A César o que é de
César
22,15
Reuniram-se, então, os fariseus para deliberar entre si sobre a maneira
de surpreender Jesus nas sua próprias palavras
22,16
Enviaram seus discípulos com os herodianos, que lhe disseram: Mestre,
sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus em toda a verdade,
sem Te preocupares de ninguém porque não olhas a aparência dos homens
22,17
Dizei-nos, pois o que Te parece: É permitido ou não pagar o imposto à
César? 22,18 Jesus, percebendo a sua
malícia, respondeu: “Porque me tentais, hipócritas? 22,19 Mostrai-me a moeda com que se paga o
imposto!” Apresentaram-Lhe um denário.
22,20
Perguntou Jesus: “De quem é esta imagem e esta inscrição?”
22,21 De
César, responderam-Lhe. Disse, então, Jesus: “dai, pois, a César o que é de
César e a Deus o que é de Deus”
22,22
Esta palavra encheu-os de admiração e, deixando-o, retiraram-se.
Para Mt (22,15-22),
-A César o que é de
César -
encontramos a chave
em A. Kardec, no Cap. XI de “O Evangelho...”:
“... Esta máxima “Dai a César o que é de César ” não deve ser entendida de uma forma
restritiva e absoluta. Como todos os ensinamentos de Jesus, é um princípio
geral resumido sob a forma prática e usual e deduzida de uma circunstância
particular. Esse princípio é uma conseqüência daquele que manda agir para com
os outros como quereríamos que os outros agissem para conosco; ele condena todo
prejuízo material e moral acarretado a outrem, toda violação dos seus
interesses; prescreve o respeito dos direitos de cada um, como cada um deseja
que se respeite os seus; se estende ao cumprimento dos deveres contraídos para
com a família, a autoridade, assim como para
os indivíduos.”
Néio Lúcio, por Chico Xavier, em “Jesus no Lar” nos apresenta linda
historia dos tempos de Jesus sob o título...
O Rico Vigilante
“Tiago, o mais velho, em
explanação preciosa, falou sobre as ânsias de riqueza, tão comuns em todos os
mortais e, findo o interessante debate doméstico, Jesus comentou sorridente:
-Um homem temente a Deus e
consagrado à retidão, leu muitos conselhos alusivos à prudência, e deliberou
trabalhar, com afinco, de modo a reter um tesouro com que pudesse beneficiar a
família. Depois de sentidas orações, meteu-se em várias empresas, aflito por
alcançar seus fins. E, por vinte anos consecutivos, ajuntou moeda sobre moeda,
formando o patrimônio de alguns milhões.
Quando parou de agir, a fim de apreciar a sua obra, reconheceu,
com desapontamento, que todos os quadros da própria vida se haviam alterado,
sem que ele mesmo percebesse.
O lar, dantes simples e alegre,
adquirira feição sombria. A esposa fizera-se escrava de mil obrigações
destinadas a matar o tempo; os filhos cochichavam entre si, consultando sobre a
herança que a morte do pai lhes reservaria; a amizade fiel desertara; os vizinhos,
acreditando-o completamente feliz, cercaram-no de inveja e ironia; as
autoridades da localidade, em que vivia,
obrigavam-no a dobradas atitudes de artifício, em desacordo com a sinceridade
do seu coração. Os negociantes visitavam-no, a cada instante, propondo-lhe
transações criminosas ou descabidas; servidores bajulavam-no, com declarado
fingimento quando ao lado de seus ouvidos, para lhe amaldiçoarem o nome, por
trás de portas semicerradas. Em razão de tantos distúrbios, era compelido a
transformar a residência numa fortaleza, vigiando-se contra tudo e contra
todos.
Sobrava-lhe tempo, agora, para
registrar as moléstias do corpo e, raramente, passava algum dia sem as
irritações do estômago ou sem dores de cabeça.
Em poucas semanas de meticulosa
observação, concluiu que a fortuna trancafiada no cofre era motivo de
desilusões e arrependimentos sem termo.
Em certa noite, porque não mais
tolerasse as preocupações obcecantes do novo estado, orou em lágrimas,
suplicando a inspiração do Senhor. Depois da comovente rogativa, eis que um
anjo lhe aparece na tela evanescente do sonho e lhe diz, compadecido:
-
Toda fortuna que corre, à maneira das águas cristalinas da fonte, é uma bênção
viva, mas toda riqueza, em repouso inútil, é poço venenoso de águas
estagnadas... Por que exigiste um rio, quando o simples copo d’água te sacia a
sede? como te animaste a guardar, ao redor de ti, celeiros tão recheados,
quando alguns grãos de trigo te bastam à refeição? que motivos te induziram a amontoar centenas
de peles, em torno do lar, quando alguns fragmentos de lã te aquecem o corpo,
em trânsito para o sepulcro?... Volta e converte a tua arca de moedas em cofre
milagroso de salvação! Estende os júbilos do trabalho, cria escolas para a
sementeira da luz espiritual e improvisa a alegria a muitos! Somente vale o
dinheiro da Terra pelo bem que possa fazer!
Sob indizível espanto, o caçador de
ouro despertou transformado e, do dia seguinte em diante, passou a libertar as
suas enormes reservas, para que todos os seus vizinhos tivessem, junto dele, as
bênçãos do serviço e do bom ânimo...
Desde o primeiro sinal de semelhante
renovação, a esposa fixou-o com estranheza e revolta, os filhos odiaram-no e os
seus próprios beneficiados o julgaram louco; todavia,, robustecido e feliz, o
milionário vigilante voltou a possuir , no domicílio, um santuário aberto e os
gênios da alegria oculta passaram a viver em seu coração
Silenciando o Mestre, Tiago, que
comandava a palestra da noite, exclamou, entusiasta:
- Senhor, que ensinamento valioso e
sublime!...
Jesus sorriu e respondeu:
- Sim, mas apenas para aqueles que
tiverem “ouvidos para ouvir” e “olhos de ver”.
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