.
A ideia do perdão absoluto e incondicional
é, como vedes, errônea, visto como perdoar é esquecer, nada mais exigir daquele
sobre quem recai o perdão, dispensando-o de qualquer reparação, do mal
praticado.
Deus dá dessa forma o que cada um
merece pelos seus esforços, pelos sacrifícios feitos com intuito de caminhar
para a perfeição absoluta, por isso que é justo, sábio, misericordioso e
infinitamente bom.
Ser bom, portanto, é ser justo, dar
a cada um o que lhe pertence, e não condenar eternamente ou perdoar a falta
cometida por aquele que, não tendo ainda adquirido o aperfeiçoamento
necessário, voltará um dia à prática de novos crimes, cercando-se das maiores
cautelas para escapar à ação da justiça que o condenou ou perdoou
anteriormente.
Deus não esquece; o Criador não
consente que se apague o que estiver escrito no livro do infinito, com relação
aos erros e crimes praticados pela criatura. A própria alma, na ascensão que
for fazendo pelo tempo além, irá apagando, ela mesma, o que estiver escrito em
letras de fogo - a história dos seus desregramentos, das suas fraquezas e
misérias.
Ao passar de um plano inferior para
o imediatamente superior, o espírito salda as suas contas até aquele dia, pois
vai, desse momento em diante, começar uma nova vida, percorrer nova fase, e
Deus, infinitamente bom, consente que a alma leve consigo, para a nova
existência, as virtudes que possui, os dons e os predicados de que for
portadora, ficando os erros, os defeitos, as faltas e os crimes apagados, por
ter o espírito, com suas próprias mãos, os destruído para sempre.
Ah! tendes a justiça de Deus pintada
em rápidas e singelas palavras; aí estão, em ligeiros traços, descritos, os
intuitos e desejos da divina Providência mandando o espírito diversas e
inúmeras vezes à superfície dos mundos de expiação, aos planetas atrasados,
como este onde habitei e habitais neste momento.
Tudo quanto tendes aprendido sobre o
modo de agir da suprema justiça é falso, nada valendo o que têm ensinado os
chamados diretores espirituais e os intitulados livros sagrados; a justiça de
Deus não tem preferencias, no tribunal divino não se distinguem os delinquentes
por outros meios senão o exame das intenções que os levaram a delinquir.
O que se examina nesse tribunal
superior é o forum intimum do espírito, a intenção, o móvel
das suas ações boas ou más.
Ninguém, a chegar a essas paragens
se lembra de que foi na Terra. O espírito, ao transpor aquelas regiões, sente
que se apagam todas as reminiscências, se lhe enfraquecem a memória das honras,
posições e riquezas, do poder de que dispôs entre os homens, da força que
enfeixou em suas mãos, de que gozou e do que desfrutou.
Diante dos nossos olhos espirituais
desenham-se nítidos, lá no grandioso tribunal, os nossos pecados, as faltas, os
erros e crimes que praticamos como também as boas ações, os atos indignos, as
obras de caridade e amor que deixamos na Terra, e, ah! meus queridos irmãos e
amados companheiros! felizes dos que podem, nessa hora solene, ver brilhar
diante de si a luz suave dos atos de caridade, de amor e de piedade para com
seus semelhantes!
Ah! meus irmãos! que delícia, que
felicidade desfruta todo aquele que ouve ali o eco das preces, os votos dos que
ficam na terra orando pela alma que no mundo cumpriu o seu dever cristão, dando
com a direita sem que a esquerda o percebesse, que amou o seu semelhante como a
si mesmo, que só fez a outrem o que desejou que outrem lhe fizesse, que não
feriu, que perdoou e, por isso, encontra no mundo dos espíritos o que merece
pelas suas boas obras!
Este que vos está falando também compareceu
à barra desse grandioso tribunal e viu escrito os seus erros, todos os delitos
mas, o! meus queridos irmãos! como foi para ele consoladora a lembrança naquela
hora dos atos bons que praticara, avultando entre eles o da defesa de Jesus, a
intenção de defender o justo da sanha feroz dos seus algozes! Como vos hei de
contar as minhas alegrias ao ouvir ali ecoarem as minhas palavras, proferidas
quando levaram Jesus à minha presença, no tribunal da Judeia! Como foram doces
para mim aqueles momentos, em que ouvi também a voz de Jesus, dizendo: Que se cumpra a vontade de meu Pai!
Essa recordação compensou largamente
os dissabores que então experimentei pelos erros e delitos que pratiquei na
Terra, onde tenho comparecido diversas vezes, mas sempre amparado pela divina
misericórdia, guiado pela luz dos ensinamentos de Jesus, que hoje venho também
proclamar, na qualidade de seu discípulo e enviado, para dizer-vos tudo quanto
ficou escrito e, ainda, que me reencarnei na Terra, para propagar os santos
princípios da doutrina daquele cujas palavras já abalavam o meu espírito, no
tempo em estive entre vós e me chamei Pôncio Pilatos. Hoje
sou defensor do puro Cristianismo, do Deus de infinita bondade e amor, sou
discípulo de seu filho - o divino Jesus - que proclamo aqui o Mestre dos
Mestres, o Rei dos reis, o supremo Diretor deste planeta!
Eis aí, meus amigos e irmãos
queridos, cumprida a minha missão, o meu dever, e satisfeito o compromisso; que
assumi com a divina misericórdia, de vir a Terra narrar o que acabastes de
ouvir, para que tenhas melhor noção da justiça eterna, que em nada se parece
com a dos homens.
Agora, resta apenas dirigir-me a
vós, irmãos e companheiros muito amados; resta-me fazer-vos um pedido, dar-vos
um conselho que, de certo, vos servirá de muito: - Caminhai na vida com os olhos fitos em Jesus; marchai sempre guiados
pelos ensinamentos do Mestre, os quais deveis cultivar e propagar, procurando o
caminho do bem, da justiça e do amor ao próximo.
Jamais vos afasteis da caridade
cristã, da caridade pura, dando com a direita sem que a esquerda o perceba,
perdoando o vosso semelhante, querendo e amando os vossos irmãos como a vós
mesmos.
Defendei Jesus, livrai a sua
doutrina dos botes e assaltos dos novos fariseus, ensinai as suas máximas,
divulgai as suas parábolas, interpretai o fundo dessas sublimes palavras e
tirai dali toda a luz de que careceis para a vossa viagem nesse vale de
lágrimas, procurai praticar pelo menos um bom ato na vossa vida, para que, um
dia, quando tiverdes de comparecer perante o tribunal de que tantas vezes vos
falei no correr desta comunicação, possais ser consolados como foi o vosso
irmão que hoje vos visita em nome de Deus e de Jesus e que se retira
dizendo-vos: “Amai-vos uns aos outros e a Deus sobre todas as coisas.”
Pôncio Pilatos
(Março de 1917)
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