Cuidado!
O Inimigo!
I. Pequeno (Antônio Wantuil)
Reformador (FEB) Fevereiro
1944
Quando os espíritas afirmam que a religião dominante no
País, atualmente, é o Espiritismo, muitos, que desconhecem por completo o seu
desenvolvimento, que se efetua silenciosamente, sem foguetórios, sem bandas de
música e sem qualquer ostentação, supõem que a nossa afirmativa ainda está
longe da realidade; todavia, continuamos a asseverar, com bases reais, que o
Espiritismo, nos dias que correm, não só é a religião dominante no País, mas,
também, aquela que conquistará a totalidade dos brasileiros, porque fala à
razão, à ciência e à fé, revivendo e documentando, com fatos, todos ensinos, versículo
por versículo, anunciados pelo Cordeiro de Deus, pelo Cristo e Senhor-Nosso.
Constantemente nos são enviados, de todos os pontos do
Brasil, artigos em que o clero, apesar da sua excelente organização política,
de uso interno e externo, confessa que o Catolicismo vai desaparecendo dos
lares, Substituído pela “praga” do Espiritismo. E confessam mais, porque,
afirmando que o povo é ignorante, confessam, inadvertidamente, que o clero, em
quatrocentos anos, nada fez senão viver dessa ignorância, que eles, os
Vigários, sempre se esforçaram por conservar entre as suas ovelhas, para dela
se aproveitarem.
Esquecem-se, no entanto, de que homens de elevada
cultura, e de completa independência social, já fazem parte desse imenso grupo
de construtores de asilos, de orfanatos, de abrigos, de creches e de hospitais.
Assim, para os que ainda duvidem, transcrevemos do jornal
católico – ‘A Voz de Santo Antônio’,
de Petrópolis, número de dezembro de 1943, da autoria do reverendíssimo padre
Ascânio Brandão, o seguinte artigo:
“CUIDADO! O
INIMIGO!
O
espiritismo e o Círculo Esotérico do Pensamento, irmãos gêmeos, vêm causando no
Brasil tanto mal, tanto mal, que nem sei aonde chegaremos.
Nosso
país, está povoado com estatísticas desoladoras, é um dos maiores centros do
espiritismo mundial.
Como
disse o nosso Tristão de Ataíde, agora, sim, t;
que o “mundo se curvou ante o Brasil.”
Triste
glória! Dura realidade!
E a
propaganda espírita é intensa, metódica, ativa em toda parte, até nos vilarejos
mais pobres do sertão.
Há
nos espíritas um zelo diabólico, um proselitismo de uma audácia incrível. Não
perdem ocasião. Empregam todas as armas, mas a imprensa, e principalmente a
imprensa, é que lhes merece mais carinho.
E tudo com cores sedutoras,
explorando miserável e vergonhosamente a credulidade de nosso povo tão simples
e de tão má fé! Como isto me dói n’alma:
Num
país sem clero, e consequentemente de organização católica deficiente, que
fazer?
Ah! Mas
não podemos e não devemos cruzar os braços! ... É um crime! O doce e sorridente
otimismo de nossos católicos não quer acreditar na propaganda espírita, não reage,
não tem espírito de propaganda e de apostolado. Contenta-se com as devoçõeszinhas
de oratório, com a Sua lrmandadezinha idolatrada, e ... a Igreja se arrume com
seus inimigos!
Combater
o espiritismo...
- Que
intolerância!
- Os
espíritas rezam e creem em Deus...
-
Posso ser católico e espírita...
É o
que se ouve a cada passo. Estúpida ignorância!
Ignorância
funesta, que acaba levando às práticas do espiritismo centenas de família
católicas, O espiritismo explora o sentimentalismo do brasileiro, a sua boa-fé
e coração generoso.
É, em
nome da caridade, do amor, da luz, da bem-aventurança e até dos santos mais
queridos e populares entre nós que o espiritismo prega a sua doutrina e ganha
prosélitos.
Corre
por ai uma enxurrada de livrecos, de orações e preces espíritas, de folhetos e
revistas, que na verdade impressionam e entristecem a quem tem um pouco de zelo
pelas almas e amor à Santa Igreja!
Nos
bairros operários das grandes metrópoles civilizadas, a par da propaganda
bolchevista, há a propaganda espírita!
Exagero?
- Percorrei casa por casa, tende cuidado de visitar os cortiços e bairros operários!..
As
revelações serão dolorosas! A realidade vos fará tremer!
E por
quê deixamos assim que o espiritismo domine e se propague? Por que?
Porque
nossas devotas se contentam com o seu terçozinho de madrepérola em genuflexório
de veludo e com os sermões literários, e a piedade elegante. São incapazes de
uma obra de caridade pelo operário que sofre, não se abalam da sua fidalguia
para descer até aos casebres humildes e dar a esmola de um pão ou de um sorriso
ao desgraçado!
É
verdade, consola-nos ver tantas senhoras da alta sociedade, almas
verdadeiramente piedosas, que sabem se inclinar à miséria e têm almas de
apóstolo, mas creiam, são raríssimas exceções!!
Porque...
enquanto o espírita fanático toma os seus livrecos, folhetos, revistas e preces
e vai de casa em casa propagá-los com uma tenacidade e perseverança incríveis,
o católico devolve o jornal católico, nega-se a ajudá-lo, murmura da boa
imprensa, rasga as folhas de propaganda como papéis inúteis, e nunca se dá ao
trabalho de oferecer aos amigos boas leituras e instrução religiosa. Em matéria
de imprensa e de vocações... Nem é bom falar!
Os
nossos métodos de apostolado têm graves defeitos. Desperdiçamos energia,
falta-nos unidade de vista, disciplina, enfim “ação católica”...
O
espiritismo se propaga, estamos já cansados de o saber, pela grande, a incrível
ignorância religiosa do nosso povo.
Demos
ao povo a má imprensa! Que os filhos das trevas nos ensinem. Aprendamos do
protestante, do espírita, a fazer propaganda!
Imprensa
contra imprensa!
De
nada vale gritar, clamar, discutir, passar descompostura no espiritismo...
Vamos
aos fatos.
Imprensa
contra imprensa! Jornal contra jornal! Livro contra livro! Catecismo, muito
catecismo ao povo, um olhar para os humildes, um olhar de caridade, de
proteção, de socorro!
A
caridade cristã e boa imprensa nos livrarão da praga do espiritismo.
Armas
contra armas!
Pe
Ascânio Brandão.”
Aí tem os nossos leitores o artigo do distinto sacerdote,
elemento de destaque do clero nacional, a repetir os mesmos discos da vitrola
dos países “católicos”, com os seus conceitos, verdadeira confissão da falência
espiritual, e de temores de falência material, da sua Igreja.
Não há dúvida de que o reverendo tem razão. O Espiritismo
domina; e domina porque o
povo já possui escolas,
colégios e ginásios, que o retiram daquela prisão que o encarcerava no
"quod quid absurdum".
Temos pena do ilustre sacerdote; no entanto, ao invés de
se queixar dos espíritas, deveria “queixar-se ao Bispo”.
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