Os Magos em Adoração
2,1 Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá,, no tempo do Rei Herodes, eis que magos vieram do Oriente a Jerusalém. 2,2 Perguntaram eles: -Onde está o Rei dos Judeus que acaba de nascer ? Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo. 2,3 A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele. 2,4 Convocou os sacerdotes e os escribas do povo e indagou deles onde havia de nascer o Cristo 2,5 Disseram-lhe:“ -Em Belém, na Judéia, porque assim foi escrito pelo Profeta: 2,6 E Tu, Belém, Terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo. (Miq 5,2)” 2,7 Herodes, então, chamou secretamente os magos e perguntou-lhes sobre a época exata em que o astro lhes tinha aparecido 2,8 E, enviando-os a Belém, disse: Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo. 2,9 Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E, eis que a estrela, que tinham visto no Oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino, e ali parou. 2,10 A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria. 2,11 Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se diante Dele, O adoraram. Depois, abriram seus tesouros, oferecendo-Lhe como presentes: ouro, incenso e mirra. 2,12 Avisados em sonhos de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho.
Para Mt (2,1-12), -Vimos sua estrela... - A. Kardec, em seu livro “A Gênese”, aclara:
“ ... a luz não podia ser uma estrela. Na época em que o fato ocorreu, era possível acreditassem que fosse, porquanto então se cria serem as estrelas pontos luminosos pregados no firmamento e suscetíveis de cair sobre a Terra; não hoje, quando se conhece a natureza das estrelas.
Entretanto, por não ter como causa a que lhe atribuíram, não deixa de ser possível o fato da aparição de uma luz com o aspecto de uma estrela. Um Espírito pode aparecer sob a forma luminosa, ou transformar uma parte do seu fluido perispirítico em foco luminoso. Muitos fatos desse gênero, modernos e perfeitamente autênticos, não procedem de outra causa, que nada apresenta de sobrenatural.”
Para Mt ( 2,1-12 ), - Os Magos em Adoração - atentemos a “Elucidações Evangélicas” (Ed. FEB), de Antônio Luiz Sayão :
“A explicação desses fatos se encontra na existência de faculdades mediúnicas, da mediunidade em pleno desenvolvimento, o que só é objeto de dúvida, ou de negação para quem não se quer dar ao trabalho de experimentar e observar. E não vale a pena se pretenda convencer os que julgam e sentenciam sem exame, as mais das vezes, unicamente porque o de que aqui se trata lhes fere o orgulho, ou contraria os interesses.
Os pastores, como médiuns videntes e audientes que eram, viam e ouviam, sob a influência do magnetismo espiritual, que os punha em estado de êxtase, por efeito do completo desprendimento de seus Espíritos. Viram assim os fluidos luminosos que em derredor deles espalharam os Espíritos do Senhor e que os cercavam de grande claridade. Ou, então, tiveram lucidez bastante para ver a luminosidade que se irradiava daqueles Espíritos. Não percebendo a causa de semelhante luminosidade, tomaram-na por uma manifestação do próprio Deus, donde lhe chamarem - claridade de Deus.
De tais fatos não podemos duvidar, nós que sabemos possíveis, como efeitos do magnetismo produzindo o sonambulismo, e que deles temos tido a comprovação pela experiência, em que pese aos sábios em Israel e ao sacerdócio romano.
Quanto aos Magos, também eram grandes médiuns e, por isso mesmo, é que tinham aquela denominação. Como médiuns, viram no espaço uma luz viva, que tomaram pela de uma estrela.
Em conseqüência dessa suposta estrela mostrar-se animada de um movimento de translação, segunda uma certa diretriz, foi considerada e chamada “milagrosa”, causando pasmo aos sábios caldeus, versados em astrologia. Que não era estrela demonstra-o aquele próprio movimento especial, porquanto, para admitirmos que o fosse, houvéramos de admitir que um mundo, pois que uma estrela é um mundo, pode afastar-se da sua órbita da gravitação, para se movimentar no espaço, qual farol a orientar um viajor.
