Espíritos Familiares
Emmanuel por Chico Xavier
Reformador (FEB)
Março 1956
No intercâmbio
entre encarnados e desencarnados, deve-se lembrar que a morte nem sempre é
sublimação espiritual, que a mediunidade, em sua expressão fenomênica, não é atestado
de progresso moral definitivo da criatura terrestre e que os problemas do mundo
prosseguem na alma que se transferiu de plano, quando a mente não conseguiu
desvencilhar-se das ilusões da existência física.
Muitos companheiros
atravessam o túmulo, conduzindo consigo paixões e frustrações que lhes
constituem doloroso purgatório na vida espiritual, e muitos médiuns, não
obstante respeitáveis pelas boas intenções em que se inspiram, permanecem
jungidos ao passado inquietante, trazendo faculdades cativas a provas e
angústias pelas quais se redimem.
Desse modo, é
necessário compreender que a palavra dos familiares desencarnados, muito embora
doce e amiga, pelo carinho que traduz, pode conter o envenenado vinho da
lisonja, que, sorvido por nossa leviandade, nos prejudica o soerguimento e a
recuperação.
Indubitavelmente,
não devemos repelir a visita afetuosa das entidades que se nos afeiçoam à alma,
entretanto, é imperioso analisar-lhes a conceituação e verificar-lhes os
propósitos, em confronto com a posição que Jesus reclama de nós, a fim de que
não estejamos embebedados pelo reconforto particular, indesejável aos nossos
verdadeiros testemunhos de regeneração e progresso.
É imprescindível o estado de vigilância
contra todos os convites à vaidade e ao egoísmo que, muitas vezes, se fantasiam de
caridade ou de amor para tumultuar-nos o coração.
Guardemos a correta
atitude do aprendiz do Senhor que não desconhece o sacrifício de si mesmo como
estrada única para a ascensão a que se propõe.
Amemos os nossos
espíritos familiares e agradeçamos a devoção afetiva com que nos acompanham,
contudo não nos esqueçamos de que eles e nós possuímos no Cristo o nosso padrão
de luta; e se ao nosso Divino Mestre foi reservada a cruz como recurso supremo
à celeste ressurreição, estejamos valorosos no aprendizado redentor, abraçando
no sofrimento e no serviço incessante os nossos reais instrutores, no caminho irrepreensível
para a conquista da Vida Eterna.
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