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‘As
Vidas
Sucessivas’
por Adauto de Oliveira Serra
Livraria Editora da Federação Espírita
Brasileira
1943
NO EVANGELHO
Reencarnação,
metempsicose, paligenesia (renascimentos sucessivos dos mesmos indivíduos), transmigração das almas, vidas sucessivas, espiritualmente, são
sinônimos. O Espírito continuando a evolução e o aperfeiçoamento da criatura
pelo seu próprio esforço usando, e muitas vezes abusando, da liberdade que as
leis de Deus lhe proporcionam, pode levá-la à perfeição através do tempo e do
espaço, neste ou noutros mundos habitáveis, dando vida a inúmeros corpos que
constituem o instrumento de sua marcha ascensional.
A
lição mais clara e insofismável sobre a reencarnação, encontramo-la nos
Evangelhos. E é o próprio Jesus quem ensina a Nicodemos - Mestre em Israel -
que "importa nascer outra vez": João III – 3ª 10. E quando Nicodemos
se admira de que um velho possa entrar de novo no ventre de sua mãe, Jesus
esclarece: "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito
é espirito. Aquele que não renascer da água e do Espírito, não pode entrar no
reino de Deus."
Por
estas palavras se compreende que é necessário o renascimento da carne (reencarnação)
e do Espírito (uma nova vida) para que possamos atingir a perfeição.
Só
assim compreenderemos, como sendo Deus Justo e Bom, permite a seus filhos
nascerem cegos e aleijados, como no caso do cego de nascença; João, IX - 1 e 2.
Este estava expiando faltas cometidas em existências anteriores, uma vez que na
atual. "nem ele nem seus pais haviam pecado."
É
ainda Jesus quem ensina que João Batista era Elias ressuscitado; Mateus, XI -
14; idem, XVII - 11.
A
crença reencarnacionista era tão comum aos concoevos (Os que têm idade cronológica igual) de Jesus, que o
povo pensava ser ele, Jesus, a reencarnação de algum profeta: Mateus, XVI - 14.
.
O
próprio Herodes considerava Jesus uma reencarnação de João Batista; Mateus, XIV
- 2.
A
questão dos parentescos também é afastada, quando os saduceus interrogam o
Mestre sobre a ressurreição. Mateus. XXII - 23 a 30. E Jesus dizendo que na
ressurreição não haveria casamentos, pois todos seriam como os anjos de Deus,
(Espíritos puros), quis ensinar que os Espíritos são todos irmãos, uma vez desencarnados,
pois os únicos parentescos existentes são os de consanguinidades e os afins, no
mundo material em que vivem.
Para
o Espírito não há o fator tempo, assim como não tem sexo, é como o anjo (sem
asas, bem entendido), Espírito que vive a vida espiritual.
Todos
os de boa vontade e boa intensão, devem consultar os capítulos aqui citados,
para que julguem melhor, lendo-os por inteiro e no próprio texto, notando lhes
a concordância: Mateus, XI -14; idem, XVII - 10; Marcos, VI - 15: idem, IX - 10
e Lucas, IX - 8.
Jesus
ainda esclarece Nicodemos sobre o esquecimento das vidas passadas, dizendo:
"O vento assopra onde quer e ouves a sua voz: assim é todo aquele que é
nascido do espírito", isto é ao tomar um novo corpo, esquece durante o
tempo que estiver encarnado todo o seu passado: João, III - 8.
Entretanto,
há muitos encarnados, que conservam reminiscências e recordações intuitivas que
incidem poderosamente na sua existência atual.
Temos
várias vidas, centenas ou milhares, neste ou noutros mundos, para, através
delas, irmos aprendendo, evoluindo, aperfeiçoando, em marcha ascendente, impossível
de realizar numa única etapa, mormente para aqueles que desencarnam
prematuramente.
Tudo
isso vingará através de lutas incessantes e de trabalhos exaustivos, de erros e
quedas, para que tenhamos o mérito do esforço próprio e possamos atingir a perfeição que Jesus nos
deseja: .. Sede perfeitos como perfeito é o Pai que está nos céus":
Mateus, V - 48.
O
berço tem seu ontem e a tumba o seu amanhã - disse acertadamente Victor Hugo.
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