terça-feira, 8 de outubro de 2019

O Administrador infiel



O Administrador Infiel - Parábola                  

16,1 Disse  Jesus  aos seus  discípulos: “-Havia um homem rico que tinha um administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os seus bens; 
16,2 Ele chamou o administrador e lhe disse: -Que ouço dizer de ti ? Dá conta da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens. 
16,3 O administrador refletiu, então, consigo: -Que farei, visto que meu patrão me tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha. 
16,4 Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for  despedido do emprego.
16,5 Chamou, pois, separadamente, a cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao  primeiro: -Quanto deves a meu patrão?
16,6 Ele respondeu: -Cem medidas de azeite. Disse-lhe o administrador: -Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve: Cinqüenta. 
16,7 Depois, perguntou ao outro: -Tu, quanto deves? Respondeu: -Cem medidas de trigo. Disse-lhe o administrador: -Toma os teus papéis e escreve: Oitenta;
16,8 E o proprietário admirou a astúcia do administrador; porque os filhos deste mundo são mais prudentes que os filhos da luz no trato com seus semelhantes;” 
16,9 Também vos digo: “-Granjeai amigos com as riquezas da injustiça, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos."

            Para Lc (16,2) - Dá conta da tua administração! - lemos em “Fonte Viva”, de Emmanuel por Chico Xavier:

            “Na essência, cada homem é servidor pelo trabalho que realiza na obra do Supremo Pai, e, simultaneamente, é administrador, porquanto cada criatura humana detém possibilidades enormes no plano em que moureja.

            Mordomo do mundo não é somente aquele que encanece os cabelos, à frente dos interesses coletivos, nas empresas públicas ou particulares, combatendo tricas mil, a fim de cumprir a missão a que se dedica.

            Cada inteligência da Terra dará conta dos recursos que lhe foram confiados. A fortuna e a autoridade não são valores únicos de que devemos dar conta hoje a amanhã. O corpo é um templo sagrado. A saúde física é um tesouro. A oportunidade de trabalhar é uma bênção. A possibilidade de servir é um obséquio divino. O ensejo de aprender é uma porta libertadora. O tempo é um patrimônio inestimável. O lar é uma dádiva do céu. O  amigo é um benfeitor. A experiência benéfica é uma grande conquista.

            A ocasião de viver em harmonia com o Senhor, com os semelhantes e com a Natureza é uma glória comum a todos.

            A hora de ajudar os menos favorecidos de recursos ou entendimento é valiosa.

            O chão para semear, a ignorância para ser instruída e a dor para ser consolada são apelos que o Céu envia sem palavras ao mundo inteiro.

            Que fazes, portanto, dos talentos preciosos que repousam em teu coração, em tuas mãos e no teu caminho? Vela por tua própria tarefa no bem, diante do Eterno, porque chegará o momento em que o Poder Divino te pedirá:

           “-Dá conta de tua administração!”

         Para Lc (16,9) -Granjeai amigos com as riquezas da injustiça...,  “Pão Nosso”, de Emmanuel por Chico Xavier, nos fornece a orientação: 
                       
            “Se o homem conseguisse, desde a experiência humana, devassar o pretérito profundo, chegaria mais rapidamente à conclusão de que todas as possibilidades que o felicitam, em conhecimento e saúde, provém da Bondade divina e de que a maioria dos recursos materiais, à disposição de seus caprichos, procede da injustiça.

            Não nos cabe particularizar e, sim, deduzir que as concepções do direito humano se originaram da influência divina, porque, quanto a nós outros, somos compelidos a reconhecer nossa vagarosa evolução individual do egoísmo feroz para o amor universalista, da iniquidade para a justiça real.

            Bastará recordar, nesse sentido, que quase todos os Estados terrestres se levantaram, há séculos, sobre conquistas cruéis. Com exceções, os homens têm sido servos dissipadores que, no momento do ajuste, não se mostram à altura da mordomia.

            Eis por que Jesus nos legou a parábola do empregado infiel, convidando-nos à fraternidade sincera para que, através dela, encontremos o caminho da reabilitação.

            O Mestre aconselhou-nos a granjear amigos, isto é, a dilatar o círculo de simpatias em que nos sintamos cada vez mais intensivamente amparados pelo espírito de cooperação e pelos valores intercessórios.

            Se o nosso passado espiritual é sombrio e doloroso, busquemos simplificá-lo, adquirindo dedicações verdadeiras, que nos auxiliem através da subida áspera da redenção.
            Se não temos hoje determinadas ligações com as riquezas da injustiça, tivemo-las, ontem, e faz-se imprescindível aproveitar o tempo para o nosso reajustamento individual perante a  Justiça divina.”

            Adiante, Emmanuel volta a referir-se a esse versículo:

            “Um homem despercebido das obrigações espirituais julgará encontrar nesta passagem um ladrão inteligente comprando o favor de advogados venais, de modo a reintegrar-se nos títulos honrosos da convenção humana. Todavia, quando Jesus fala em amigos, refere-se a irmãos sinceros e devotados, e, quando menciona as riquezas da injustiça, inclui o passado total da criatura, com todas as lições dolorosas que o caracterizam. Assim também, quando se reporta aos tabernáculos eternos, não os localiza em paços celestiais.

            O Mestre situou o Tabernáculo sagrado no coração do homem.

            Mais que ninguém, o Salvador identificava-nos às imperfeições e, evidenciando imensa piedade ante as deficiências que nos assinalam o Espírito, proferiu as divinas palavras que nos servem ao estudo.

            Conhecendo-nos os desvios, asseverou, em síntese, que devemos aproveitar os bens transitórios, ao alcance de nossas mãos, mobilizando-os na fraternidade legítima para que, esquecendo os crimes e ódios de outro tempo, nos façamos irmãos abnegados uns dos outros.

            Valorizemos, desse modo, a nossa permanência nos serviços da Terra, na condição de encarnados ou desencarnados, favorecendo, por todos os recursos ao nosso dispor, a própria melhoria e a elevação dos nossos semelhantes, agindo na direção da luz e amando sempre, porquanto, dentro dessas normas de solidariedade sublime, poderemos contar com a dedicação de amigos fiéis que, na qualidade de discípulos mais dedicados e enobrecidos que nós, nos auxiliarão efetivamente, acolhendo-nos em seus corações, convertidos em tabernáculos do Senhor, ajudando-nos não só a obter novas oportunidades de reajustamento e santificação, mas também endossando perante  Jesus as nossas promessas e aspirações, diante da vida superior.”

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