Doenças
da Alma
Emmanuel
por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Março 1962
Na
forja moral da luta em que temperas o caráter e purificas o sentimento, é
possível acredites estejas sempre no trato de pessoas normais, simplesmente
porque se mostrem com a ficha de sanidade física.
Entretanto,
é preciso pensar que as moléstias do espírito também se contam.
O
companheiro que te fala, aparentemente tranquilo, talvez guarde no peito a
lâmina esbraseada de terrível desilusão.
A
irmã que te recebe, sorrindo, provavelmente carrega o coração ensopado de
lágrimas.
Surpreendeste
amigos de olhos calmos e frases doces, dando-te a impressão de controle
perfeito, que soubeste, mais tarde, estarem caminhando na direção da loucura.
Enxergaste
outros, promovendo festas e estadeando poder, a escorregarem, logo após, no
engodo da delinquência.
É
que as enfermidades do espírito atormentam as forças da criatura, em processos
de corrosão inacessíveis à diagnose terrestre.
Aqui,
o egoísmo sombreia a visão; ali, o ódio empeçonha o cérebro; acolá, o desespero
mentaliza fantasmas; adiante, o ciúme converte a palavra em látego de morte...
Não
observes os semelhantes pelo caleidoscópio das aparências.
É
necessário reconhecer que todos nós, Espíritos encarnados e desencarnados em
serviço na Terra, ante o volume dos débitos que contraímos nas existências
passadas, somos doentes em laboriosa restauração.
O
mundo não é apenas a escola, mas também o hospital em que sanamos
desequilíbrios recidivantes, nas reencarnações regenerativas, através do
sofrimento e do suor, a funcionarem por medicação compulsória.
Deixa,
assim, que a compaixão retifique em ti próprio os velhos males que toleras nos
outros.
Se
alguém te fere ou desgosta, debita lhe o gesto menos feliz à conta da moléstia
obscura de que ainda se faz portador.
Se
cada pessoa ofendida pudesse ouvir a voz inarticulada do Céu, no instante em
que se vê golpeada, escutaria, de pronto, o apelo da Misericórdia Divina:
"Compadece-te!"
Todos
somos enfermos pedindo alta.
Compadeçamo-nos
uns dos outros, a fim de que saibamos auxiliar.
E
mesmo que te vejas na obrigação de corrigir alguém - pelas reações dolorosas
das doenças da alma que ainda trazemos -, compadece-te mil vezes, antes de
examinar uma só.
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