Viver
e existir
Comece a viver, amando. Enquanto
Você não doar um tanto de sua própria alma na edificação
daqueles que partilham de sua caminhada na presente experiência reencarnatória,
Você continuará existindo apenas.
Existir, porém, não é viver.
Existimos no mundo por força da Criação Divina.
Não poderemos, entanto,
equiparar-nos aos vegetais e aos animais que desfrutam conosco a escala
zoológica apenas num degrau inferior, simplesmente desfrutando um lugar ao sol.
Somos chamados a desenvolver-nos em
sentido maior. Deveremos criar, também, à nossa volta.
Criar, contudo, apenas no sentido de
conforto físico não nos faz melhores que um joão-de-barro, que também edifica a
sua própria casa; ou que uma serpente que apropria o seu covil. Certo é que
nossas obras poderão ser mais sofisticadas, já que utilizamos os apêndices que
a Providência Divina nos oferece por braços e mãos e a imaginação que
desenvolvemos no curso de milênios de busca do bem-estar.
Nossa criação deve tender para o
sublime.
Serão os bens do campo da alma -
únicos que não se destroem com o tempo e nem podem ser tomados indebitamente,
já que ninguém manuseará o que somos na intimidade do ser.
Integremo-nos na ação divina. O
mundo precisa de nossa colaboração, a fim de dinamizar o seu panorama
espiritual, para crescer no sentido da própria vida, sem que sejamos
semelhantes a parasitas que sobrevivem da seiva alheia.
Quanta insatisfação - por lutar
contra a nossa natureza.
Quanta frustração - por
alimentar-nos de ilusões.
Quanto egoísmo - por sermos tardos
de afeto.
Quanto orgulho - por não medir o que
ignoramos.
Quanta angústia - por existir sem
viver.
Uma percentagem arrasadora de nossos
sofrimentos pode ser imputada a essa atitude de ausentes da vida, já que nos comprazemos em apenas existir e
proclamamos a existência qual se fora a própria vida.
Só o amor faz-nos nascer para a
Vida.
Estamos, quase todos, num longo e
moroso processo de gestação espiritual, ignorando a real luz de nosso mundo,
porque preferimos existir embrionariamente, fugindo da delivrance maior.
Integremo-nos com nossos
semelhantes. Sirvamos sempre. Aprendamos a viver, aprendendo a amar.
por Frederico Telles
in ‘Reformador’ (FEB) Março 1974
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