13
‘As
Vidas
Sucessivas’
por Adauto de Oliveira Serra
Livraria Editora da Federação Espírita
Brasileira
1943
RICHET
Este
célebre fisiologista, em sua monumental e controvertida obra - "Tratado de
Metapsíquica", relata inúmeros "casos espíritas", aos quais
chamou INCOMPREENSIVEIS!
Richet
que "batizou" com denominações próprias os fatos por ele estudados,
tais como xenoglossia, ectoplasmia, etc., foi, até certo ponto, mais desleal
que Maeterlinck. Este último foi sincero em suas observações e nunca titubeou
em reconhecer a Verdade onde ela se fazia notar.
É
no próprio "Tratado", que vamos encontrar o "caso" de Laura
Edmonds, filha do Juiz Edmonds, presidente do Senado Norte Americano
e membro da Corte de Justiça de Nova York. Esta jovem exteriorizou-se em sânscrito, língua
antiquíssima, completamente ignorada por ela e por todos os presentes. Mais uma
vez somos obrigados a afastar a hipótese telepática.
Richet,
à pag. 13 do seu' "Traíte", classifica em 3 ordens os fenômenos por ele
estudados:
"1º
CRIPTESTESIA - Clarividência; que é faculdade de conhecimento sensorial,
diferente das faculdades de conhecimentos sensórias, normais.
2º
TELEQUINESIA - ação mecânica diferente das forças mecânicas conhecidas e que se
exercem sem contato, à distancia, em condições determinadas, sobre objetos ou
pessoas.
3º
ECTOPLASMIA - (Materialização): formação de objetos diversos, que, com frequência
parecem sair do corpo humano, e tomam a aparência de uma realidade material
(vestidos, véus, corpos vivos)."
Depois
disso, ainda e sempre, está de pé a hipótese espírita, pois se ele Richet não a
perfilha, nem por isso foi capaz de explicar esses fenômenos de outra maneira.
Assim
que, à pág. 509, confessa: "Não quero de forma alguma entrar em
considerações que mais diriam respeito à Metapsíquica", ressalvando os
seus escrúpulos de sábio ainda não despido de preconceitos.
Reconhece
ele, entretanto, que "há premonições,
mas se são devidas à inteligência humana ou a outras forças, é impossível,
atualmente, decidir."
Por
esses motivos, apesar de ter sido o pai etimológico da fenomenologia espírita,
é que o consideramos menos sincero que Maeterlinck. E ficaríamos no
incompreensível se déssemos crédito ás suas afirmações.
Contudo,
o Richet de "A Grande Esperança", é bem diferente, onde ele já
reconhece e aceita o poder terapêutico dos passes espíritas.
Veja-se
o que diz em "A Grande Esperança", págs. 99 a 101: "É facílimo
dizer que se enganaram e que foram enganados "(os sábios)". É uma
objeção que está à altura do primeiro sabichão que aparece. Quando o grande
William Crookes relata ter visto, em seu Iaboratórío, Katie King fantasma,
capaz de se mover, de respirar ao lado do seu médium Florence Cook, o dito
sabichão pode erguer os ombros e dizer: - "É impossivel. O bom senso faz-me afirmar que Crookes foi vítima de uma ilusão. Crookes é um
imbecil". Mas esse pobre sabichão não descobriu nem a
matéria radiante, nem o tálio, nem as ampolas que transmitem a luz elétrica. E
assim, minha escolha está feita. Se o sabichão disser que Crookes é um
farsante ou louco, serei eu quem sacudirá os ombros. E, pouco importa que,
rebocados pelo sabichão, uma multidão de jornalistas - que nada viram, nada
estudaram, nem nada aprofundaram - diga que a opinião de Crookes de nada vale.
Não me admirarei" .
"Se
Crookes ainda estivesse só! Mas não! Há uma nobre plêiade de sábios (grandes
sábios), que presenciaram esses fenômenos extraordinários. Em lugar de fazer
essa simples suposição que eles presenciaram do inabitual, poderei considera-los
cretinos ou mentirosos?"
"Stainton
Meses, homem de uma piedade rara, de elevada moralidade, com seu amigo Speer e
Mme. Speer, anotou diariamente, durante dez anos, fenômenos que ele observava
consigo próprio. E isso apesar dos riscos que sua audácia o fazia correr."
"Os
fenômenos produzidos por Eusápia Paladino foram afirmados e confirmados por
toda uma série de ilustres experimentadores, por Bottazzi, Fôa, Herlitzka,
professores de fisiologia nas Universidades italianas; pelo célebre Lombroso,
por sir Oliver Lodge, por Ochorovicz, por Fr. Myers, Camille Flammarion,
Schrenck-Notizing, Albert de Rochas. O testemunho de um só desses grandes
homens seria suficiente. Então, quando eles se reúnem numa mesma afirmação,
irei eu dar ouvidos às criticas infantis que se resumem quase todas nesta pequena frase ingênua: "não é possível".
"E
por que não é possível?"
"Unicamente
porque não é habitual."