Foi a “estrela” de que fala a velha doutrina de Zoroastro, o reformador do Magismo, religião dos antigos persas e partos, o qual recomendou aos Magos que levassem oferendas ao rei menino. Foi a estrela de Jacob, mencionada na visão de Balaão. Era, como diz Santo Agostinho, o símbolo da luz nova que surgia para o mundo e que ofuscaria a do próprio Sol. Era a muda linguagem do céu, narrando a glória de Deus e firmando o pacto da Virgem.
E, tudo assim se passou, de acordo com a época, visto que esta era a em que vigorava a crença geral de que a todo nascimento na Terra presidia sempre uma boa ou má estrela. Hoje, porém, que os nossos sábios nada mais têm que aprender, porque tudo sabem, os fatos a que nos referimos, ou são impossíveis, ou não merecem que lhes dêem importância, porque não passam de fruto do fanatismo. Por outro lado, os fariseus dos tempos atuais, os doutores da Igreja Católica os dão como “milagres”, ou, seja, coisas sobrenaturais.
Entretanto, os ditos fatos têm uma explicação científica, natural, que prescinde inteiramente do recurso ao milagre, de que há séculos se valem os homens do Sylabus, para os quais pedimos a Deus um raio de luz e os eflúvios da sua infinita misericórdia.
A luz que guiou os Magos não era, pois, a de uma estrela, isto é, de um desses mundos que povoam o firmamento. Era apenas uma concentração de fluidos luminosos; era um efeito ótico, produzido pelos Espíritos do Senhor, de modo que aos olhos dos Magos se afigurasse a cintilação de uma estrela.
Cumpre, entretanto, notar que eles bem sabiam serem tais efeitos manifestações dos Espíritos ou manifestações espiríticas, porquanto eram médiuns conscientes, conheciam o Magnetismo e o Sonambulismo. Acresce que tiveram em sonho a revelação do advento do Messias. Ficaram, porém, na dúvida, e desejaram ter uma prova da realidade do que haviam sonhado. Foi quando lhes surgiu ante os olhos a estrela. Desde então não mais duvidaram e se puseram a caminho de Belém, afrontando todos os perigos e fadigas. Montados em dromedários, deixaram para trás de si a cidade dos seleucitas e a arrojada Babilônia, e entraram na Palestina.
Conduzidos sempre por aquela luz, semelhante à que, no Mar Vermelho, alumiou as fugitivas coortes de Israel, dado lhes foi, dizem as lendas, apreciar o lastimoso estado em que se encontrava a antiga Sião, a famosa Jerusalém, envolta num manto de melancolia, vítima da cobiça humana, da ambição do mundo, do orgulho dos nobres, tomados da fúria de ostentação, dominado por tudo quanto faz que o homem olvide inteiramente a vida futura. Ah ! que os homens ainda são os mesmos! Quantos e quantos não são os que preferem a leitura de romances sem nenhum fundo moral, ou destacar-se por esses escritos de malicioso chiste que todos os dias aparecem, a dispensarem alguns minutos de atenção aos ensinos de Nosso Senhor Jesus Cristo! Os Magos, então, foram e verificaram que realmente surgira no mundo o Chefe que havia de conduzir o povo de Israel à terra da promissão. Não mais o encontraram, porém, no lugar onde se dera o seu “nascimento”, e, sim, em casa de Matias, irmão de José, o qual residia em Belém, como se deduz da ordem dada por Herodes que, orientando-se pelas informações obtidas dos Magos, ordenou a matança de todas as crianças do sexo masculino, até a idade de dois anos. Essa ordem prova que os Magos não viram o menino antes de sua circuncisão e da purificação, porquanto, do contrário, bastaria que a carnificina atingisse as crianças de, no máximo, um ano.”
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