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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O Pensamento de Hermínio Miranda II



Trecho de um artigo sob título ‘Lendo e Comentando’
publicado em Reformador (FEB) Março 1962

                              ...não vemos como possa haver tanta oposição à ideia de um Espiritismo cristão. A palavra cristão, no transcorrer dos séculos, parece ter adquirido uma nova acepção, transformando-se em rótulo de certas formas de religião ortodoxa, em vez de conservar a sua significação primitiva envolta em doces harmonias espirituais. Ser cristão, hoje, não é o mesmo que foi ser cristão no primeiro século do Cristianismo. O cristão de nossos dias é aquele que aceita determinados conjuntos de ideias mais dogmáticas ou menos dogmáticas e pratica certas formas de ritos rigidamente prescritos e dos quais não se pode desviar, se quer permanecer no seio de sua comunidade religiosa. O primitivo cristão, muito antes de quaisquer dogmas e ritos, era uma criatura de coração simples, aberto às verdades superiores do espírito. O Cristianismo era todo um programa de vida, 24 horas por dia e não meia hora por semana, nos serviços religiosos aos domingos. Com o perpassar dos séculos, burocratizou-se e estiolou-se uma bela forma de culto religioso. Ainda há pouco um amigo, pertencente aos quadros de uma das religiões ortodoxas, me dizia que vai à igreja aos domingos como se fosse ao seu escritório, "bater o ponto" semanal, cumprir uma obrigação burocrática, na qual certamente não põe o seu coração. Poderão dizer-me que, do ponto de vista estritamente ortodoxo, esse amigo é um verdadeiro cristão, com o que não poderei concordar, pois que uma religião que não oferece aos seus adeptos uma satisfação profunda e uma serena tranquilidade espiritual, deixou de cumprir sua finalidade. No entanto, ele aceita e admira os ensinamentos do Cristo...

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