Bezerra de Menezes
A ciência
mundana
Bezerra
de Menezes
Reformador (FEB) 1º de Julho de 1918
Em um agrupamento
espírita que funciona em casa de distinta família, em Botafogo, frequentada por
um lente da Faculdade de Medicina, antes de uma das últimas sessões
conservava-se sobre a lei das vidas sucessivas, assegurando o médico e professor
poder provar a reencarnação cientificamente positivada em livros que possuía.
Aberta a sessão, o médium A. L. recebeu a seguinte comunicação
escrita:
“Paz e humildade”.
Como é difícil reunir na Terra essa condição
da alma e essa virtude que lhe é inerente!
Na Terra o homem vive continuamente em luta com os preconceitos do meio social
e não quer submeter-se ao cadinho do estudo em que ele precisa curvar a cerviz
à verdade, quando ela lhe vem tolher as suas aparições à superioridade.
Todos querem ensinar,
poucos se submetem à aprendizagem. Os mais ousados são os que melhor querem
dominar as consciências e os outros, os que ainda procuram algo para satisfazer
as aspirações da inteligência, veem descontentes com o que lhes surge de novo
no campo das especulações científicas, porque essas novas teorias vem
controverter aquilo que eles aprenderam nos livros legados por outros pseudo
mestres.
Entretanto, o livro da eterna Verdade
– o Evangelho cristão – repositório infinito da ciência e da moral, de
filosofia e de amor, de virtude e de luz – esse é posto para o segundo plano
nas livrarias dos institutos acadêmicos, para deixar que sejam só abertas as
páginas dos compêndios da ciência mundana.
Ciência
mundana, sim, que é como se se dissesse inconsciência mundana porque todos os
tratados e compêndios, todos os infolios
(Folhas dobradas em uma encadernação) onde os míseros sábios da Terra pretenderam encerrar
teorias contraditórias ao pensamento do Mestre dos mestres, não pode edificar o
homem moderno, torna-lo feliz, libertá-lo dessas terríveis amarguras e
pesadelos em que ele se debate no doloroso instante porque a Terra passa. Esses
mesmos, que não quiseram capitular para virem humilde e passivelmente buscar,
sem ânimo preconcebido, a verdade espiritual, não se amoldaram ao feitio de que
se deve revestir o verdadeiro apóstolo em busca de melhor orientação para a sua
vida futura.
Negar
a alma, a sua sobrevivência, a sua nova volta ao mundo através da carcaça da
carne, e destruir o único elemento de convicção sobre a justiça e a bondade de
Deus, pois que só um novo estado, numa nova posição, num novo meio, numa nova forma
de trabalho, de desenvolvimento, de atividade, de conquistas pela fortuna ou de
lágrimas pela miséria pode o homem, atualmente indeciso, desejoso de algo
melhor e mais confortador - pode o homem ter a explicação incontestável, perfeita,
absoluta, racional, mesmo da razão da sua própria existência.
Oh, meus irmãos e amigos! Crede em Deus, mas crede-o
assim perfeito na sua sabedoria, como perfeitas são as suas leis admiráveis, sublimes,
magistralmente concebidas!
De mais, se tivésseis de negar uma só
de suas leis, admiravelmente reveladas pelos seus magníficos emissários,
teríeis de negar todas. Da harmonia do conjunto dessas leis solidárias e perfeitas,
depende a harmonia dos seres e dos mundos, e nenhuma lei é mais de molde a
impressionar a retina espiritual do que a da reencarnação – perfeito símile da
grandeza, da bondade e da justiça do Criador, Sim, de nenhuma outra forma de
argumentação pode, nem esclarecer, nem adoçar a alma, do que essa que o próprio
Jesus deixou vagamente entendida no ensino sobre Elias vindo na forma de João
Batista.
Que mais
quereis, estudantes do Evangelho, de claro e perfeitamente e legitimamente
demonstrado? Acreditais no Evangelho? Então crede no ensino ali consagrado. Não
credes em Jesus? No Grande sábio, no único sábio? Então crede no ensino
lamentai-vos, mas não o negueis nem às leis que Ele nos trouxe, para não aumentardes
a vossa amargura, o vosso desânimo, direi mesmo a vossa amargura, o vosso
desânimo, direi mesmo a vossa infelicidade, pois bem infeliz é aquele que
duvida de Jesus!
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