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sábado, 29 de dezembro de 2012

13. "As Vidas Sucessivas"



13

‘As Vidas
Sucessivas’

por  Adauto de Oliveira Serra

 Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira

1943


RICHET


            Este célebre fisiologista, em sua monumental e controvertida obra - "Tratado de Metapsíquica", relata inúmeros "casos espíritas", aos quais chamou INCOMPREENSIVEIS!

            Richet que "batizou" com denominações próprias os fatos por ele estudados, tais como xenoglossia, ectoplasmia, etc., foi, até certo ponto, mais desleal que Maeterlinck. Este último foi sincero em suas observações e nunca titubeou em reconhecer a Verdade onde ela se fazia notar.

            É no próprio "Tratado", que vamos encontrar o "caso" de Laura Edmonds, filha do Juiz Edmonds, presidente do Senado Norte Americano e membro da Corte de Justiça de Nova York. Esta jovem exteriorizou-se em sânscrito, língua antiquíssima, completamente ignorada por ela e por todos os presentes. Mais uma vez somos obrigados a afastar a hipótese telepática.

            Richet, à pag. 13 do seu' "Traíte", classifica em 3 ordens os fenômenos por ele estudados:

            "1º  CRIPTESTESIA - Clarividência; que é  faculdade de conhecimento sensorial, diferente das faculdades de conhecimentos sensórias, normais.

            2º TELEQUINESIA - ação mecânica diferente das forças mecânicas conhecidas e que se exercem sem contato, à distancia, em condições determinadas, sobre objetos ou pessoas.

            3º ECTOPLASMIA - (Materialização): formação de objetos diversos, que, com frequência parecem sair do corpo humano, e tomam a aparência de uma realidade material (vestidos, véus, corpos vivos)." 

            Depois disso, ainda e sempre, está de pé a hipótese espírita, pois se ele Richet não a perfilha, nem por isso foi capaz de explicar esses fenômenos de outra maneira.
            Assim que, à pág. 509, confessa: "Não quero de forma alguma entrar em considerações que mais diriam respeito à Metapsíquica", ressalvando os seus escrúpulos de sábio ainda não despido de preconceitos.

            Reconhece ele, entretanto, que "há premonições, mas se são devidas à inteligência humana ou a outras forças, é impossível, atualmente, decidir."

            Por esses motivos, apesar de ter sido o pai etimológico da fenomenologia espírita, é que o consideramos menos sincero que Maeterlinck. E ficaríamos no incompreensível se déssemos crédito ás suas afirmações. 

            Contudo, o Richet de "A Grande Esperança", é bem diferente, onde ele já reconhece e aceita o poder terapêutico dos passes espíritas.

            Veja-se o que diz em "A Grande Esperança", págs. 99 a 101: "É facílimo dizer que se enganaram e que foram enganados "(os sábios)". É uma objeção que está à altura do primeiro sabichão que aparece. Quando o grande William Crookes relata ter visto, em seu Iaboratórío, Katie King fantasma, capaz de se mover, de respirar ao lado do seu médium Florence Cook, o dito sabichão pode erguer os ombros e dizer: - "É impossivel. O bom senso faz-me afirmar que Crookes foi vítima de uma ilusão. Crookes é um imbecil". Mas esse pobre sabichão não descobriu nem a matéria radiante, nem o tálio, nem as ampolas que transmitem a luz elétrica. E assim, minha escolha está feita. Se o sabichão disser que Crookes é um farsante ou louco, serei eu quem sacudirá os ombros. E, pouco importa que, rebocados pelo sabichão, uma multidão de jornalistas - que nada viram, nada estudaram, nem nada aprofundaram - diga que a opinião de Crookes de nada vale. Não me admirarei" .

            "Se Crookes ainda estivesse só! Mas não! Há uma nobre plêiade de sábios (grandes sábios), que presenciaram esses fenômenos extraordinários. Em lugar de fazer essa simples suposição que eles presenciaram do inabitual, poderei considera-los cretinos ou mentirosos?"

            "Stainton Meses, homem de uma piedade rara, de elevada moralidade, com seu amigo Speer e Mme. Speer, anotou diariamente, durante dez anos, fenômenos que ele observava consigo próprio. E isso apesar dos riscos que sua audácia o fazia correr."

            "Os fenômenos produzidos por Eusápia Paladino foram afirmados e confirmados por toda uma série de ilustres experimentadores, por Bottazzi, Fôa, Herlitzka, professores de fisiologia nas Universidades italianas; pelo célebre Lombroso, por sir Oliver Lodge, por Ochorovicz, por Fr. Myers, Camille Flammarion, Schrenck-Notizing, Albert de Rochas. O testemunho de um só desses grandes homens seria suficiente. Então, quando eles se reúnem numa mesma afirmação, irei eu dar ouvidos às criticas infantis que se resumem quase todas nesta pequena frase ingênua: "não é possível".  

            "E por que não é possível?"

            "Unicamente porque não é habitual."

