sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O 25 de Dezembro


O 25 de dezembro

            Em lugar do seu costumeiro editorial na primeira página, a revista inglesa "Two Worlds" traz, em Dezembro, uma transcrição do famoso livro de Sir James Frazer, "The Golden Bough", sobre as origens das comemorações do Natal.

            Sir James acha que a religião mitraica (adoradores do deus Mitra, da antiga Pérsia) por algum tempo rivalizou com o Cristianismo. "Na verdade, diz Frazer, o conflito entre as duas crenças parece ter criado uma pendência que durou algum tempo."

            A própria data na qual celebramos o Natal - 25 de Dezembro - representava no calendário Juliano o solstício do Inverno e era tida como a Natividade do Sol, de vez que os dias começam então a se tornar mais longos, enquanto aumenta o poder do astro.

            O antigo ritual pagão era algo espetacular e solene, na comemoração desse dia em que também se relembrava o "simbólico parto de uma virgem, anunciado em altas vozes à meia-noite. Essa virgem seria a Deusa oriental que os semitas denominavam a Virgem Celeste ou Deusa Celeste...”

            Ainda segundo Sir James Frazer, os antigos cristãos estavam tão acostumados com esta celebração que os doutores da jovem Igreja resolveram, de comum acordo, declarar a festa Natalina cristã na mesma data da celebração Mitraica, já que nela os próprios cristãos tomavam parte. De certa forma, o fenômeno se repete hoje, penso eu, pois o Natal cristão a 25 de Dezembro é tão universalmente reconhecido - e principalmente comercializado - que até não-cristãos ou agnósticos se veem nele envolvidos, comprando presentes, enviando cartões de Boas Festas, comemorando, enfim, a data.

            Continuando, Sir James acrescenta que a origem pagã do Natal cristão é tacitamente admitida por Santo Agostinho, quando o doutor da Igreja exorta os irmãos de crença a não celebrarem esse dia solene como os pagãos, homenageando o Sol, mas, sim, aquele que criou o Sol. Da mesma forma, Leão, o Grande - ainda segundo Frazer -, queixava-se da celebração do Natal ser solenizada por causa do nascimento de um novo Sol e não pela natividade do Cristo.

            "Dessa forma - conclui a citação - parece que a Igreja Cristã decidiu celebrar o nascimento de seu fundador em 25 de Dezembro, a fim de transferir a devoção dos pagãos, ao Sol, para aquele que foi chamado o Sol do Bem."

            Não tenho a obra toda de Sir James Frazer, que consta de 12 maciços volumes, mas possuo o resumo que ele próprio escreveu em um volume. Talvez um dia a gente possa dar uma olhada nele, eu e o prezado leitor de "Reformador".

Trecho de um artigo sob título ‘Lendo e Comentando’

publicado em Reformador (FEB) Julho 1964

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