...o homem ficou neste dilema: ou se agarra à
religião dominante, renunciando à razão, ou se lança ao materialismo,
sacrificando a razão a conceitos ilusórios, por falsos.
No
século passado e no começo do século atual, o homem compreendeu que a religião
que lhe ofereciam não tinha base lógica. Assentava-se na ficção ou na realidade
comprometida pela fantasia. Desde que pode examinar cuidadosamente os esteios
dessa religião, capacitou-se de que ela não possuía, evidentemente, base
racional para lhe dar a garantia moral de um futuro melhor. Tudo ou quase tudo
se revestia de um aspecto miraculoso. Partia-se do sobrenatural exagerado para
o misticismo irracional e incongruente. Os crentes, em sua maioria, não eram
verdadeiramente crentes. Tanto assim que, logo aos primeiros embates com o
materialismo, perderam a confiança naquilo que aprenderam desde a infância, e
se transferiram para o materialismo, levando consigo a semente da
incredulidade, desde então semeada no mundo, através da literatura e da poesia
realista (?).
Desde
quando uma dessas religiões abandonou o ambiente santificante em que se
originara, para consorciar-se com a política, sua influência benéfica foi
decrescendo até desaparecer.
Passou
a ser uma religião de tradição. De família em família, de geração em geração,
ela surgia como uma espécie de hábito tradicional. E chegamos, assim, ao que
hoje se vê: figura como a predominante no país, continua amparada por
interesses que não são propriamente religiosos, mas cada vez perde mais
substância, cada vez se vê mais preterida na intimidade dos corações. É a
religião dos lábios, mas não a do coração.
Religião Viva - 5
por Vinélius Di Marco (Indalício Mendes)
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