A tela do Panteão de Paris
Kleber
Halfeld
Reformador
(FEB) Maio 1989
Um
conceito levantado em 1864 por Mesmer (Espírito) teria estreito relacionamento
com a observação feita por André Luiz no século atual, diante de uma tela “idealizada e executada por nobre artista
cristão, numa cidade espiritual muito ligada à França".
Pode
Mesmer (1) ser considerado como uma figura de destaque da
Ciência no século XVIII. Disto é prova o mesmerismo, doutrina
médico-filosófica por ele criada, de grande repercussão não apenas na Europa, quanto em
outros continentes. (2)
(1) Mesmer (Franz
Anton) nasceu em Weil (Áustria) em 23-5-1733. Desencarnou em Meesburg (Suíça) em 5-3-1815. Seu trabalho
"De Planetarium Influxus" foi motivo de muita polêmica no meio
científico da época.
(2) Tão
conhecido ficou o mesmerismo que com o tempo passou o termo a ser usado por
vários escritores de projeção. Camilo Castelo Branco em sua obra "Onde
está a felicidade?", Capítulo 14, página 12, tem uma expressão curiosa:
- Tu estás sendo para
mim um homem de cristal: vejo-te, sem a vista dupla do mesmerismo, as menores
operações do espírito.
Como
todo inovador, enfrentou Mesmer um meio hostil, bastando lembrar que em sua
época fenômenos hoje catalogados como psicológicos pela Medicina, mas que os
classificaríamos - muitos deles - como mediúnicos, não eram ainda reconhecidos
como suscetíveis de estudo científico.
Em
síntese, o mesmerismo estabelecia a existência de um fluido específico, o
célebre magnetismo animal. Em decorrência desse fluido, influências recíprocas
seriam exercidas entre os corpos celestes, a Terra e os corpos animados,
inclusive o ser humano.
Explicava
Mesmer que esse fluido teria extraordinárias propriedades: seria comparável ao
magnetismo dos ímãs e estaria universalmente difundido. Era contínuo, sutil e
naturalmente suscetível de receber, propagar e comunicar todas as impressões do
movimento e capaz ainda de vivificar os tecidos doentes, tendo, portanto, ação
largamente curativa.
De
início, objetivando ajudar aqueles que o procuravam, usava Mesmer imãs e varas
metálicas magnetizadas. Dez anos depois, tendo-se relacionado na Suíça com o
padre J. J. Gassner, verificou que este conseguia curar os doentes apenas pelo
contato das mãos. Esta observação levou Mesmer a abandonar seu método,
imaginando que a força oculta que residia nele próprio permitir-lhe-ia curar
também os enfermos. Ao final de certo tempo certificou-se de que as curas poderiam ser
obtidas até mesmo pelo simples olhar!
Decidiu-se,
primeiramente, pela abertura de um consultório em Viena, Áustria, desejoso de
melhor provar sua tese. Mas as sessões que realizava com os clientes não
duraram muito tempo: descoberto seu trabalho, a polícia deu-lhe um prazo de 48
horas para deixar a Capital austríaca. Contrafeito, dirigiu-se para Spa e
finalmente para Paris, onde em pouco tempo ficariam famosas suas curas.
Durante
toda sua existência foi Mesmer considerado um charlatão.
Pela
Justiça e pela Medicina vigentes.
Tal
acusação, entretanto, não impediu que dezenas de doentes o procurassem diariamente
buscando alívio para seus males. Em vista desse inusitado interesse,
nomeou o governo francês uma comissão de médicos
e membros da Academia de Ciências para investigar os fenômenos que se
desenrolavam nas sessões realizadas por Mesmer. Dois membros dessa comissão,
Franklin e Baillie, elaboraram um longo e minucioso relatório. Admitiam, em
verdade, a existência de muitos fatos, mas contestavam a teoria do médico austríaco relativa à existência
da força denominada magnetismo animal. Atribuíam os efeitos tão-somente às
causas fisiológicas.
Desencarnou
Mesmer, assim, carregando o título de impostor, a ele atribuído impiedosamente
pelos companheiros de profissão.
Afirmam
alguns biógrafos que a utilização do magnetismo animal no tratamento dos
doentes foi o ponto de partida para um escândalo que sacudiria toda a Europa.
