As novas “descobertas” dos negadores do Espírito
Vinélius Di Marco (Indalício Mendes)
Reformador
(FEB) Agosto 1974
O
Espiritismo tem mantido admirável
posição de serenidade diante dos velhos adversários, que repetem sempre as
mesmas frivolidades, à guisa de combate, com a
coragem renitente de um D. Quixote irritado com
os moinhos de vento, despreocupados na sua faina benigna de realizar a metamorfose do
trigo em alvinitente farinha.
Os
parapsicólogos conseguiram ficar na moda, reproduzindo o sucesso inicial da
Metapsíquica, que “não encontrava uma
saída ou uma fórmula para desbancar o Espírito, e havendo muitos metapsiquistas de feição espírita, o nome ficou
desacreditado. Criou-se então outro nome; deram jeito à Ciência, por maneira a crer-se que
tudo isto que se tem como proveniente de mortos não passa de projeções do inconsciente”. Isto foi escrito pelo sempre lembrado confrade Carlos Imbassahy.
Os
novos metapsiquistas, que se denominam parapsicólogos, também não querem saber
do Espírito, porque inventaram que a mente e o inconsciente realizam
espetáculos mais agradáveis ao gosto moderno.
Não
faz muito tempo, apareceu nas livrarias o volumoso livro de bolso “Psychic
Discoveries Behind the
Iron Curtain”, de Sheila Ostrander e Lynn Schroeder, e editado
pela “Bantam Books”. O capítulo 16, que começa na
página 20ª, é dedicado à “Kirlian”,
câmara inventada pelo soviético Semyon Davidovich
Kirlian, destinada a fotografar a
aura humana. O jornal carioca “O Globo”, de 9 de
maio último, e o programa “Fantástico”, de 7 de julho, da TV Globo, trataram do assunto,
informando que seria realizado, no Rio e em Niterói, um curso de fenomenologia
paranormal. Quer dizer que a notável descoberta do inteligente soviético já
chegou a estas paragens. Mas ele não sabe se deve considerar-se “inventor” ou “descobridor”.
Talvez essa cruciante dúvida ainda perdure... Semyon Davidovich é um homem prático, mas também um
interessante romântico, pois disse, com a maior seriedade, que o seu “invento” ou “descoberta”
é “uma janela para o desconhecido”. Apenas não revelou o segredo: a janela já
foi aberta, ou permanece fechada? A doutrina marxista é contra o sobrenatural.
O Espiritismo também. Na Rússia, não diremos o povo, em si, mas os dirigentes não
querem saber de nada que possa ter caráter religioso. Por isso, aceitaram a
Parapsicologia, porque nela, segundo os ortodoxos, pelo menos, não há Deus, não
há Jesus, não há alma. Em compensação, tudo isso é substituído pelo poder
mágico da mente. Para eles, a mente não mente, é expressão da verdade
parapsicológica. Mesmo assim, ainda há, na própria Rússia, os que não vão muito
com a Parapsicologia.
Na
questão da aura humana, “descoberta” ou “inventada” por Semyon Davidovich Kirlian, os resultados foram por eles reputados
surpreendentes. Fotografar a aura humana? Como teria sido isso possível? Devem ser essas as
perguntas dos mais infensos aos mistérios do “sobrenatural”. E ainda há quem
duvide que semelhante “descoberta” ou “invenção” tenha sido mesmo realidade.
Nós não podemos duvidar porque a nossa certeza é antiga e consolidada.
Em
1927, o ilustre Raoul Montandon, estudioso suíço que se dedicou apaixonadamente
aos problemas psíquicos, publicou volumoso livro, editado pela Librairie Félix
Alcan, com o seguinte título: “Les Radiations Humaines - Introduction a Ia
démonstration expérimentale de l'existence des corps subtils de l'homme, avec
46 figures dans le texte et 26 planches”. Obra verdadeiramente notável, pelos
estudos do conspícuo autor, aprofunda-se nas experiências realizadas sob
absoluto controle científico, antecipando-se quase meio século das conquistas
soviéticas, até mesmo nas fotografias da aura humana, fotografias comuns, sem
mistério algum, como, por exemplo, as das mãos de M. Majewski, médium curador,
da Sra. Issaeff, do Dr. Bertholet e de outros.
A
bem dizer, não há nada de tão espantoso na “descoberta” ou “invenção” de Semyon
Davidovich. Ele se refere a “campos-psi”, influenciado talvez pela expressão “campos
de força”, usada por certos físicos. O nosso ilustrado confrade Hernani
Guimarães Andrade também já construiu um aparelho para ver e fotografar o
espectro ectoplásmico dos Espíritos, o TEEM (Tensionador Espacial
Electromagnético), com resultados satisfatórios.
E
seus estudos continuam. Trata-se de pessoa idônea, avessa a ruídos em torno do
seu nome, que tem condições para dar ótimas contribuições à ciência pelas
pesquisas que vem fazendo. Apenas uma restrição temos a, lhe opor, com todo o
respeito que ele merece: é o uso sistemático da terminologia parapsicológica.
