A
Batalha
Materialista
O
século em que vivemos é do mais requintado materialismo, originando-se daí o
caos em que ora o mundo se debate.
A
não ser o combate franco e decidido àquele flagelo, tudo o mais que se faça
para conjurar a calamitosa situação em que nos
achamos, será em pura perda, não indo além de meros e ridículos paliativos.
A
cultura intelectual desacompanhada da cultura moral, longe de resolver os
problemas humanos, antes os agrava, de vez que acoroçoa as
ambições e cobiças; satisfazendo e fomentando essas e outras modalidades em que
o egoísmo se desdobra.
Não
precisamos mais de desenvolvimento material - diz, com justeza, Calvin Coolidge
-precisamos de mais desenvolvimento espiritual.
Não precisamos de força intelectual, precisamos de mais força moral. Não
precisamos de mais conhecimentos, precisamos de mais caráter. Não precisamos de
mais leis e sistemas políticos, precisamos de consciência religiosa. Não
precisamos, finalmente, de mais valores que vemos, precisamos dos valores que
não vemos.
Poderíamos
acrescentar àquelas oportunas considerações: Não precisamos de mais civilização
de fachada para gratificar a carne e excitar os sentidos, precisamos de mais
justiça, mais sensibilidade e mais realizações que falem à razão e ao coração.
Não precisamos de mais riquezas, precisamos de distribuição equitativa para
aquelas que já existem.
A
mono cultura da inteligência com menosprezo das demais faculdades do Espírito,
é, sem dúvida, de consequências funestas, como os fatos vêm comprovando. Para
tirar a humanidade do abismo em que se precipitou, temos que começar
instituindo o legítimo processo de educar, que, como se sabe, consiste no
desenvolvimento harmônico e regular dos poderes anímicos que todos os
indivíduos possuem em latência. E, atendendo a hipertrofia intelectual do
momento, cumpre focalizar a consciência moral e o senso de responsabilidade que
dormitam nas profundezas da alma humana, tornando-a impassível às puras e
santas vibrações de sentimento.
Às religiões compete, por certo, a sagrada
missão de retirar a centelha divina das espessas camadas de cinza que a
encobrem. Mas, como fazê-lo, se as próprias religiões em evidência também se
encontram envolvidas no miasma materialista? Sim, como conciliar a imortalidade
que proclamam com o desfecho do destino humano circunscrito a uma só
existência? Semelhante dogma é genuinamente materialista de vez que delimita
todas as consequências e resultantes da nossa conduta ao tempo que medeia do
berço ao túmulo, Além de materialista, semelhante postulado é iníquo, visto
como as possibilidades com que jogam os homens no decurso de uma existência não
são as mesmas. Começando pelo fator tempo, verificamos que uns morrem na
infância; outros, na mocidade, sendo raros aqueles que alcançam a velhice.
Quanto às vantagens e às desvantagens, os meios propícios ou adversos, os fatos
atestam que não existe igualdade em suas respectivas distribuições. Como, portanto, sustentar o princípio de
unicidade de existência para decidir dos destinos eternos quando essa existência é efêmera, irregular em sua duração e
vária em suas condições?
Urge,
pois, arrancar os andrajos do velho dogma com que ainda se veste o sistema
educativo generalizado e oficializado em nosso meio.
Ao
Espiritismo toca a tarefa ingente de divulgar e, sobretudo, consolidar na mente
dos homens os ideais imortalistas, os únicos capazes
de tirar o mundo da confusão em que o precipitou o materialismo político, social,
econômico e religioso.
Para
tanto, é necessário criar estabelecimentos de ensino, tais como colégios,
ginásios e educandários, onde a infância e a juventude,
que serão os substitutos desta sociedade adúltera e materialista, possam
educar-se nos moldes da escola e da ética cristãs.
Só
assim cairá a bastilha materialista, na qual a humanidade se acha encarcerada.
(Pedro de Camargo) Vinícius
Reformador (FEB) Outubro 1947
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