Esta
alegação tem um sentido relativo, porquanto o que havia mesmo era uma
premeditada reação por parte de quantos se opunham sistematicamente a toda e
qualquer inovação no campo da terapêutica.
*
O mérito de Mesmer repousa no fato de
que não foi ele apenas o médico preocupado no alívio do próximo; era, também, o
pesquisador que, tendo descoberto horizontes outros além daqueles que a matéria
poderia descortinar-lhe, não se deteve diante do ortodoxismo levantado por seus
adversários.
Seu
trabalho teve duplo direcionamento.
Para
a Medicina, serviram as pesquisas de base para estudos que seriam realizados
pelo abade Faria, por d'Eslon, Bertrand, Husson, Azam e outros. A continuidade
das pesquisas levaria a Humanidade até o neuro-hipnotismo terapêutico de Braid,
o freno-magnetismo de Grimes, a força ódica de Reichenbach.
Sem
mencionar aqui o trabalho de Charcot, quando uma conotação científica seria
atribuída ao hipnotismo.
É
que continha o mesmerismo os germens do moderno tratamento por meios ditos
psicológicos: sugestão, hipnotismo.
Para
o próprio Mesmer, o esforço proporcionou-lhe melhor identidade com o mundo
espiritual, identidade essa tanto mais solidificada quando penetrou ele no
mundo que tanto pesquisara quando encarnado.
Tamanho
foi seu aprendizado no Além, tão dignas de reflexões as teses que elaborou, que
não teve Kardec receio de publicá-las na Revista que dirigia.
Uma
dessas mensagens - "Sobre as Criações Fluídicas" - foi dada ao
conhecimento dos leitores da "Revista Espírita", em seu número de
maio de 1865.
A
matéria fora recebida mediunicamente pelo Sr. Delanne, na reunião realizada em
14 de outubro do ano anterior, na sede da Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas.
A
certa altura explicava Mesmer:
"(...)
O mundo dos invisíveis é como o vosso. Em
vez de ser material e grosseiro, é fluídico , etéreo, da natureza do perispírito, que é o verdadeiro
corpo do Espírito, tirado desses meios moleculares, como o vosso se forma de coisas mais
palpáveis, tangíveis, materiais.
O mundo dos Espíritos não é um reflexo do
vosso; o vosso é que é uma imagem grosseira e muito imperfeita do reino de
além-túmulo. (3)
(3) o grifo deste
parágrafo aparece na "Revista Espírita". Não sei se usado pelo
Espírito quando da transmissão da mensagem ou se colocado por Kardec...
As
relações desses dois mundos sempre existiram. Mas hoje é chegado o momento em
que todas essas afinidades vos irão ser reveladas, demonstradas e tomadas
palpáveis." (...)
Não
acrescentou Kardec qualquer comentário à página de Mesmer.
A
razão era assaz simples.
Não
poderiam ser as expressões usadas pelo Espírito comunicante mais simples e
objetivas. Constituíam, da mesma forma, em alguns pontos, a repetição daquilo
que ele, Kardec, já deixara bem explícito, não apenas na obra basilar "O
Livro dos Espíritos", como através de numerosos artigos de sua autoria,
publicados na "Revista Espírita".
*
Em
1944, a Federação Espírita Brasileira lançava a obra "Os
Mensageiros", a segunda da coleção de André Luiz.
No
Capítulo 16 - "No Posto de Socorro" - encontra o leitor uma das mais
interessantes narrativas feitas por quem, na Terra, à semelhança de Mesmer,
também fizera o juramento de Hipócrates.
A
cena do mencionado capítulo desenrola-se em grande castelo situado num dos
Postos de Socorro de "Campo da Paz". Após terem sido saudados pelo
casal Alfredo-Isnália, André Luiz e Aniceto são conduzidos pelo primeiro ao
interior doméstico. É nessa oportunidade que o autor de "Nosso Lar"
experimenta grande surpresa.
Preocupado
em não tirar qualquer pormenor do relato, transcrevo aqui as expressões que,
aliás, têm correlação com o título do presente trabalho:
"(
... ) Admirado, fixei as paredes, de onde
pendiam quadros maravilhosos. Um deles, contudo, impunha-me especial atenção.
