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‘As
Vidas
Sucessivas’
por Adauto de Oliveira Serra
Livraria Editora da Federação Espírita
Brasileira
1943
MAIS FATOS
O
fato que se segue foi relatado por Oliver Lodge e transladado para a pág. 128-9,
de "A Morte", de Maeterlinck:
"Lodge entrega à senhora Piper, em transe, um
relógio de ouro que acaba de lhe ser enviado por um dos seus tios, e que
pertencera a outro tio falecido havia mais de vinte anos. Pegando no relógio, a
senhora Piper, ou aliás Phinuit, um dos Espíritos seus familiares, revela, ao
cabo de algum tempo, uma infinidade de minudências relativas à infância daquele
último tio, que remontavam a mais de setenta anos e eram naturalmente ignorados
de Sir Oliver Lodge. Pouco depois, o tio sobrevivente, que não mora na mesma
cidade, confirma por carta a exatidão da maior parte daquelas minudências, de
que ele se havia esquecido completamente, e que só lhe voltaram à memória por
meio das revelações do médium; e aquelas, de que se não lembra absolutamente,
são posteriormente declaradas conforme à verdade por um terceiro tio, velho
capitão de marinha mercante, que residia em Cornualha, e que ignorava a razão
por que lhe faziam perguntas tão extraordinárias."
"Esse fato, como outros atrás mencionados",
termina Maeterlinck, "indica, com
muita exatidão, os pontos extremos, até onde, graças à intervenção dos
Espíritos, se tem até hoje, penetrado no desconhecido."
Como
vemos, o Espiritismo por suas bases fundamentais, é a mais velha filosofia do
mundo. Os Evangelhos de Jesus lhe servem de base moral. E todos os fatos que
vimos transcrevendo o demonstram, sem ser preciso recorrer a Kardec. Este não
inventou os fundamentos espiritas e nem tampouco fundou religião alguma.
Kardec,
numa visão esclarecida de missionário, apenas codificou o Espiritismo dentro
das bases morais científicas e filosóficas que já existiam.
Mais
adiante, Maeterlinck ainda esclarece o fato acima relatado:
"Na história do relógio de Sir Oliver Lodge,
por exemplo, que é uma das mais características e mais adiantadas, é preciso
atribuir ao médium faculdades, que já não tem nada de humano. Seja por visão à
distância. seja por transmissão de pensamento, de subconsciente a subconsciente,
ou seja por clarividência subliminal, deve o médium pôr-se em relação com os
dois irmãos sobreviventes do falecido, possuidor do relógio; e no inconsciente
daqueles dois irmãos distantes, que ninguém preveniu, cumpre ver uma infinidade
de circunstâncias esquecidas por eles próprios, e em que se acumulou o pó e as
trevas de setenta anos."
Ao
leitor consciente e de boa vontade, aconselhamos a leitura de "No limiar
do Etéreo", de A. Findlay, onde encontrará explicações claras e
convincentes da fenomenologia espírita, que é fecunda em fatos de materializações,
vozes e escrita direta, xenoglossia, tiptologia, psicografia, etc.
E
quanto aos fatos espíritas, vamos ver o próprio Maetelinck relatá-los, pois que
eles se passaram entre Maeterlinck e uns amigos:
"Uma noite, na abadia de Saint-Wandrille, onde
costumo passar o verão, uns hóspedes, que tinham chegado recentemente,
divertiam-se em fazer girar uma mesa de pé de galo. Eu fumava tranquilamente a
um canto do salão, bastante longe da pequenina mesa, não tomando interesse
nenhum pelo que se passava em volta dela e pensando em qualquer coisa. Depois
de se ter feito rogar, como é de uso, a mesa respondeu que ocultava o Espirito
de um monge do século XVII, enterrado na galeria oriental do claustro, debaixo
de uma laje que tinha a data de 1693, Depois da partida do monge, que, de
repente, sem razão aparente, recusou prosseguir na conversa, tivemos a ideia de
ir, com um candeeiro na mão, à procura do túmulo, Acabamos por descobrir, ao
cabo da galeria oriental, uma pedra funerária, em muito mal estado, partida, na
qual se podia decifrar com custo, examinando de muito perto, a seguinte inscrição:
A. D. 1693. Ora, no momento da resposta do monge, só estavam no salão os meus
hóspedes e eu. Nenhum deles conhecia a abadia, tinham chegado naquela mesma
tarde, alguns minutos antes do jantar, e depois da refeição, como anoitecera
completamente, tinham adiado para o dia seguinte a visita ao claustro e às ruinas.
A revelação, a não acreditarmos nos teólogos, só podia, pois, provir de mim. Eu
julgava; contudo, ignorar absolutamente a existência daquela pedra tumular, uma
das menos legíveis, entre umas vinte, todas do século XVII, que pavimentavam
aquela parte do claustro",
Vê-se,
pois, que Maeterlinck afasta a hipótese telepática, tão do agrado dos céticos e
materialistas, bem como a da sugestão.
O
ensino que as comunicações nos trazem, esclarece o outro lado da vida, que os
teólogos dogmáticos procuram ocultar insidiosamente.
Nenhum
dos comunicantes se queixa dos tormentos infernais e nenhum deles se jacta de
estar gozando as delicias paradisíacas. A vida no outro mundo prossegue sem
solução de continuidade, a mesma vida espiritual. Reencarnação e comunicação
dos Espíritos se relacionam entre si para formar a mais bela das filosofias:
aquela que é capaz de desvendar todos os mistérios e mostrar o porquê da nossa existência
material .
O
Espiritismo é a ponte colocada entre os dois mundos: o espiritual e o material,
por sobre o abismo que os teólogos cavaram; é a força que vence a muralha
erguida pela ciência, procurando interceptar o conhecimento da vida do Espírito.
Com Maeterlinck, "exploremos o
mistério da nossa vida, antes de renunciar a isso em favor do mistério da nossa
morte". Só a reencarnação, com a doutrina das expiações e das
purificações sucessivas, dá conta de todas as desigualdades físicas e
intelectuais, de todas as iniquidades sociais, de todas as injustiças inevitáveis
do destino.
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