Cuidemos
de Nós
por LUX
Reformador
(FEB) Jan 1920
Em 1907, com esta epígrafe, trazendo a assinatura
‘Luziar’, o ‘Jornal Espírita’ que se publicava
em Juiz de Fora, inseriu a página que, linhas abaixo, transcrevemos; por se nos
afigurar oportuna nos indecisos tempos que correm, sendo a mesma precedida da
seguinte dedicatória: “Aos que mais quero, aos meus irmãos e aos que me não queiram,
com todo o fervor de minha obscura existência, rogando ao Pai bênçãos de luz que
nos esclareçam, esta humilde página consagro, alimentando, apenas, um desejo: QUE
A HUMANIDADE CAMINHE SEGUNDO AS LEIS DO SENHOR.”
Eis
a página:
I
“Crer, amar e progredir, eis a divisa
que ora vos trago e que também adoto.
Acreditemos em Deus, com o maior carinho
de nossa vida; a Ele nos consagremos em todos os atos, por forma tal que nosso
pensamento não cesse de O procurar e que nossa vontade se não faça enquanto a
dEle se não fizer em nós!
II
Amemos os nossos semelhantes com o
amor com que nos queremos para a Vida Eterna.
Amemos com virtude, com a virtude
moral que nos deve enriquecer a vida íntima, tornando-nos
respeitosos e complacentes, resignados, humildes e submissos para com Deus, à cuja
Vontade se deve subordinar a nossa; resignados, quando nos virmos sob o lMPÉRlO
DA DORES, porque o sofrimento é nosso, adquirido por NOSSAS FALTAS. Regenerador
de nossas almas que, purificadas, te elevarão para o Grande Ser.
III
Sejamos complacentes e respeitosos:
complacentes à imperfeição de nossos semelhantes,
dos quais não devemos murmurar, pois, somos imperfeitos e nem sempre NOS
JULGAMOS A NÓS MESMOS!
Sejamos respeitosos para conosco:
não nos deixemos dominar por sentimentos ambiciosos e de perversidade que os ESPÍRITOS
DA TREVA nos sugerem.
Amemos, portanto, os nossos semelhantes
com o pensamento em Deus suplicando-Lhe por todos, a fim de sermos rodeados e
queridos pelos trabalhadores da Sagrada Vinha, pois, praticaremos a mais bela
das virtudes – CARIDADE.
IV
Operemos o nosso
progresso: façamos tudo quanto nos tem sido recomendado pelas observações
cristãs, atendendo-as com amor, virtude e perseverante trabalho.
Não olvidemos o dia de AMANHÃ, em
verdade vos quero falar, embora, - ai de mim - reconhecendo que sou muito
imperfeito, pois, a meu ver, não tarda o Dia em que seremos julgados segundo os
nossos atos: uma voz, que ainda ouço, me falou e creio que era verdadeira por que
meu pensamento estava em Deus.
Referindo-se Aquele que nos vem
chamar ao cumprimento da Vida Espiritual, quando eu julgava de minhas ações, num
exame de consciência, a voz, que me falou. Assim me fez escrever:
Ele!
Quando Ele aparecer
em toda a sua luz,
Realizando o ideal
da existência em que está:
Quando o Tempo lhe
vier, o ambicionado Tempo
Que mui longo se fez
e perto já se vê;
Quando o DIA
surgir, esse Dia de Paz,
De Justiça, de
Amor, de Esperança e de Prêmio,
Aos que seguem na
terra a jornada de dor;
Quando calma, feliz,
a alvorada da Vida
Se lhe fizer
presente - esse querido instante
Em que vai realizar
o que lhe está predito;
Quando Ele aparecer
em toda sua luz,
Misterioso fulgor,
esplêndido clarão,
Numa Graça de Deus,
numa bênção de Amor;
Quando ele aparecer
da “provação” aceita
Ressurgindo da TREVA
em que o “supõe” perdido,
Inútil, conturbado,
e sem governo já;
Quando Ele aparecer
em todo o seu brilho,
Afugentando o MAL e
proclamando o BEM...
Vós outros que O
trazeis em soberba censura.
O que ‘aplaudis’
ontem e O ‘criminais’ agora;
Vós que sois da calúnia
intrépidos arautos,
Vós que sois da
MENTIRA interpretes fieis;
Vós todos que O apontais
em vossos defeitos todos,
E esqueceis,
entretanto, a imperfeição que é vossa;
Vós que não cultivais
os sentimentos bons,
E no rosto trazeis
a máscara da bondade...
Vós que O tendes
deixado imerso na tristeza,
Porque é quem se acusa
e não O defendeis!
Quando Ele aparecer
- ó vós que sois bons!
Quando Ele aparecer
à luz do Grande- Dia,
Conduzidos sereis à
cadeira doa réus
Que Ele quis ocupar
para poder julgar-vos!
E o dia já se
faz... o Dia da Sentença!
Em que Ele vai surgir
– ó vós que o condenais!
................................................................................
Quando Ele aparecer
na Luz que Deus lhe dá,
Nesse dia de Paz,
de Justiça e de Amor,
Aos humildes buscando
e confundindo os grandes;
Quando Ele aparecer,
Exaltado por Deus,
No horror da confusão
- almas pobres de Luz:
Então exclamareis envergonhados
– Ele?”
Considerando o que acima está e que,
talvez, nos seja de bom aviso, uma frase me ocorre à imaginação e, com ela, se conclua
a presente página: O DESCUIDO CRIMINOSO E DEPLORÁVEL dos deveres espirituais, é causa da infelicidade dos povos e dos que se
vão para outra vida.
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