Era uma tela enorme, representando o martírio de São Dinis, o Apóstolo das
Gálias rudemente supliciado nos primeiros tempos do Cristianismo, segundo meus
humildes conhecimentos de História. Intrigado, recordei que vira, na Terra, um quadro absolutamente igual àquele. Não se
tratava de um famoso trabalho de Bonnat, célebre pintor francês dos últimos tempos? A cópia
do Posto de Socorro, todavia, era muito mais bela. A lenda popular estava
lindamente expressa nos mínimos detalhes. O glorioso Apóstolo, seminu, com a cabeça decepada,
tronco aureolado de intensa luz, fazia um esforço supremo por levantar o próprio
crânio que lhe rolara aos pés, enquanto os assassinos o contemplavam, tomados de intenso
horror; do alto, via-se descer um emissário divino, trazendo ao Servo do Senhor a coroa
e a palma da vitória. Havia, porém, naquela cópia, profunda luminosidade , como se
cada pincelada contivesse movimento e vida." (...)
O
manuseio de algumas obras especializadas possibilitará acrescentar certos
detalhes, referência feita à descrição de André Luiz.
Bonnat (Léon Joseph Florentin) (4), Diretor da Escola de Belas-Artes de Paris, em 1905, era grande
amador da arte e autor de inúmeros retratos e composições acadêmicas, tendo
legado sua coleção, ao desencarnar, ao Louvre e ao Museu de Bayonne, que lhe
traz o nome.
(4)
Nasceu em Bayonne , I833. desencarnando em Monchy-Sa int-Eloi , Oise , em 1922
.
Desse
vigoroso artista destacam os críticos trabalhos como "Job'",
"São Vicente de Paulo tomando o lugar de um galeriano", "Cardeal
Lavigerie " e "O Martírio de São Dinis".
Mas,
é exatamente essa última tela - mencionada por André Luiz - aquela de expressão
mais impressionante, destacada regularmente pelos estudiosos da arte
pictórica.
Com
referência a São Dinis, sugere a experiência um cuidado todo especial por parte
do pesquisador. O motivo relaciona-se:
-
à variação de ordem gráfica do nome (Dinis, Diniz, Denis , Denys, Dyonisio,
Dionísio, Dyonisius, Dionusos), da qual lançam mão os
historiadores; e
-
à multiplicidade de figuras ligadas ao Catolicismo, portando esses diversos
nomes.
Agravando
ainda mais a situação, é de se mencionar os vários desencontros de informações
por parte dos biógrafos, dificultando o trabalho de pesquisa.
A
história do mártir citado em "Os Mensageiros" é comovente, quão
impressionante.
Obras
como o "Grand Dictionnaire Encyclopédique Larousse", o
"Dictionnaire d'Histoire et de Géographie Ecclesiastiques", ou o
trabalho realizado pelo padre Campos Góes - "Os Santos do Ano" -,
fornecem-nos alguns dados a respeito dessa figura venerada pelo Catolicismo,
principalmente em terras da França.
A
primeira obra citada (ela usa a grafia Denis
e Denys) assinala-o como o primeiro
bispo de Paris e esclarece que Grégoire de Tours , no final do século VI,
escreveu em sua "Historia Francorum " que à época do Imperador Décio
sete bispos missionários foram enviados de Roma às Gálias. Dois desses sete
bispos, Saturnin (de Tolouse) e o nosso Dinis (de Paris) morreram mártires.
O
padre Campos Góes, que o grafa com o nome de Dionísio, tem -no como ateniense, membro do Areópago,
posteriormente convertido ao Cristianismo por Paulo de Tarso.
A
respeito da figura daquele que seria futuro mártir, deixa esse autor
transparecer uma vibração muito carinhosa:
"(...)
Modelou a sua vida pela de quem era
mestre consumado. E saiu-se um discípulo austero, mas sem arestas, simples, sem
ser ingênuo , zeloso, mas indulgente, animado de ardor que não via sacrifícios.
De inteligência excepcional e espírito versado nos variados conhecimentos da
época, todo ele era uma chama ardente. De ora em diante, só pensando, e
falando, e agindo, pela glória do Cristo, era um retrato de Paulo."
Referindo-se
ao seu deslocamento para as Gálias, continua:
"(...)
Bispo de Atenas por algum tempo, passou a
diocese a S. Públio, indo oferecer--se ao Papa S. Clemente para evangelizar os povos que ele designasse.
