segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Religião Viva - 5


               ...o homem ficou neste dilema: ou se agarra à religião dominante, renunciando à razão, ou se lança ao materialismo, sacrificando a razão a conceitos ilusórios, por falsos.
             No século passado e no começo do século atual, o homem compreendeu que a religião que lhe ofereciam não tinha base lógica. Assentava-se na ficção ou na realidade comprometida pela fantasia. Desde que pode examinar cuidadosamente os esteios dessa religião, capacitou-se de que ela não possuía, evidentemente, base racional para lhe dar a garantia moral de um futuro melhor. Tudo ou quase tudo se revestia de um aspecto miraculoso. Partia-se do sobrenatural exagerado para o misticismo irracional e incongruente. Os crentes, em sua maioria, não eram verdadeiramente crentes. Tanto assim que, logo aos primeiros embates com o materialismo, perderam a confiança naquilo que aprenderam desde a infância, e se transferiram para o materialismo, levando consigo a semente da incredulidade, desde então semeada no mundo, através da literatura e da poesia realista (?).
            Desde quando uma dessas religiões abandonou o ambiente santificante em que se originara, para consorciar-se com a política, sua influência benéfica foi decrescendo até desaparecer.
            Passou a ser uma religião de tradição. De família em família, de geração em geração, ela surgia como uma espécie de hábito tradicional. E chegamos, assim, ao que hoje se vê: figura como a predominante no país, continua amparada por interesses que não são propriamente religiosos, mas cada vez perde mais substância, cada vez se vê mais preterida na intimidade dos corações. É a religião dos lábios, mas não a do coração.

Religião Viva - 5
por Vinélius Di Marco (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Jan 1962

Indalício Mendes 




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