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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

E Roustaing continua...




E Roustaing continua...


            É necessário que nós espíritas vigiemos muito rigorosamente nossas ações para não incidirmos nos erros que costumamos reconhecer em elementos que professam outros credos. O espírito de tolerância, por exemplo, foge sempre daquele que se arroga o direito de descobrir faltas alheias, em defesa de pontos de vista próprios, considerados sólidos e intangíveis por quem os esposa.

            Todas as vezes que um espírita, ou soi-disant espírita, entra num debate sem serenidade nem apego aos fatos, está falseando princípios indeclináveis da Doutrina kardeciana e demonstrando não ser verdadeiramente espírita e muito menos espírita-cristão. Não se deve opinar sem conhecimento real, na comentação de um assunto: "O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá", disse o Codificador. Entretanto, a maioria, senão a totalidade dos que combatem "Os Quatro Evangelhos" ou J. B. Roustaing, não podem, em sã consciência, afirmar haja feito "um estudo sério" da grande e valiosa obra mediúnico-mecânica psicografada por Mme. Collignon. É preciso não confundir simples leitura com estudo, isto é, com "estudo sério", que implica meditação e raciocínio. Para se efetuar "um estudo sério" de determinado assunto, é indispensável serenidade, isenção de ânimo e capacidade analítica.

            Ainda que, por questão de foro íntimo, os opositores de Roustaing não aceitem a ideia do "corpo fluídico" de "Jesus, nem por isso deve "A Revelação da Revelação" ("Os Quatro Evangelhos") ser condenada, uma vez que encerra ensinamentos morais muito preciosos, perfeitamente acatáveis pelos mais exigentes defensores da Doutrina Espírita, segundo a própria opinião de Kardec.

            Lamentavelmente, porém, formou-se, dentro do Espiritismo, uma corrente de negadores sistemáticos de Roustaing, que foi o coordenador de "Os Quatro Evangelhos", corrente essa que, à simples referência do nome ilustre do bastonário de Lião, se inflama, se irrita, se descontrola e se empolga por estranho ódio, esquecendo os preceitos de tolerância, amor e caridade constantes da Doutrina, como se, no Espiritismo, fora possível conciliar esses puros sentimentos cristãos com sentimentos que lhes são antagônicos.

            “O que, porém, não podemos admitir é a pretensão de alguns incrédulos, a de terem o monopólio do bom senso e que, sem guardarem conveniências e respeitarem o valor moral de seus adversários, tachem, com desplante, de ineptos, os que não lhes seguem o parecer. Aos olhos de qualquer pessoa judiciosa, a opinião dos que, esclarecidos, observaram durante muito tempo, estudaram e meditaram uma coisa, constituirá sempre, quando não uma prova, uma presunção, no mínimo, a seu favor, visto ter logrado prender a atenção de homens respeitáveis, que não tinham interesse algum em propagar erros nem tempo a perder com futilidades."   
           
           Estas palavras de Allan Kardec podem ser aplicáveis ao caso...

Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Novembro 1947



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