O
25 de dezembro
Em lugar do seu costumeiro editorial
na primeira página, a revista inglesa "Two Worlds" traz, em Dezembro,
uma transcrição do famoso livro de Sir James Frazer, "The Golden
Bough", sobre as origens das comemorações do Natal.
Sir James acha que a religião
mitraica (adoradores do deus Mitra, da antiga Pérsia) por algum tempo rivalizou
com o Cristianismo. "Na verdade, diz Frazer, o conflito entre as duas
crenças parece ter criado uma pendência que durou algum tempo."
A própria data na qual celebramos o
Natal - 25 de Dezembro - representava no calendário Juliano o solstício do
Inverno e era tida como a Natividade do Sol, de vez que os dias começam então a
se tornar mais longos, enquanto aumenta o poder do astro.
O antigo ritual pagão era algo
espetacular e solene, na comemoração desse dia em que também se relembrava o
"simbólico parto de uma virgem, anunciado em altas vozes à meia-noite.
Essa virgem seria a Deusa oriental que os semitas denominavam a Virgem Celeste
ou Deusa Celeste...”
Ainda segundo Sir James Frazer, os
antigos cristãos estavam tão acostumados com esta celebração que os doutores da
jovem Igreja resolveram, de comum acordo, declarar a festa Natalina cristã na
mesma data da celebração Mitraica, já que nela os próprios cristãos tomavam
parte. De certa forma, o fenômeno se repete hoje, penso eu, pois o Natal
cristão a 25 de Dezembro é tão universalmente reconhecido - e principalmente
comercializado - que até não-cristãos ou agnósticos se veem nele envolvidos,
comprando presentes, enviando cartões de Boas Festas, comemorando, enfim, a
data.
Continuando, Sir James acrescenta
que a origem pagã do Natal cristão é tacitamente admitida por Santo Agostinho,
quando o doutor da Igreja exorta os irmãos de crença a não celebrarem esse dia
solene como os pagãos, homenageando o Sol, mas, sim, aquele que criou o Sol. Da
mesma forma, Leão, o Grande - ainda segundo Frazer -, queixava-se da celebração
do Natal ser solenizada por causa do nascimento de um novo Sol e não pela natividade
do Cristo.
"Dessa forma - conclui a
citação - parece que a Igreja Cristã decidiu celebrar o nascimento de seu
fundador em 25 de Dezembro, a fim de transferir a devoção dos pagãos, ao Sol,
para aquele que foi chamado o Sol do Bem."
Não tenho a obra toda de Sir James
Frazer, que consta de 12 maciços volumes, mas possuo o resumo que ele próprio
escreveu em um volume. Talvez um dia a gente possa dar uma olhada nele, eu e o
prezado leitor de "Reformador".
Trecho de um artigo sob título ‘Lendo e
Comentando’
publicado em Reformador (FEB) Julho 1964
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