O Papa enviou-o acompanhado do padre Rústico, do diácono Eleutério e de outros
pregadores, para doutrinar as Gálias. (...) A sua palavra foi ouvida pelo povo,
tendo convertido uma multidão imensa de pagãos que, sob a direção espiritual
dos novos pastores, formaram uma comunidade cristã fervorosa. O Evangelho era
difundido entre as populações que o recebiam com agrado, quando estalou uma terrível perseguição
contra os cristãos. Com mais de cem anos, S. Dionísio foi uma maravilha de firmeza,
coragem, desprendimento. Preso, submetido à tortura, ele encoraja a cristandade
nascente. Amarrado a uma cruz, prega o mistério da redenção do mundo." (...)
As
informações sobre sua desencarnação , embora coerentes quanto ao modo pelo qual
foi sacrificado, penetram, concomitantemente, no campo do fantástico, o que faz
emergir, entre os estudiosos, querelas sem fim.
São
do autor de "Os Santos do Ano" estas palavras:
"(...)
Depois de confortado por uma aparição do
Salvador, S. Dionísio, em companhia de uma multidão de cristãos, tem a cabeça
cortada no lugar que hoje se chama Montmartre.
Diz
uma antiga tradição que, depois de executado, o corpo ergueu-se por si mesmo e, tomando a cabeça entre as próprias mãos, levou-a
a duas léguas de Paris, ao lugar que, mais tarde, denominaram S. Dionísio, em
memória deste fato." (...)
Confrontando-se
o relato de André Luiz com os esclarecimentos fornecidos pelos compêndios de
nossas bibliotecas, chega-se à conclusão pacífica de que tudo se conjuga
harmoniosamente: a tela que o autor espiritual encontrou no Posto de Socorro de
"Campo da Paz" seria cópia de outra existente no plano terrestre, ou
melhor, no Panteão de Paris. Entretanto, a leitura restante do Capítulo 16 de
"Os Mensageiros" reserva-nos desfecho imprevisto.
Conta-nos
o autor:
"Observando-me a admiração, Alfredo falou,
sorrindo: - Quantos nos visitam, pela primeira vez, estimam a contemplação
desta cópia soberba.
- Ah! Sim - retruquei
-, o original, segundo estou informado, pode ser visto no Panteão de Paris.
- Engana-se --
elucidou o meu gentil interlocutor -, nem todos os quadros, como nem todas as
grandes composições artísticas são originariamente da Terra. É certo que
devemos muitas criações sublimes à cerebração humana; mas, neste caso, o
assunto é mais transcendente. Temos aqui a história real dessa tela magnífica.
Foi idealizada e executada por nobre artista cristão, numa cidade espiritual
muito ligada à França. Em fins do século passado, embora estivesse retido no
círculo carnal, o grande pintor de Bayonne visitou essa colônia em noite de
excelsa inspiração, que ele, humanamente, poderia classificar de maravilhoso
sonho. Desde o minuto em que viu a tela, Florentino Bonnat não descansou
enquanto não a reproduziu, palidamente, em desenho que ficou célebre no mundo
inteiro. As cópias terrestres, todavia, não têm essa pureza de linhas e luzes,
e nem mesmo a reprodução, sob nossos olhos, tem a beleza imponente do original,
que já tive a felicidade de contemplar de perto, quando organizávamos, aqui no Posto, homenagens
singelas para a honrosa visita que nos fez o grande servo do Cristo. Para
movimentar as providências necessárias, visitei pessoalmente a cidade
espiritual a que me referi." (...)
Para
melhor fixação de nossa parte, frisemos, então, dois pontos:
1.
A tela intitulada "O Martírio de São Dinis", pintada por Bonnat e
existente no Panteão de Paris, é cópia daquela encontrada em uma cidade
espiritual muito ligada à França. O original é trabalho de um artista cristão.
2.
O quadro que André Luiz viu, portanto, no Posto de Socorro de "Campo da
paz", é igualmente uma cópia, uma reprodução.
Quando
Alfredo faz referência à beleza inconfundível da tela criada pelo artista
cristão - posteriormente copiada por Bonnat -, indiretamente está alargando seu
pensamento não apenas para outras produções pictóricas, como ainda vai mais
longe,
relacionando toda expressão da arte em geral.
