sábado, 16 de dezembro de 2017

Censores Inidôneos


Censores Inidôneos
Tibúrcio Barreto (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Janeiro 1965

Allan Kardec ("Obras Póstumas") referiu-se a elementos que se imiscuíram no Espiritismo, dizendo-se "espíritas", mas que jamais se subordinaram à disciplina doutrinária, antes fazendo urna adaptação pessoal da Doutrina, ora aceitando o que não lhes cansava embaraços, ora "esquecendo" o que de algum modo constituía obstáculo a certas maneiras de pensar e agir.

Isso, entretanto, não ocorreu só nos primeiros tempos depois da Codificação. Ainda hoje temos de estar atentos quanto à ação desses "espíritas de contrabando" que tem sempre uma palavra de crítica ou de censura aos homens que dirigem organizações espíritas, apontando-lhes deficiências, ressaltando pretensos erros pelos mesmos praticados, enfim, transformando-se em severos censores da obra alheia, sem que, por seu turno, cooperem eficazmente para a difusão e exemplificação dos princípios doutrinários.

Conhecemos alguns desses "espíritas exemplares". São ativos no apontar faltas alheias e relembrar os deveres de cada um de nós em face da Doutrina. Já nos curvamos humildemente ante esses censores, quando lhes reconhecíamos o acerto de observações oportunas. Depois, entretanto, percebemos que, a par disso, tais censores não são rigorosos com as próprias atitudes. Tal farisaísmo lamentável os induz a um procedimento ardiloso, por meio do qual puxam as brasas para as suas sardinhas, deixando fora do calor as sardinhas alheias... Beneficiam-se clandestinamente fazendo chantagem com a Doutrina.

Um dos deveres elementares do bom espírita é respeitar as leis e os regulamentos vigentes, quer no País quer nas instituições de natureza privada, considerando que regulamentos e leis foram feitos para observância coletiva e pessoal, mas não se destinam ao caso particular, especial de cada um.

Temos um caso concreto dessa natureza: certa pessoa, sempre pronta a invocar as obrigações espíritas dos confrades que para ela se achem fracos, infringe essas obrigações com a maior naturalidade, afim de satisfazer a meras conveniências pessoais.

Se algum correligionário não concorda com o seu desapreço a direitos de outrem que restrinjam de algum modo a expansão de seu arbítrio, logo ela se mostra surpreendida com ela com a "falta" de tolerância cristã de quem não cedeu por mais tempo aos inconvenientes de seus abusos, previsto, aliás, por determinados regulamentos locais.


Estamos citando o fato, não como reprimenda a essa pessoa, sem orientação definida no campo religioso, mas para que aqueles que porventura nos lerem cheguem à convicção de que ela, desse modo, prejudica principalmente a si mesma, sem alcançar merecimento algum de um lado e do outro, podendo até mesmo tornar-se um joguete das trevas.

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