"Na
Alemanha, o grande matemático Zollner, presidiu com Slade, fenômenos realmente
estranhos .“
"Meu
distinto amigo Dr. Gibier, diretor do Instituto Pasteur de Nova York, constatou
fenômenos semelhantes com Mme. Salmon".
"Geley
obteve, com Kluski, surpreendentes modelagens que toda a habilidade mecânica
dos modeladores não poderia reproduzir, e que só se explicam pela desmaterialização
de formas moldadas.
"Quanto
aos fenômenos mentais de adivinhação, de leitura do pensamento, de premonição,
citarei os nomes de William James, de sir Oliver Lodge, de Mme. Sidwick, de
Schrenck-Notzing, de Frederic Myers, de Osty, de Flammarion. No decurso deste
livro farei referências de algumas de suas constatações, mas desde já afirmo
que a autoridade desses sábios é suficiente para, "a priorí", fazer-nos
admitir que eles não se enganaram completamente."
"Repito:
trata-se de homens versados em ciências experimentais, tendo o espirito
constantemente alerta para com a série de todas as fraudes possíveis.”
"As
objeções dos jornalistas de pasquins que negam a realidade dos fatos, são da
mesma espécie das objeções feitas à realidade dos meteoritos."
E,
logo adiante, à pág. 103: - "Poderá um jornalista adivinhar o que pensa um
fisiologista quando presencia (como eu presenciei) uma expansão
sair do corpo do médium, prolongar-se formando duas pernas estranhas que se fixam sobre o
solo, emitindo depois mais alguns prolongamentos que tomam aos poucos a forma
de mão, da qual se distinguem vagamente os ossos sentindo sua pressão sobre os
joelhos?"
Na
pág. 186, Richet relata uma sessão que realizou com a médium Marta Béraud
(Eva) durante a qual houve a materialização de uma mão: (ectoplasmia do
"Traité", pag. 672).
Richet,
na pág. 197, relata mais uma experiência: "Em primeiro lugar citarei uma bela
experiência feita em minha casa, em presença de Myers, por Mme. Thompson. Ela
adormeceu e tomou a personalidade de Nelly, sua filha morta. Meu filho Georges
achava-se presente. Entregamos a Mme. Thompson o relógio de meu filho;
imediatamente ela diz: "há sangue sobre este relógio... vejo três gerações
misturadas".
"É
impossível exprimir-se melhor. Esse relógio pertencera a um irmão de minha
mulher. Georges Aubry, morto na batalha de Vendôme em 1870. O pai de Georges guardara
esse relógio e dera-o a meu filho, seu neto".
E
já quase no fim do livro, à pág. 233, Richet diz: "Há muitos fenômenos
absurdos, porém incontestáveis e, conquanto a ciência oficial ainda não os
receba em seu seio zeloso, não há dúvida que daqui a alguns anos dará lugar ao
inabitual criptestesias, telepatias, lucidez, alucinações verídicas,
assombrações, telequinesias, fantasmas materializados, xenoglossias, premonições.
Tudo isso está bem autenticado e deve-se reconhecer que o inabitual existe."
Ao
poder supranormal do médium, Richet chama de "sexto sentido".
Entretanto, faz notar, é um sentido que não possui seu órgão correspondente. ..
Talvez
por isso mesmo, já alguém disse: "A ciência moderna conduz à confusão do
pensamento, que se perde no mundo que lhe descerrara ela e sepulta-se em sua
vitória.”
A
ciência deve muito do seu fracasso ao ceticismo com que foi estudada e ao
materialismo de seus investigadores, bem como ao indiferentismo com que é
sempre recebida.
O
subconsciente é a caixa de descarga das evasivas materialistas. Para ele atiram
todas as comunicações de Espíritos, mesmo as mais estranhas e impressionantes,
desconhecidas dos médiuns e ignoradas dos assistentes.
Mas,
se o conhecimento exteriorizado pelo médium não foi adquirido na atual existência,
só poderia ter provindo de suas vidas anteriores. Então, vem o Espirito do Dr.
Bezerra de Menezes, por intermédio da psicografia de Chico Xavier, ensinar mais
uma vez esta geração "adúltera e má": "O mundo subconsciente não
se acha subordinado à função de nenhum órgão. Ele representa a súmula dos
conhecimentos do ser em suas existências passadas, consubstanciadas na inteligência
operadora e criadora. Ele é a câmara secreta onde todas as experiências se
arquivam, para emergirem em futuro próximo ou longínquo. A vossa ciência não conhece o homem integral
porquanto o esquecimento a que se acham submetidos os encarnados não deixa que
se possa entrever a alma total. A subconsciência é o mundo da alma em sua existência
extraterrestre. Podeis conceber isto ponderadamente. O aparelho respiratório
existe no feto, que dele se não serve, em virtude do meio não comportar o seu
uso. Ele, porém, está latente no homem embrionário. Assim são as faculdades
espirituais. Não aparecem, em nossa vida comum, porquanto o ambiente atual
ainda não as comporta; mas estão no seu estado latente, para emergirem
futuramente em toda a sua plenitude".
Nenhum comentário:
Postar um comentário