Amai-vos
e Instruí-vos!
Lino Teles / Ismael Gomes Braga
A
missão do Brasil revela-se no livro que os brasileiros mais amam para o estudo
da Nova Revelação, livro que tem sido muito
desprezado em outros lugares: "O Evangelho segundo o Espiritismo".
Compreendendo essa vocação, a Livraria da Federação esforça-se por ajuda-la pela divulgação sempre maior do livro
escolhido pelo povo e com essa finalidade reduziu-lhe o preço a um terço do
valor real dos livros de iguais dimensões e essa redução ainda poderá ser
maior, quando, montadas as novas oficinas; o custo da mão de obra ficar mais
reduzido.
O
ensinamento fundamental desse livro fica sintetizado neste período ditado por O
Espírito de Verdade, a Kardec, em 1860 e impresso na página 108 da 31ª edição
brasileira:
Espíritas!
Amai-vos, este é o primeiro ensinamento; instrui-vos, eis o segundo.”
É
a doutrina cristã pura que toda ela é amor, "a força sublime que liga o
filho do crime ao doce olhar de Jesus". O amor é a
coesão de todos os seres entre si e entre a Fonte de onde todos originaram e à qual todos
aspiram regressar. Sem amor, o Universo se desagregaria em caos, o plano da criação falharia
à sua finalidade. Sem amor, tudo mais é vão, como ensinou Paulo. Não temos direito de
julgar, nem ciência para julgar, porque esta só a Deus pertence; mas se pudéssemos julgar talvez chegássemos à conclusão de que só se tornou espírita, ao conhecer a Doutrina, quem
tenha adquirido amor e não apenas quem possa discorrer sobre temas doutrinários
e menos ainda quem só tenha aprendido a criticar os procedimentos alheios.
Sim,
dentre os chamados a conhecer a Nova Revelação, muitos não estaremos ainda com
a necessária evolução moral para sermos escolhidos e nos tornaremos só espíritas
"teóricos", "científicos", com os conhecimentos suficientes
apenas a criticarmos as outras escolas de pensamento, isto é, saberemos somente
a doutrina, não a viveremos. Poucos serão os escolhidos, os que entrem em
perfeita sintonização com o Cristo e a lei de amor e assim passem a viver a
vida eterna; serão poucos, mas bastarão a ser o sal da Terra.
Dentre
os sem amor, há de surgir o escândalo, o exemplo negativo: Aparecerão os
julgadores e condenadores, mas "pelos frutos os conhecereis" e não
vos enganareis. Os frutos do amor são atividade, iniciativas, empreendimentos,
coragem, fé, altruísmo, inspiração para o bem, atração pessoal, alegria de
viver e servir, e não se confundem nunca com os seus opostos, que são desânimo,
crítica, tristeza, descrença, medo, condenação dos atos alheios, desarmonia,
pregação sem exemplos, doutrina sem obras, sofrimento moral.
O
segundo ensinamento do Espírito de Verdade não está expresso no Evangelho, só
vem anunciado 1800 anos mais tarde, porque ele não pode preceder o primeiro. O
novo mandamento - "instrui-vos" - depende estreitamente do primeiro
que lhe serve de alicerce. A instrução sem amor pode, muitas vezes,
transformar-se em perdição para o Espírito. Instrução é apenas aquisição de força
e, semelhantemente à riqueza, é prova perigosa se não for fundada sobre o
princípio universal da energia criadora que é o amor.
Diante
dessa revelação sintética - amai! - vem-nos a indagação: Como poderá amar quem
não sente amor? - Instruir-se é mais fácil, sabemos o caminho, temos o livro e
a escola e a pouco podemos ir no rumo da instrução, lutando contra nossa
própria ignorância; mas o amor independe de escola e de livros, é sentimento e
nos parece faculdade natural, espontânea, inata, talvez como dom do Espírito.
Como adquiri-lo para cumprir o mandamento antigo confirmado pelo ensinamento
novo?
Sim,
o amor não se conquista somente pela aprendizagem; é menos instrução do que
educação: é tesouro imenso que se não pode adquirir pela habilidade comercial
nem num curso noturno de alguma escola: é conquista que se tem de fazer numa
guerra longa contra inimigos horríveis e emboscados habilmente. Encontrar-lhes
as trincheiras e expulsa-las é trabalho penoso e demorado que não podemos fazer
por procuração uns dos outros. O primeiro passo para iniciar a guerra é saber
os nomes desses adversários. O comandante em chefe dos nossos inimigos chama-se
Egoísmo: seu ajudante de ordens e substituto é o Orgulho; a cortesã intrigante
e terrível, que se acha com eles, chama-se Vaidade; e esta tem por auxiliar a Suscetibilidade. Os auxiliares desse Estado Maior são numerosos e exercem funções
muito diversas: o Medo faz os trabalhos de preparação de artilharia, mostrando
perigos imaginários da pobreza, do descrédito, da desonra; a Concupiscência
desvia os pensamentos superiores e os encaminha para o gozo dos sentidos, enfraquecendo a energia; a Dúvida prepara revoluções internas num trabalho terrível de quintacolunismo domado com os nomes de Análise, Crítica, Exame, Critério;
o Pessimismo possui um espelho mágico que nos leva a ver fora de nós todos os defeitos
que temos por dentro e estabelece a ilusão de que tais males só existem no exterior, porque
desloca os mundos objetivo e subjetivo e os mostra ocupando lugares um do outro; o Convencimento
veda-nos os olhos ao bem alheio e nos força a só reconhecer como bem os nossos atos
e pensamentos .
Identificados
esses inimigos do amor, temos que atacá-los um a um, porque somos demasiado
fracos para vencê-los juntos. Comecemos pelo último: examinemos as obras dos
gênios e dos santos, e temos que desalojar o nosso convencimento e dar um passo
rumo à humildade que é a mais querida irmã do amor. Reflitamos sobre a
concordância universal e eterna da Revelação e teremos que expulsar a dúvida,
aproximar-nos da fé, que é outra irmã do amor, e juntos operam milagres.
Substituindo os gozos da carne pelos do Espírito, meditando sobre a evolução
eterna desta centelha divina, iremos expulsando a pouco e pouco a
concupiscência. Refletindo sobre a lei de causa e efeito e das provas
inevitáveis, pelas quais teremos de passar, aprenderemos a orar para vencer o medo
com seu cortejo tenebroso de ameaças e ele irá perdendo seu poder tirânico.
Considerando quanto de ridículo e cômica é a susceptibilidade, ela se envergonhará
de procurar governar-nos e fugirá com a vaidade. Temos, então, somente o
General e seu Ajudante de Ordens, mas, sem a tropa, eles se tornaram menos
fortes e os poderemos atacar de todos os lados. Quando vencermos ou isolarmos esses
dois últimos, teremos abatido todas as barreiras que nos privavam de afinidade
com o amor, com a harmonia universal invencível que faz da Criação um todo homogêneo, porque liga todos os seres entre si e
liga este conjunto harmônico com o Criador. Então, teremos adquirido o poder criador de Deus,
porque todos os movimentos de nossa alma estarão em harmonia com a lei eterna e
universal.
Que
importa seja longa a luta, se eterno é o tesouro que há de ser conquistado!
Vencida a luta contra os inimigos do amor, reintegrados na lei moral, podemos
buscar o segundo ensinamento - a instrução - porque ela nos será dada para
transformar-se em bênção em nossas mãos. Já saberemos empregar essa força sempre
em harmonia com os altos desígnios de Deus.
Recordemos
que o primeiro mandamento é amar.
Reformador FEB)
Maio 1946
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