As Maravilhas
do Evangelho
Sylvio Brito Soares
Reformador
(FEB) Maio 1961
Certa noite, depois de um jornadear
laborioso de ensinamentos e de explicações, Jesus dormia ao canto de uma barca.
Nela se encontravam também os seus discípulos.
Quando essa barca já muito
distanciada se encontrava da costa, levantou-se, no mar, tão grande tempestade
que as ondas a cobriam inteiramente e, não obstante isso, Jesus dormia
serenamente.
Os discípulos, diante de situação
tão crítica e receosos de serem tragados pelas ondas, não tiveram dúvida de
acordar o Mestre, e clamaram: Salva-nos, Senhor, que perecemos.
Jesus abriu os olhos e, sem qualquer
mostra da mais leve preocupação, indagou primeiro e mansamente: - Porque
temeis, homens de pouca fé?!
Estas palavras do divino Mestre
ainda hoje ressoam nitidamente no âmago de nossas almas.
Como reencarnados, estamos navegando
em pleno mar das provações a que fizemos jus.
Mas, nessa travessia, graças a Deus,
não estamos sós, temos Jesus em nossa companhia, tal como o tiveram os seus
discípulos, quando a tempestade os colheu no mar, que se mostrava tão impetuoso
a ponto de todos acreditarem ver em breve despedaçado o frágil batel em que se
encontravam.
Quantos de nós, que nos ufanamos de
trazer Jesus dentro de nós mesmos, baqueamos porque a superfície do mar de
nossa existência ligeiramente se encrespou, tocada por uma viração mais forte
de nossos próprios destinos!
A fé em Jesus só se conhece
realmente nas horas difíceis.
Os espíritas, conhecedores das
razões que nos trouxeram novamente à Terra, não devemos ficar surpresos quando
as ondas da vida se agigantam e se precipitam medonhamente de encontro ao
pequeno barco que conduz nosso Espírito por essa viagem de provas e reparações!
Entristecedor seria, para todos nós,
ouvir da boca de Jesus aquela indagação: Porque
temeis, homens de pouca fé?!
*
Todos anseiam por chegar sãos e
salvos ao porto de desembarque, e nós, espíritas, também almejamos por os pés
na areia firme da praia da Espiritualidade, com a nossa alma perfeitamente sã
das cobardias morais e com a fibra da coragem enrijecida nos temporais que
devemos suportar sem medo, sem desespero, sofrendo, não importa, porque a
estrela cintilante da fé, sempre diante de nossos olhos, mostra que todas as
lutas da travessia são mínimas em face das bem-aventuranças que poderemos
usufruir nas diversas moradas do Senhor.
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