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sábado, 23 de dezembro de 2017

Moisés


Moisés
por Carlos B. de Souza
Reformador (FEB) Outubro 1942
                                            
Sim, Moisés, Elias e João Batista são, um só, o mesmo Espirito encarnado três vezes em missão. Esse Espirito, quando foi Moisés, preparou a vinda do Cristo e a anunciou veladamente: quando foi Elias deu grande brilho à tradição hebraica e anunciou, nas suas profecias, que teria de ser o precursor do Cristo, quando reencarnou em João Batista, filho de Zacarias e de Isabel, foi esse precursor. (Os 4  Evangelhos ou Revelação da Revelação – pág. 497 - Tomo II - 1942).

A história da Terra, até onde puderam chegar as pacientes investigações dos historiadores, é um verdadeiro amálgama de crimes e de tragédias hediondas, que ainda hoje fazem tremer de horror os corações das almas já mais ou menos evoluídas, as mesmas, certamente, que tomaram parte ativa e delituosa nessas infrações às leis humanas e divinas, tomando-se como ponto de apoio, para semelhante assertiva, a sábia lei das reencarnações ou vidas sucessivas.

Quem quer que se dê ao trabalho de folhear a Bíblia Sagrada, contendo o Velho e o Novo Testamentos, verificará, com profunda tristeza, que grande parte dos missionários do longínquo passado incorreram em lamentáveis falências, a começar pela figura inconfundível de Moisés ou Mosché, "o maior vulto do Antigo Testamento, guerreiro, estadista, historiador, poeta, moralista e legislador dos hebreus", segundo a opinião do Sr. Jaime de Séguier (Dicionário Prático Ilustrado, pág. 1578).

Quando contava quarenta anos, teve de fugir para o deserto, por haver assassinado um egípcio que batera impiedosamente num judeu.

Foi a sua primeira queda, a sua inicial falência, prova de que o seu Espírito já havia derramado o sangue humano em suas existências anteriores, não estando ainda liberto dessa tara moral.

Não obstante essa falência, um dia, em pleno deserto, um Enviado de Deus (Espírito de Luz) investiu Moisés (o "salvo das águas" do Nilo) da difícil e humanitária missão de libertar o seu povo da negra escravidão do Egito, conduzindo-o à Palestina.

Possuidor dos mais raros e preciosos dotes mediúnicos, destacando-se os de efeitos físicos, dos quais lançava mão, sabiamente, para infundir o pavor no ânimo dos implacáveis inimigos da raça hebreia, pode enfim Moisés libertar o seu povo, caído na mais baixa prática da idolatria. A viagem do povo hebreu através da aridez dos desertos, vencendo mil obstáculos, inclusive a fome e a sede, só pode ser levada a bom termo, graças aos poderosos dotes mediúnicos do libertador, que também contava, sem o saber, com o auxílio de Espíritos, que do plano astral guiavam ao que na Terra também servia de guia a uma raça bastante sofredora.

Tendo Moisés, no alto do monte Sinai, onde passara quarenta dias, recebido por via mediúnica os dez mandamentos da lei de Deus (o Decálogo), achou que era chegado o momento oportuno de levar a nova lei ao conhecimento do seu povo, que lá em baixo, na planície, livre da presença do seu guia, se entregara a lamentável ato de idolatria, adorando um bezerro de ouro. Ora, o primeiro mandamento do Decálogo condenava terminantemente semelhante prática, muito do agrado do povo egípcio.

Cheio de cólera, vendo que, as suas ordens haviam sido infringidas, o que importava numa prova de indisciplina, Moisés não transigiu com os infratores, ordenando que fossem passados a fio de espada. Não podia ser outra, na época de atraso moral a que nos estamos reportando, a atitude do futuro legislador do dente por dente e olho por olho, esquecido do quinto mandamento do Decálogo, que ordena taxativamente: - Não matarás!

Com essa ordem de morticínio em massa, o grande médium caiu na sua segunda falência, muito pior do que a primeira, quando ainda não havia sido bafejado com as luzes da mediunidade. Pois, não é certo, como o fez sentir Jesus, que "pedir-se-á muito a quem muito se houver dado"?

De grande responsabilidade, portanto, foi a segunda falência moral do libertador da raça hebreia. Caindo em cólera, como caiu, o Espírito de Moisés, médium que era, atraiu para junto de si Espíritos vingativos e sanguinários e, debaixo dessa maléfica influencia, faliu lamentavelmente às vistas do Divino Pai, que é todo Amor, Clemencia e Perdão, justamente para com as criaturas mais taradas e atrasadas, existentes à face da Terra.

Justificando a nossa assertiva, transcrevemos as próprias palavras do Divino Mestre: -"Meu Pai não quer a morte do pecador, mas que se arrependa e salve!"

A darmos crédito à palavra dos historiadores, a figura gigantesca de Moisés terminou a sua missão terrena no alto do monte Nebo, donde pode contemplar, de longe, como último consolo, a terra exuberante de Canaã, que não logrou alcançar, graça que lhe foi negada por ter duvidado da palavra do Senhor, que tão nababescamente o cumulara dos mais raros e preciosos dotes mediúnicos.

Como o Espírito é o único artífice da sua própria evolução moral, não sendo possível realizar, numa só vida corporal, essa mesma evolução, o de Moisés teria fatalmente de voltar à Terra para, reencarnado na pessoa do profeta Elias, desempenhar novas tarefas em prol da humanidade de então.
Pará, agosto de 1942.


Um comentário:

  1. Cabe ressaltar, no bom texto produzido por Carlos B. de Souza, algumas notas dissonantes das encontradas na magistral obra "Os Quatro Evangelhos", codificada pelo emérito J-B. Roustaing, tais como as que vemos assinaladas nos parágrafos 8º, 9º e 10º, mormente o trecho: "o Espírito de Moisés, médium que era, atraiu para junto de si Espíritos vingativos e sanguinários e, debaixo dessa maléfica influencia, faliu lamentavelmente às vistas do Divino Pai...", discordando flagrantemente do exposto no tomo IV da referida obra, quanto à missão que o Pai lhe havia confiado, como segue: "Moisés era, pois, um instrumento humano que, sob as inspirações dos Espíritos do Senhor que o assistiam na sua missão, obrava para que fosse detido o curso de provas que haviam falhado e se cumprissem determinadas expiações, fazendo que os que caíam aos golpes dos levitas sofressem a sorte por eles mesmos prevista e pedida. E, também, procedendo dessa maneira, preparava o futuro. Cada época, tem seus costumes e necessidades." Atenciosa e respeitosamente, um profundo admirador do trabalho realizado por este iluminado site. Abs.

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