Pesquisar este blog

sábado, 14 de abril de 2012

A Grande Crise


A
Grande 
Crise

            Todo mês de janeiro é ocasião de as criaturas se reconhecer em seres em comunhão no seio da humanidade. O fogo de palha da fraternidade convencional se alastra pelo mundo, e aluviões de mensagens transportando os mais variegados votos de paz, de venturas e de prosperidade cruzam os mares, os espaços, as fronteiras e as barreiras linguísticas.

            No fundo, é verdade, todo mundo recebe a aproximação de um novo ano com renovadas esperanças de que seja ele o materializador de velhos anseios destilados nas retortas dos inveterados alquimistas, que continuam a sonhar com a transformação deste planeta numa estância de ouro e prata rosada. Tal aspiração, difusa na alma humana, é bem o sinete de sua origem divina. Mas, por não se dar conta desta verdade, o homem inverte os
polos do problema e, em vez de arquitetar sonhos em termos de perenidade, converte os meios transitórios, que lhe são confiados para conquistas definitivas, em instrumento de satisfação imediata, fugaz e ilusória. Daí a contradição inexplicável: quanto mais persegue a paz, ou faz promessas e projetos de concórdia universal, mais se espalham pela Terra a convulsão, a violência, a guerra,

            Os homens, subjugados pelas comodidades obtidas com os avanços tecnológicos, se deixaram dominar pelo epicurismo e o utilitarismo e, embriagados com as beberagens fornecidas por um Cristianismo sem Evangelho, vivem segundo fórmula abstrusa, crentes, no entanto, de que seguem o caminho da salvação: proclamam-se espiritualistas, mas exibem padrões do mais requintado pragmatismo materialista.

            Não é preciso ser dotado de dons proféticos para pressentir que tais caminhos são impraticáveis. Há que mudar de rumo, é imprescindível mudar. Mas, até agora, mesmo as consequências as mais dolorosas já experimentadas por causa dessas ilusões não têm conseguido demover ninguém.

            Diante desse panorama, não resta senão atentar para as predições contidas nos Evangelhos, referentes àqueles «tempos em que, por abundar a iniquidade, a caridade de muitos esfriará». Aqueles tempos - já chegados, conforme asseveram as vozes do Céu - em que se dará a «separação dos bodes e das ovelhas» e os quais, nas palavras do próprio Cristo, só serão abreviados por causa dos eleitos.

            A grande crise, portanto, é  inevitável. Ela é, na verdade, o grande remédio contra os males que infestam a humanidade. E os espíritas, por tudo o que já compreendem, e pelo muito que já receberam, devem se preparar, sem pânico e sem se deixarem impressionar com os arroubos dos presságios catastróficos, para serem os focos de sustentação do equilíbrio emocional da humanidade, diante da profunda transição que se aproxima.

Editorial do Reformador (FEB)  em Jan 1974


Nenhum comentário:

Postar um comentário