Censores Inidôneos
Tibúrcio
Barreto
(Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Janeiro 1965
Allan Kardec ("Obras Póstumas")
referiu-se a elementos que se imiscuíram no Espiritismo, dizendo-se "espíritas",
mas que jamais se subordinaram à disciplina doutrinária, antes fazendo urna
adaptação pessoal da Doutrina, ora aceitando o que não lhes cansava embaraços,
ora "esquecendo" o que de algum modo constituía obstáculo a certas
maneiras de pensar e agir.
Isso, entretanto, não ocorreu só nos primeiros
tempos depois da Codificação. Ainda hoje temos de estar atentos quanto à ação
desses "espíritas de contrabando" que tem sempre uma palavra de crítica
ou de censura aos homens que dirigem organizações espíritas, apontando-lhes
deficiências, ressaltando pretensos erros pelos mesmos praticados, enfim,
transformando-se em severos censores da obra alheia, sem que, por seu turno,
cooperem eficazmente para a difusão e exemplificação dos princípios doutrinários.
Conhecemos alguns desses "espíritas
exemplares". São ativos no apontar faltas alheias e relembrar os deveres
de cada um de nós em face da Doutrina. Já nos curvamos humildemente ante esses censores,
quando lhes reconhecíamos o acerto de observações oportunas. Depois, entretanto,
percebemos que, a par disso, tais censores não são rigorosos com as próprias
atitudes. Tal farisaísmo lamentável os induz a um procedimento ardiloso, por
meio do qual puxam as brasas para as suas sardinhas, deixando fora do calor as
sardinhas alheias... Beneficiam-se clandestinamente fazendo chantagem com a Doutrina.
Um dos deveres elementares do bom espírita
é respeitar as leis e os regulamentos vigentes, quer no País quer nas
instituições de natureza privada, considerando que regulamentos e leis foram feitos
para observância coletiva e pessoal, mas não se destinam ao caso particular,
especial de cada um.
Temos um caso concreto dessa natureza: certa
pessoa, sempre pronta a invocar as obrigações espíritas dos confrades que para
ela se achem fracos, infringe essas obrigações com a maior naturalidade, afim
de satisfazer a meras conveniências pessoais.
Se algum correligionário não concorda com o
seu desapreço a direitos de outrem que restrinjam de algum modo a expansão de
seu arbítrio, logo ela se mostra surpreendida com ela com a "falta" de
tolerância cristã de quem não cedeu por mais tempo aos inconvenientes de seus
abusos, previsto, aliás, por determinados regulamentos locais.
Estamos citando o fato, não como reprimenda
a essa pessoa, sem orientação definida no campo religioso, mas para que aqueles
que porventura nos lerem cheguem à convicção de que ela, desse modo, prejudica
principalmente a si mesma, sem alcançar merecimento algum de um lado e do outro,
podendo até mesmo tornar-se um joguete das trevas.
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