O Escândalo, o Perdão e a Fé
17,1 Jesus disse também a seus
discípulos: “- É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem
eles vem!
17,2 Melhor seria que se lhe atasse, em volta do pescoço, uma pedra
de moinho e que fosse lançado ao mar, do que levar para o mal um só destes
pequeninos. Tomai cuidado de vós mesmos.
17,3 Se teu irmão pecar,
repreende-o; se se arrepender, perdoa-lhe!
17,4 Se pecar sete
vezes no dia contra ti e sete vezes no dia vier procurar-te dizendo: Estou
arrependido... perdoar-lhe-ás.”
17,5 Os apóstolos disseram ao Senhor: -Aumenta-nos a fé!
17,6
Disse o Senhor: “- Se tiverdes fé do
tamanho de um grão de mostarda direis a esta amoreira: Arranca-te e
transporta-te ao mar, e ela
vos obedecerá!”
“Que é a fé? Que é a prece? Que é o
jejum? Em que consistem este a aquelas?
Disse Jesus: Se puderes crer, todas as coisas são possíveis àquele que crê.
Cumpre notar que, dizendo isso, o
Mestre falou figuradamente, como, aliás, de ordinário, sucedia. Mas, dentro da
figura de que usou, está a verdade. Efetivamente, que prodígios não pode a fé
operar? Que é o que não consegue essa
alavanca prodigiosa, essa força motriz incoercível, esse calor fecundante, que
dá à alma a essência pura da crença, sem sombras, na existência de Deus, no seu
amor e na sua misericórdia infinitos, que a faz librar-se às regiões luminosas
do espaço e subir até ao seu Criador, sem mesmo perceber como e por que sobe.
A fé
consiste na confiança absoluta, sem a mais ligeira dúvida, sem definir-se e
quase incompreensível para nós outros, pobres pecadores de todos os instantes,
cheios de imperfeições e fraquezas.
Dizemo-la incompreensível para nós
outros, porque, propensos a considerá-la apanágio somente de Espíritos
elevados, por verificarmos que, nas ocasiões em que mais necessária nos é, ela
nos falece a nós que a todos instantes recebemos provas da bondade e misericórdia
extremas de Nosso Senhor Jesus Cristo; que estudamos e aceitamos, com lágrimas
de reconhecimento, as lições por Ele dadas e exemplificadas até ao cimo do
Gólgota, vemos, no entanto, que, noutros irmãos, menos aparelhados de outras
virtudes, ela é forte, esclarecida e sábia, como deve ser em todo cristão,
segundo ensinam os Evangelhos.
A verdade, porém, é que:
àquele que crê, todas as coisas são possíveis, por isso que em torno
dele se grupam os Espíritos do Senhor, para assisti-lo.
À fé se alia sempre à esperança e ambas se
desdobram em caridade.
Não tendo ainda os
nossos corações bastante abertos para agasalharmos essas virtudes,
esforcemo-nos, pelo estudo, pela meditação dos ensinos e exemplos do nosso
Salvador e dos seus apóstolos, por fortalecê-los em nossos espíritos,
aprendendo a pedir somente o que possa ser de justiça aos olhos de Deus.”
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