O Administrador Infiel - Parábola
16,1 Disse Jesus
aos seus discípulos: “-Havia um homem
rico que tinha um administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os
seus bens;
16,2 Ele chamou o administrador e lhe disse: -Que ouço dizer de ti ?
Dá conta da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens.
16,3
O administrador refletiu, então, consigo: -Que farei, visto que meu patrão me
tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha.
16,4 Já
sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for despedido do emprego.
16,5 Chamou, pois,
separadamente, a cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao primeiro: -Quanto deves a meu patrão?
16,6 Ele respondeu:
-Cem medidas de azeite. Disse-lhe o administrador: -Toma a tua conta, senta-te
depressa e escreve: Cinqüenta.
16,7 Depois, perguntou ao outro: -Tu, quanto
deves? Respondeu: -Cem medidas de trigo. Disse-lhe o administrador: -Toma os teus papéis e escreve: Oitenta;
16,8 E o proprietário
admirou a astúcia do administrador; porque os filhos deste mundo são mais prudentes que os filhos da luz no trato com
seus semelhantes;”
16,9 Também vos digo: “-Granjeai amigos com as riquezas da
injustiça, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos."
Para
Lc (16,2) - Dá conta da tua administração!
- lemos em “Fonte Viva”, de
Emmanuel por Chico Xavier:
“Na essência, cada homem é servidor
pelo trabalho que realiza na obra do Supremo Pai, e, simultaneamente, é
administrador, porquanto cada criatura humana detém possibilidades enormes no
plano em que moureja.
Mordomo do mundo não é somente
aquele que encanece os cabelos, à frente dos interesses coletivos, nas empresas
públicas ou particulares, combatendo tricas mil, a fim de cumprir a missão a
que se dedica.
Cada inteligência da Terra dará
conta dos recursos que lhe foram confiados. A
fortuna e a autoridade não são valores únicos de que devemos dar conta hoje a
amanhã. O corpo é um templo sagrado. A saúde física é um tesouro. A
oportunidade de trabalhar é uma bênção. A possibilidade de servir é um obséquio
divino. O ensejo de aprender é uma porta libertadora. O tempo é um patrimônio
inestimável. O lar é uma dádiva do céu. O
amigo é um benfeitor. A experiência benéfica é uma grande conquista.
A ocasião de viver em harmonia com o
Senhor, com os semelhantes e com a Natureza é uma glória comum a todos.
A hora de ajudar os menos
favorecidos de recursos ou entendimento é valiosa.
O chão para semear, a ignorância
para ser instruída e a dor para ser consolada são apelos que o Céu envia sem
palavras ao mundo inteiro.
Que fazes, portanto, dos talentos
preciosos que repousam em teu coração, em tuas mãos e no teu caminho? Vela por
tua própria tarefa no bem, diante do Eterno,
porque chegará o momento em que o Poder Divino te pedirá:
“-Dá conta de tua administração!”
Para
Lc (16,9) -Granjeai amigos com as riquezas da injustiça...,
“Pão Nosso”, de Emmanuel por Chico Xavier, nos fornece a
orientação:
“Se o homem conseguisse, desde a
experiência humana, devassar o pretérito profundo, chegaria mais rapidamente à
conclusão de que todas as possibilidades que o felicitam, em conhecimento e
saúde, provém da Bondade divina e de que a maioria dos recursos materiais, à
disposição de seus caprichos, procede da injustiça.
Não nos
cabe particularizar e, sim, deduzir que as concepções do direito humano se
originaram da influência divina, porque, quanto a nós outros, somos compelidos
a reconhecer nossa vagarosa evolução individual do egoísmo feroz para o amor
universalista, da iniquidade para a justiça real.
Bastará
recordar, nesse sentido, que quase todos os Estados terrestres se levantaram,
há séculos, sobre conquistas cruéis. Com exceções, os homens têm sido servos
dissipadores que, no momento do ajuste, não se mostram à altura da mordomia.
Eis por que Jesus nos legou a
parábola do empregado infiel, convidando-nos à fraternidade sincera para que,
através dela, encontremos o caminho da reabilitação.
O Mestre aconselhou-nos a granjear
amigos, isto é, a dilatar o círculo de simpatias em que nos sintamos cada vez
mais intensivamente amparados pelo espírito de cooperação e pelos valores
intercessórios.
Se o nosso passado espiritual é
sombrio e doloroso, busquemos simplificá-lo, adquirindo dedicações verdadeiras,
que nos auxiliem através da subida áspera da redenção.
Se não temos hoje determinadas
ligações com as riquezas da injustiça, tivemo-las, ontem, e faz-se imprescindível aproveitar o tempo para o nosso
reajustamento individual perante a
Justiça divina.”
Adiante, Emmanuel volta a referir-se
a esse versículo:
“Um homem despercebido das
obrigações espirituais julgará encontrar nesta passagem um ladrão inteligente
comprando o favor de advogados venais, de modo a reintegrar-se nos títulos
honrosos da convenção humana. Todavia, quando Jesus fala em amigos, refere-se a
irmãos sinceros e devotados, e, quando menciona as riquezas da injustiça,
inclui o passado total da criatura, com todas as lições dolorosas que o
caracterizam. Assim também, quando se reporta aos tabernáculos eternos, não os
localiza em paços celestiais.
O Mestre situou o Tabernáculo
sagrado no coração do homem.
Mais que
ninguém, o Salvador identificava-nos às imperfeições e, evidenciando imensa
piedade ante as deficiências que nos assinalam o Espírito, proferiu as divinas
palavras que nos servem ao estudo.
Conhecendo-nos
os desvios, asseverou, em síntese, que devemos aproveitar os bens transitórios,
ao alcance de nossas mãos, mobilizando-os na fraternidade legítima para que,
esquecendo os crimes e ódios de outro tempo, nos façamos irmãos abnegados uns
dos outros.
Valorizemos,
desse modo, a nossa permanência nos serviços da Terra, na condição de
encarnados ou desencarnados, favorecendo, por todos os recursos ao nosso
dispor, a própria melhoria e a elevação dos nossos semelhantes, agindo na
direção da luz e amando sempre, porquanto, dentro dessas normas de
solidariedade sublime, poderemos contar com a dedicação de amigos fiéis que, na
qualidade de discípulos mais dedicados e enobrecidos que nós, nos auxiliarão
efetivamente, acolhendo-nos em seus corações, convertidos em tabernáculos do
Senhor, ajudando-nos não só a obter novas oportunidades de reajustamento e
santificação, mas também endossando perante
Jesus as nossas promessas e aspirações, diante da vida superior.”
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