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Ao grupo de fenômenos que acabamos
de relatar, exceção feita dos casos do abade Grimaud e do médium James,
poder-se-á opor a objeção de que falta o sinal de identidade dos manifestantes.
Preferimo-los, contudo, entre vários outros, pelo seu cunho de intelectualidade,
muito acima dos conhecimentos pessoais dos médiuns com cujo concurso foram
produzidos, e por nos parecer que são os fenômenos dessa ordem que melhor atestam
o fato da sobrevivência, não podendo ser interpretados, como, os de efeitos físicos,
por uma exteriorização da força nervosa ou psíquica dos médiuns, conforme a
denominação que lhe queiram, como o tem pretendido, dar observadores parciais.
Mas os casos de manifestações com
esse desejado sinal de identidade iniludível são numerosos, registrados na literatura
espírita - livros e revistas - de todos os países, só nos restando o embaraço
da escolha.
A fim de não alongar demasiadamente
a documentação que nos propomos, acreditamos bastarque mencionemos os
seguintes, extraídos da obra de Léon Denis, já indicada. No INVISIVEL -
ESPIRITISMO E MEDIUNIDADE, cuja leitura será de sumo proveito a todos os
estudiosos.
Refere ele (págs. 391) :
"Entre esses numerosos fenômenos (de
identidade), pode recordar-se o caso relatado no LIGHT de 27 maio 1899, e
devido à mediunidade de Mrs. Bessie Russell-Davies, de Londres:
"Um pedido de prova de
identidade, formulada por pessoas ligadas à corte de Viena, havia sido endereçado
a essa senhora. As perguntas estavam encerradas num invólucro lacrado, que se
conservou intacto. Depois de alguns dias de investigações, o guia voltou com
cinco espíritos, que ditaram uma resposta em idioma desconhecido. Feito o
exame, reconheceram os interlocutores que essa língua era o antigo magiar,
idioma unicamente conhecido de alguns eruditos. A resposta estava assinada por
cinco personagens que tinham vivido dois séculos antes e eram membros falecidos
da família húngara que solicitara esse testemunho.
Outro facto, (1) extraído da obra
SPIRITUALISM, ITS PHENOMENES, do publicista americano Watson.
(1) Obra cit., págs. 392.
"Tinha Watson recebido uma comunicação
assinada por seu amigo. o general Th. Rivers. Segundo o costume inglês, o
general apusera as iniciais de seus nomes próprios, entre as quais figurava um
W. Ora, nenhum de seus nomes próprios admitia
essa inicial. Por escrúpulo e respeito á verdade, Watson havia publicado essa
assinatura sem modificação, mas a contragosto e não sem alguma desconfiança,
que certas particularidades da missiva parecia deverem dissipar . Os contraditores
da imprensa não perderam a ocasião de denunciar o erro, metendo a ridículo esse
espírito que não sabia o próprio nome.
Entretanto, no curso de uma outra sessão o
mesmo espirito confirmou aquela inicial, dizendo que sua mãe daria a
explicação. A mãe, interrogada, respondeu que o W era um engano. Logo, porém, interveio
o espírito, que disse: "Tu achas singular, minha mãe, que eu assine um W; lembra-te,
entretanto, de que, em minha infância eu era tão irritadiço que meus
companheiros me chamavam "Wasp " (vespa ) . Esse apelido me ficou ;
eu o havia adotado e com ele assinava minhas composições. Repara nos meus
cadernos e nos meus livros escolares, e neles o encontrarás." Assim se fez
e ficou verificada a exatidão do que o espirito afirmara."
O seguinte fato foi em primeiro Iugar
divulgado na REVISTA DE ESTUDIOS PSICOLÓGICOS, de Barcelona (setembro de
1900),' acompanhado de documentos comprobatórios (1):
(1) Mesma obra, pág. 392-393.
"Três pessoas, um professor de matemáticas,
um médico e um eclesiástico, haviam pedido ao Sr. Segundo Oliver, médium desinteressado,
que lhes fornecesse provas da realidade dos espíritos. Após um instante de recolhimento,
a mão do médium traçou mecanicamente as seguintes palavras: "Izidora, 50 anos
de idade, nascida em San Sebastian, morta a 31 de março de 1870; moléstia cancro
Intestinal; deixou três filhos ; seus nomes e idades: P., 15 anos, C., 19 anos,
M., 25 anos."