            "Na Alemanha, o grande matemático Zollner, presidiu com Slade, fenômenos realmente estranhos .“

            "Meu distinto amigo Dr. Gibier, diretor do Instituto Pasteur de Nova York, constatou fenômenos semelhantes com Mme. Salmon".

            "Geley obteve, com Kluski, surpreendentes modelagens que toda a habilidade mecânica dos modeladores não poderia reproduzir, e que só se explicam pela desmaterialização de formas moldadas.

            "Quanto aos fenômenos mentais de adivinhação, de leitura do pensamento, de premonição, citarei os nomes de William James, de sir Oliver Lodge, de Mme. Sidwick, de Schrenck-Notzing, de Frederic Myers, de Osty, de Flammarion. No decurso deste livro farei referências de algumas de suas constatações, mas desde já afirmo que a autoridade desses sábios é suficiente para, "a priorí", fazer-nos admitir que eles não se enganaram completamente."

            "Repito: trata-se de homens versados em ciências experimentais, tendo o espirito constantemente alerta para com a série de todas as fraudes possíveis.”

            "As objeções dos jornalistas de pasquins que negam a realidade dos fatos, são da mesma espécie das objeções feitas à realidade dos meteoritos." 

            E, logo adiante, à pág. 103: - "Poderá um jornalista adivinhar o que pensa um fisiologista quando presencia (como eu presenciei) uma expansão sair do corpo do médium, prolongar-se formando duas pernas estranhas que se fixam sobre o solo, emitindo depois mais alguns prolongamentos que tomam aos poucos a forma de mão, da qual se distinguem vagamente os ossos sentindo sua pressão sobre os joelhos?"

            Na pág. 186, Richet relata uma sessão que realizou com a médium Marta Béraud (Eva) durante a qual houve a materialização de uma mão: (ectoplasmia do "Traité", pag. 672).

            Richet, na pág. 197, relata mais uma experiência: "Em primeiro lugar citarei uma bela experiência feita em minha casa, em presença de Myers, por Mme. Thompson. Ela adormeceu e tomou a personalidade de Nelly, sua filha morta. Meu filho Georges achava-se presente. Entregamos a Mme. Thompson o relógio de meu filho; imediatamente ela diz: "há sangue sobre este relógio... vejo três gerações misturadas".

            "É impossível exprimir-se melhor. Esse relógio pertencera a um irmão de minha mulher. Georges Aubry, morto na batalha de Vendôme em 1870. O pai de Georges guardara esse relógio e dera-o a meu filho, seu neto".

            E já quase no fim do livro, à pág. 233, Richet diz: "Há muitos fenômenos absurdos, porém incontestáveis e, conquanto a ciência oficial ainda não os receba em seu seio zeloso, não há dúvida que daqui a alguns anos dará lugar ao inabitual criptestesias, telepatias, lucidez, alucinações verídicas, assombrações, telequinesias, fantasmas materializados, xenoglossias, premonições. Tudo isso está bem autenticado e deve-se reconhecer que o inabitual existe."

            Ao poder supranormal do médium, Richet chama de "sexto sentido". Entretanto, faz notar, é um sentido que não possui seu órgão correspondente. ..

            Talvez por isso mesmo, já alguém disse: "A ciência moderna conduz à confusão do pensamento, que se perde no mundo que lhe descerrara ela e sepulta-se em sua vitória.”

            A ciência deve muito do seu fracasso ao ceticismo com que foi estudada e ao materialismo de seus investigadores, bem como ao indiferentismo com que é sempre recebida.

            O subconsciente é a caixa de descarga das evasivas materialistas. Para ele atiram todas as comunicações de Espíritos, mesmo as mais estranhas e impressionantes, desconhecidas dos médiuns e ignoradas dos assistentes.

            Mas, se o conhecimento exteriorizado pelo médium não foi adquirido na atual existência, só poderia ter provindo de suas vidas anteriores. Então, vem o Espirito do Dr. Bezerra de Menezes, por intermédio da psicografia de Chico Xavier, ensinar mais uma vez esta geração "adúltera e má": "O mundo subconsciente não se acha subordinado à função de nenhum órgão. Ele representa a súmula dos conhecimentos do ser em suas existências passadas, consubstanciadas na inteligência operadora e criadora. Ele é a câmara secreta onde todas as experiências se arquivam, para emergirem em futuro próximo ou longínquo. A vossa ciência não conhece o homem integral porquanto o esquecimento a que se acham submetidos os encarnados não deixa que se possa entrever a alma total. A subconsciência é o mundo da alma em sua existência extraterrestre. Podeis conceber isto ponderadamente. O aparelho respiratório existe no feto, que dele se não serve, em virtude do meio não comportar o seu uso. Ele, porém, está latente no homem embrionário. Assim são as faculdades espirituais. Não aparecem, em nossa vida comum, porquanto o ambiente atual ainda não as comporta; mas estão no seu estado latente, para emergirem futuramente em toda a sua plenitude".



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