domingo, 16 de dezembro de 2012

4. 'As Vidas Sucessivas'



4

‘As Vidas
Sucessivas’

por  Adauto de Oliveira Serra

 Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira

1943



NO EVANGELHO


            Reencarnação, metempsicose, paligenesia (renascimentos sucessivos dos mesmos indivíduos), transmigração das almas, vidas sucessivas, espiritualmente, são sinônimos. O Espírito continuando a evolução e o aperfeiçoamento da criatura pelo seu próprio esforço usando, e muitas vezes abusando, da liberdade que as leis de Deus lhe proporcionam, pode levá-la à perfeição através do tempo e do espaço, neste ou noutros mundos habitáveis, dando vida a inúmeros corpos que constituem o instrumento de sua marcha ascensional.

            A lição mais clara e insofismável sobre a reencarnação, encontramo-la nos Evangelhos. E é o próprio Jesus quem ensina a Nicodemos - Mestre em Israel - que "importa nascer outra vez": João III – 3ª 10. E quando Nicodemos se admira de que um velho possa entrar de novo no ventre de sua mãe, Jesus esclarece: "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espirito. Aquele que não renascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus."

            Por estas palavras se compreende que é necessário o renascimento da carne (reencarnação) e do Espírito (uma nova vida) para que possamos atingir a perfeição.

            Só assim compreenderemos, como sendo Deus Justo e Bom, permite a seus filhos nascerem cegos e aleijados, como no caso do cego de nascença; João, IX - 1 e 2. Este estava expiando faltas cometidas em existências anteriores, uma vez que na atual. "nem ele nem seus pais haviam pecado."

            É ainda Jesus quem ensina que João Batista era Elias ressuscitado; Mateus, XI - 14; idem, XVII - 11.

            A crença reencarnacionista era tão comum aos concoevos (Os que têm idade cronológica igual) de Jesus, que o povo pensava ser ele, Jesus, a reencarnação de algum profeta: Mateus, XVI - 14. .

            O próprio Herodes considerava Jesus uma reencarnação de João Batista; Mateus, XIV - 2.

            A questão dos parentescos também é afastada, quando os saduceus interrogam o Mestre sobre a ressurreição. Mateus. XXII - 23 a 30. E Jesus dizendo que na ressurreição não haveria casamentos, pois todos seriam como os anjos de Deus, (Espíritos puros), quis ensinar que os Espíritos são todos irmãos, uma vez desencarnados, pois os únicos parentescos existentes são os de consanguinidades e os afins, no mundo material em que vivem.

            Para o Espírito não há o fator tempo, assim como não tem sexo, é como o anjo (sem asas, bem entendido), Espírito que vive a vida espiritual.

            Todos os de boa vontade e boa intensão, devem consultar os capítulos aqui citados, para que julguem melhor, lendo-os por inteiro e no próprio texto, notando lhes a concordância: Mateus, XI -14; idem, XVII - 10; Marcos, VI - 15: idem, IX - 10 e Lucas, IX - 8.

            Jesus ainda esclarece Nicodemos sobre o esquecimento das vidas passadas, dizendo: "O vento assopra onde quer e ouves a sua voz: assim é todo aquele que é nascido do espírito", isto é ao tomar um novo corpo, esquece durante o tempo que estiver encarnado todo o seu passado: João, III - 8.

            Entretanto, há muitos encarnados, que conservam reminiscências e recordações intuitivas que incidem poderosamente na sua existência atual.

            Temos várias vidas, centenas ou milhares, neste ou noutros mundos, para, através delas, irmos aprendendo, evoluindo, aperfeiçoando, em marcha ascendente, impossível de realizar numa única etapa, mormente para aqueles que desencarnam prematuramente.

            Tudo isso vingará através de lutas incessantes e de trabalhos exaustivos, de erros e quedas, para que tenhamos o mérito do esforço próprio e  possamos atingir a perfeição que Jesus nos deseja: .. Sede perfeitos como perfeito é o Pai que está nos céus": Mateus, V - 48.

            O berço tem seu ontem e a tumba o seu amanhã - disse acertadamente Victor Hugo.











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