"Por esses pormenores um dos
assistentes reconheceu o espírito de sua mãe. Surpreso e comovido, perguntou se
ela tinha alguns conselhos a dar-lhe. O médium retomou o lápis; com grande
estupefação, porém, traçou em alguns minutos o retrato de uma pessoa que lhe
era desconhecida e no qual foi reconhecido o espírito de Izidora, que em vida jamais
consentira em se fotografar. O médium nunca aprendera desenho nem sabia desenhar.
Todos os assistentes declararam que não tinham pensado em coisa alguma do que fora
escrito e que não podia haver, portanto, um fenômeno de sugestão nem de leitura
de pensamento."
Não já pela escrita automática, mas
pelo fenômeno de incorporação denominado trance,
foi obtida ainda uma prova de identidade, consignada no RELATÓRIO SOBRE O ESPIRITUALISMO
apresentado à Sociedade Dialética de Londres pela comissão para esse fim
expressamente nomeada, prova atestada por um Sr. T. Simkiss e assim reproduzida
na mencionada obra (págs. 397).
"Há dezesseis anos, achando-me em Filadélfia
(América), não acreditava na vida futura e considerava o Espiritismo a derradeira
farsa americana. Fui
ver Henry Gordon, médium afamado. Logo que entrei em seu salão, caiu ele em trance e de seu corpo pareceu se apossar
algum agente inteligente, que lhe era estranho. Estendeu-me ao mesmo tempo a
mão, dizendo rapidamente : "Tom, como vais? Sinto-me feliz por te ver
aqui; eu sou teu velho amigo Michael C." Em seguida, após um silêncio:
"Eu e alguns outros te incitamos a vir aqui, para te dar provas da imortalidade,
que tu não queres admitir." Michael C. era um de meus amigos de colégio,
morto havia mais de três anos.
"Eu estava na América apenas há seis
dias e me sentia absolutamente estranho nesse meio. Não pronunciara diante de
pessoa alguma, na América, o nome ele Michael C. e nem sequer tinha pensado nele,
desde muitas semanas antes daquele dia. Michael C., por intermédio de Henry
Gordon, me recordou diversos incidentes de natureza privada, que me deram a
inteira convicção de sua personalidade. - T. SIMKISS."
Rematemos esta documentação com o
seguinte caso testemunhado pelo doutor Moutin, presidente da Sociedade Francesa
de Estudo das Fenômenos Psíquicos, e por ele comunicado à REVUE SCIENTIFIQUE ET
MORALE DU SPIRITISME (março de 1901) :
"Em 1884, em Marselha, durante a
epidemia de cólera, assisti aos últimos momentos de uma de minhas parentas, que
fora acometida e sucumbiu dentro de algumas horas. Antes de morrer, quando já não podia mais
falar, quis me comunicar alguma coisa, que eu acreditava importante, a julgar
pelos seus gestos de desespero. Fazendo por fim um derradeiro esforço, articulou
ela duas vezes a palavra "espelho," indicando com a mão o que ornava
o fogão de seu quarto.
"Seu marido, o Sr. J.,
estava no mar, nessa ocasião. Informado do ocorrido em seu regresso, e sabendo
que a falecida tinha a mania de esconder o dinheiro um pouco por toda parte,
não vacilou em retirar a parte posterior do espelho, mas sem resultado.
"Quinze meses mais tarde,
assistindo eu a uma sessão em casa da Sra. Decius Deo, em Avignon, à rua dos Mercadores,
e estando essa senhora em trance, o
espírito da Sra. J. por sua boca me falou, chamando-me por meu nome próprio,
que o médium certamente mão conhecia: "Luciano, venho dizer-te o que te
não pude comunicar
antes de minha morte. Eu tinha colocado um título de 500 francos da Companhia
Fraissinet entre o vidro e o fundo do espelho que está na cozinha. Meu marido
vai se mudar e vender talvez esse objeto. É preciso preveni-lo."
"Escrevi ao Sr. J., que deu a
necessária busca e achou o titulo no lugar indicado."
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