Por
exemplo, na mesma obra atrás citada, no Capítulo 32 - "Melodia
Sublime" -, fala-nos André Luiz de uma melodia que teve oportunidade de
ouvir, executada ao órgão por Ismália. O relato, mesclado de emoção e
simplicidade, faz-nos concluir pela existência, na Espiritualidade, de um
mecanismo que nos é inteiramente difícil ao entendimento de encarnados, tamanha
a sua beleza e complexidade. Disto é atestado o trecho a seguir:
"(...)
A melodia, tecida em misteriosa beleza,
inundava-nos o espírito em torrentes de harmonia divina. Penetrava-me o coração um campo de vibrações
suavíssimas, quando fui surpreendido por percepções absolutamente inesperadas.
Com assombro indefinível, reparei que a esposa de Alfredo não cantava, mas no seio caricioso da música havia uma prece que atingia o sublime - oração que eu não escutava
com os ouvidos mas recebia em cheio na alma, através de vibrações sutis, como
se o melodioso som estivesse impregnado do verbo silencioso e criador (Destaquei; o grifo é de A.L.)
É
ainda o próprio André Luiz que depois pergunta a si mesmo:
“Que
melodia era aquela que se ouvia através de sons inarticulados?”
Fosse
talvez em decorrência dessas considerações, ou seja, da beleza da música nos
Planos Superiores, que Rossini, o grande compositor italiano, tenha afirmado,
da Espiritualidade , que no momento em que a harmonia chega a um estágio
deveras sublimado
"confunde -se com a prece, glorifica a Deus e
leva ao deslumbramento aquele mesmo que a produz ou a concebe". (5) (Grifei.)
(5)
Mensagem através do médium Sr. Nivard, na data de 17-1-1869. (“Revista
Espírita" de março de 1869.)
O
mesmo Espírito, em outra passagem, tem ensejo de dissertar sobre o
"processo" das criações artísticas, dentro de seu entendimento:
"(...)
Rossini juntou notas, compôs melodias,
provou a taça que contém todas as harmonias; roubou algumas centelhas ao fogo
sagrado; mas esse fogo sagrado, nem ele criou, nem os outros! - Nada inventamos: copiamos do grande livro da
Natureza e a multidão aplaude quando não deformamos muito a partitura." (6) (...)
(6)
Mensagem através do médium Sr. DesIiens, em seu Grupo, na data de 9-12-1868.
("Revista Espírita" de janeiro de I869.)
Hoje,
com esclarecimentos proporcionados por novos autores espirituais, podemos
considerar que no momento em que o artista, liberto da matéria através do
processo do sono, entra em contato com o Plano Maior, grava no íntimo as
expressões elevadas de sua Arte. Mas, de regresso ao vaso físico, nem sempre
logra expressar com a devida fidelidade quanto viu, ouviu ou sentiu.
Daí
confessar André Luiz (no citado Capítulo 16) que
"via, agora, explicada a tortura santa dos
grandes artistas, divinamente inspirados na criação de obras imortais; agora,
reconhecia que toda arte elevada é sublime na Terra, porque traduz visões
gloriosas do homem na luz dos planos superiores".
Como
arremate de semelhante pensamento, temos igualmente a palavra esclarecedora de
Alfredo, expressa no mesmo capítulo:
"(...)
Ninguém cria sem ver, ouvir ou sentir, e
os artistas de superior mentalidade costumam ver, ouvir e sentir as realizações mais altas do caminho para
Deus." (...) (Grifei.)
*
“O
Martírio de São Dinis", tela de Bonnat, apreciada por milhares de pessoas
que visitam a Capital francesa, constitui cópia daquela que um dia ele viu em
uma colônia espiritual.
Seria
o caso de subtrair-lhe o mérito?
Penso
que não.
Sem
mencionar o valor do quadro, resultante da beleza de cor e vigorosidade de
traço, há que considerar o "prêmio" que a Bonnat foi concedido:
embora de forma fugaz, ver o célebre original!
E
aqui uma indagação:
-
Quantos encarnados terão tido essa feliz oportunidade?
muito boa análise
ResponderExcluirInteressante essa explicação do assunto abordado no livro. Parabéns.
ResponderExcluirMuito esclarecedora essa postagem. Eu precisava saber disso. Fui guiada até essa página.
ResponderExcluirExcelente conteúdo! Sou grata.
ResponderExcluirSensacional!
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