Não obstante, é confortadora a opinião que desassombradamente sustenta de que
considera a “linha científica do Espiritismo” como “a maior contribuição deste século, obtida por via mediúnica, para a
solução do problema da natureza do homem, hoje tão focalizado pela
Parapsicologia”. Como complemento dessa afirmação, acrescenta: “Fica aqui consignada, a título de registro e
endossada por mim, a seguinte previsão: as obras de André Luiz, psicografadas
por Francisco Cândido Xavier, serão, futuramente, objeto de estudo sério e
efetivo nas maiores universidades do mundo, e consideradas como a mais perfeita
informação acerca da natureza do homem e da sua vida após a morte do corpo
físico” “A Matéria Psi”, editora “O Clarim”, Matão).
Pois
bem. Esse respeitável confrade, tão devotado à ciência, não encontrou ainda
quem, animado do mesmo elevado propósito de desenvolver estudos tão
importantes, pretendesse dar-lhe apoio e colaboração. Suas ligações com
parapsicólogos, por isso mesmo, talvez, tendem a estreitar-se cada vez mais e
um deles, da Belk Research Foundation, informado da construção inicial do TEEM,
aconselhou-o a estagiar em uma empresa subsidiária da NASA, nos Estados Unidos.
Ele, porém, graças a Deus preferiu ficar no Brasil.
O
que o Espiritismo já conseguiu relativamente a provas científicas da realidade
espiritual e mediúnica está muito além da situação que a Parapsicologia
desfruta.
Concordamos
plenamente com Hernani Guimarães Andrade, quando assegura que “os
parapsicólogos estão precisando muito da série ‘Nosso Lar’. E o mundo todo
carece urgentemente das obras de Emmanuel”. Embora não milite, conforme
disse, “nas respeitáveis fileiras do
Espiritismo religioso”, acha ele que os parapsicólogos necessitam das obras
de André Luiz e Emmanuel, cujo conteúdo religioso é inegável. Apanhamos, a
esmo, “No Mundo Maior”, de André Luiz, e abrimos o capítulo V: ‘O poder do Amor’, que é, realmente, um
hino ao amor, que é todo amor, substancialmente amor. Nele encontramos, entre
muitas outras, frases como esta: “O
conhecimento pode pouquíssimo, comparado com o muito que o amor pode sempre”;
“O fundamento da obra divina é de amor
incomensurável”; “Praza a Deus,
André, possamos também aprender a amar, adquirindo o poder de transformar os
corações; “O coração está cheio de poder renovador”.
No
prefácio, Emmanuel, sempre amoroso e terno, pondera: “A missão de André Luiz é, porém, a de revelar os tesouros de que somos herdeiros felizes na
Eternidade, riquezas imperecíveis, em cuja posse jamais entraremos sem a indispensável
aquisição de Sabedoria e do Amor”.
Soviéticos
ou não, nenhum parapsícólogo avançará sem reconhecer a existência e o poder do Espírito, isto é, da Alma, porque a
mente nada mais é do que um atributo, se
assim podemos dizer, do Espírito ou Alma.
Sem
Espírito não haverá mente. O resto é ilusão e confusão. Não se pode pretender
que um materialista ceda ante os fatos irretorquíveis das manifestações dos
Espíritos. Não. Ele engendrará mil argumentos, mil artifícios,
mil sofismas, empregará termos exóticos e complicados, recorrerá a raciocínios enigmáticos,
alongar-se-á em argumentos que a nada conduzirão e concluirá, orgulhoso, que o seu
ponto de vista está certo, desprezando ‘ab-initio’ a mais lúcida e
irrespondível argumentação do contrário. Quando os antagonistas do Espiritismo não invocam o surrado chavão da
fraude, escudam-se no pretexto da mistificação, da sugestão, etc. Os russos
começaram negando fortemente a possibilidade da telepatia. Hoje, resmungando,
já a admitem. Piano, piano si va
lontano...
As
grandes novidades parapsicológicas não nos surpreendem. O tempo se encarregará
de provocar mudanças. O Espiritismo não tem pressa, porque os Espíritos estão a
par das tribulações dos que o negam. Louise Rhine, esposa do famoso J. B.
Rhine, que prefaciou seu livro “Canais Ocultos do Espírito”, depois de narrar
certo fato, teve estas palavras significativas, que grifamos: “Todavia, por outro lado, não é possível
dizer que o morto não tomou parte nessas experiências. Talvez por algum meio
obscuro provocou o sonho. Afinal de contas, seria de presumir desejasse tornar conhecido
a quem teve o sonho o teor respectivo” (página
238). Relutante, embora, e isto é natural, tropeçando no ‘psi’, ela alude a
experiências parapsicológicas em laboratório, considerando: “Essas aptidões ou qualidades, em si mesmas,
são de ordem espiritual, se com este termo exprimirmos o extra físico. Talvez
seja a primeira prova evidente produzida pela idade científica.”
Que
se poderá inferir do que foi dito neste artigo, senão que a Parapsicologia, se quiser sobreviver, terá de ir cedendo,
paulatinamente, a mão à palmatória, reconhecendo, como deixa entrever Louise Rhine, que o
Espiritismo permanecerá incólume às teorias que pretenderem substituir os ensinamentos dos
Espíritos?
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