A Vitória
sobre a Morte
Frederico Francisco / Yvonne A Pereira
Reformador (FEB) Maio 1963
Com o advento do Espiritismo, os
segredos da morte foram desvendados em grande parte e fatos dos mais
importantes, sobre o assunto são revelados pelos próprios Espíritos desencarnados,
o que vem transformar de forma edificante não somente muitos aspectos da vida
humana, mas também os conceitos sobre as consequências da própria morte.
Cremos que, hoje em dia, pelo menos
no Brasil, qualquer que seja a religião que se professe, um interesse
encantador é despertado em todos os corações, pelos acontecimentos de
Além-Túmulo. Todos desejam saber o que dizem as almas dos mortos ao concederem
suas mensagens aos médiuns, o que narram sobre a vida espiritual, quais as suas
impressões ao atingirem o outro plano da vida.
Basta que um espírita mais loquaz se
proponha a ferir o assunto, em qualquer ambiente em que se encontre, para que a
maior parte do auditório demonstre interesse em ouvi-lo, passando a fazer
indagações por vezes curiosas e inteligentes, atestando a ânsia do coração de
cada um pela posse de um ideal que palpita nos refolhos de sua alma.
A influência da Doutrina Espírita na
renovação do caráter humano, porém, e, portanto, na reforma dos costumes e,
consequentemente, na melhoria da sociedade, faz-se notável pelo que vemos
suceder nos agrupamentos espíritas que se vão formando: - por toda a parte,
indivíduos preocupados em se corrigirem de defeitos e vícios graves,
interessados em servir o próximo desta ou daquela forma, aliviando-lhe as
misérias físicas ou as amarguras morais. A maioria, desinteressada já das futilidades
e ilusões da sociedade, prefere preocupações nobilitantes, que estão a atestar
a excelência da moral que vem aprendendo na Doutrina dos Espíritos. Outros,
atingindo mesmo a abnegação, no cumprimento de tarefas com que se comprometeram
ao reencarnar, colocam-se à frente de obras de assistência social, cujo padrão
de fraternidade é incontestável. Por isso mesmo, o espírita poderá não ser um
homem virtuoso, na expressão literal do termo, mas o
que se observa é que todos são, não obstante, homens honestos: de boa vontade e
já incapazes de praticar o mal!
"Conhece-se a verdadeira
religião pelo número de homens de bem que será capaz de produzir" - disse, em outras palavras, o insigne
Codificador do Espiritismo, Allan Kardec. Isso, nos dias atuais, quando a
Humanidade se debate diante do espectro dos flagelos que ameaçam cair sobre, a
Terra, a fim de sacudi-la, despertando as atenções dos seus habitantes
para a prática do Bem e da Justiça, é consolador para os espíritas, que
encontraram na magnitude da Doutrina a própria redenção de faltas passadas e o
reconforto de amarguras antes julgadas insolúveis.
Não se diga, porém, que tais
fenômenos, mais importantes do que presumimos, somente se verificam entre
brasileiros. Como adepto do Esperanto que também somos, obtendo noticiário do
movimento espírita em alguns países estrangeiros, temos verificado
certa preocupação em se iniciarem obras de alívio ao sofredor, através dos
aspectos da caridade material e moral. E, se no seio de muitas agremiações
espíritas estrangeiras os livros de Allan Kardec ainda não foram devidamente
adotados, observamos que valiosos livros espíritas já correm mundo, traduzidos
para o Esperanto pela FEB, e que
os Mentores Espirituais, que por lá se comunicam, também ensinam, como aqui,
com outras palavras, que - Fora da Caridade não há salvação - e que desde os
tempos de Moisés já era dito que não é possível amar a Deus sem servir o próximo.
Tais divagações acudiram espontaneamente
ao nosso cérebro ao lermos certo trecho da excelente obra de Ernesto Bozzano,
"A Crise da Morte", livro fecundo em lições sobre as primeiras
impressões de um Espírito recém-desencarnado. Vamos encontrar ali, no Décimo
Caso, o relato de uma entidade espiritual que nos oferece ensinamento profundo,
concorrendo para uma outra feição de reeducação necessária ao adepto do
Espiritismo, muito embora esse aspecto de ensinamento seja conhecido desde os
primeiros anos da Codificação. Diz o comunicante, entre outros pontos
interessantes do seu ditado:
- "Concito, pois, os vivos, que percam alguns dos seus parentes - qualquer
que possa ser - a que, a todo custo, se mostrem fortes, abafando toda a
manifestação de mágoa e apresentando-se de aspecto calmo nos funerais.
Comportando-se assim, determinarão considerável melhoria na atmosfera que os
cerca, porquanto a aparência de serenidade nos corações e nos
semblantes das pessoas que nos são caras emite vibrações luminosas que nos
atraem, como, à noite, a luz atrai a borboleta. Por outro lado, a mágoa dá
lugar a vibrações sombrias e prejudiciais a nós outros, vibrações que tomam o
aspecto de tenebrosa nuvem a envolver aqueles a quem amamos. Não duvideis de
que somos muito sensíveis às impressões vibratórias que nos chegam, por efeito
da dor dos que nos são caros."
Assim sendo, necessariamente teremos
de medir a diferença existente entre essa encantadora Doutrina Espírita e as
antigas crenças que emprestavam ao fenômeno natural, que é a morte, um aparato
de tal forma lúgubre, um noticiário de tal forma desolador para os que ficavam,
que o desconsolo, o desespero e até desgraças, como a loucura e o suicídio, se
sucediam em face da partida, para o Além, de um ser amado. A Doutrina Espírita,
devassando ao homem a vida do Além-Túmulo, não só concorre para o seu progresso
moral, infiltrando-lhe o desejo sublime do aperfeiçoamento indispensável a um
estado feliz depois da morte, como, acima de tudo, o leva à convicção de que a
morte não existe, pois no seio do Universo palpitante de vida eterna não
existirá local para qualquer espécie de
aniquilamento,
Confirma-se, assim, a observação do Apóstolo Paulo na sua 1ª Epístola aos
Corintios:
"Porque importa que este corpo
corruptível se revista da incorruptibilidade; e que este corpo mortal se
revista da imortalidade. E quando este corpo mortal se revestir da
imortalidade, então se cumprirá a palavra da Escritura: - "Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó
morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" Ora, o aguilhão
da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei (*). Porém rendamos graças
a Deus, que nos deu
a vitória por Nosso Senhor Jesus-Cristo. Portanto, meus amados irmãos, estai
firmes e constantes, crescendo sempre na obra do Senhor, sabendo que o vosso
trabalho não é vão no Senhor." (Cap. 15, v. 53 a 58)
(*) A lei da reencarnação para as
almas culpadas, morte temporária do Espírito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário