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domingo, 19 de abril de 2015

Mediunidade Sublimada


Mediunidade Sublimada

por Francisco Thiesen
Reformador (FEB) Maio 1971

            “A mediunidade não requisitará desenvolvimento indiscriminado, mas sim, antes de tudo, aprimoramento da personalidade mediúnica e nobreza de fins, para que o corpo espiritual, modelando o corpo físico e sustentando-o, possa igualmente erigir-se em filtro leal das Esferas Superiores, facilitando a ascensão da Humanidade aos domínios da luz"
("Evolução em dois Mundos", Espírito André Luiz,
médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, pág. 137, 3ª edição da FEB).


            Francisco do Monte Alverne (Espírito), colaborador da obra da renascença da fé religiosa no coração humano, em mensagem simples e sábia nos lembra que "se há leis que presidem ao desenvolvimento do corpo, há leis que regem o crescimento da alma". "Cristo-Homem veio plasmar o Homem-Cristo". "Com ele começa a agir o escopro do verdadeiro bem, operando sobre a dureza da animalidade o gradual aperfeiçoamento da alma divina". "0 Evangelho é, por isso, o viveiro celeste para a criação de consciências sublimadas" ("Falando à Terra" médium Francisco Cândido Xavier págs. 37-8 – 2ª edição da FEB).

            A integração do médium na harmonia das leis eternas da evolução anímica é cometimento dos mais nobilitantes, mas implica a reformulação da própria existência, que passará a ser pautada no estudo e no trabalho, na renúncia de si mesmo e na dedicação ao próximo... É a trilha difícil e áspera de quem demanda as plagas do espírito, restaurando em plena viagem os danos infligidos a outrem em frustradas experiências do pretérito. Muitos se enganam, mal avaliando a extensão dos deveres que os aguardam e subestimando as investidas daqueles que os espreitam às margens do caminho.

            Ninguém enfrentará regiões desconhecidas e distantes, na Terra mesmo, sem o prévio cuidado de inteirar-se sobre os seus habitantes, usos e costumes, vantagens e inconvenientes de nelas excursionar. Por igual, nenhuma criatura criteriosa se entregará à prática medi única sem antes instruir-se a respeito das suas faculdades, dos ensinos morais da Doutrina Espírita, do Mundo Invisível e da natureza e dos fins do programa a que deverá vincular-se para sempre.

            Preliminarmente, o médium não deverá ignorar que, no Espiritismo, “a fé é raciocinada" e que tudo será examinado e ponderado, construtivamente, para que dolorosos desenganos o não surpreendam no futuro. Portanto, deverá "vigiar e orar" continuamente. "Porque a Doutrina Espírita é em si a liberalidade e o entendimento, há quem julgue seja ela obrigada a misturar-se com todas as aventuras marginais e com todos os exotismos, sob pena de fugir aos impositivos de fraternidade que veicula. Dignifica a Doutrina que te consola e liberta, vigiando-lhe a pureza e a simplicidade, para que não colabores, sem perceber, nos vícios da ignorância e nos crimes do pensamento" ("Religião dos Espíritos", Emmanuel, médium Francisco Cândido Xavier, edição da FEB). Médium algum lucrará espiritualmente participando de trabalhos de grupos e centros cujas diretrizes se não estribarem no estudo sistemático do Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo e das obras básicas da Codificação Kardequiana, e cujos programas não derem ênfase à disciplina de horário, assiduidade, autocontrole e amor cristão a todas as criaturas. Não lucrará, outrossim, dispersando atividades e energias na frequência a mais de um centro ou grupo, pois somente os mais experimentados conseguem manter-se em equilíbrio psíquico frente a variações de correntes mediúnicas.

            O Espírito André Luiz, às págs. 165-6 do livro "Mecanismos da Mediunidade", recebido por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, nos diz que "visto a distância, o homem, na arena carnal, pode ser comparado a um viajor na selva de pensamentos heterogêneos, aprendendo, por intermédio de rudes exercícios, a encontrar o próprio caminho de libertação e ascese. Mentalmente exposto a todas as influências psíquicas, é imperioso se eduque para governar os próprios impulsos, aperfeiçoando-se moral e intelectualmente, para que se lhe aprimorem as projeções". "Na floresta mental em que avança, o homem frequentemente se vê defrontado por vibrações subalternas que o golpeiam de rijo, compelindo-o à fadiga e à irritação, sejam elas provenientes de ondas enfermiças, partidas de desencarnados em posição de angústia e que lhe respiram o clima psíquico, ou de oscilações desorientadas dos próprios companheiros terrestres desequilibrados a lhe respirarem o ambiente".

            As obras de André Luiz constituem curso precioso sobre a vida espiritual e seu intercâmbio, sob todas as angulações, com a esfera dos encarnados. Noutra delas ("Nos Domínios da Mediunidade", recebida por Francisco Cândido Xavier), colhemos estes ensinos: "Cada consciência marcha por si, apesar de serem numerosos os mestres do caminho. Devemos a nós mesmos a derrota ou a vitória. Almas e coletividades adquirem as experiências com que se redimem ou se elevam ao preço do próprio esforço. O homem constrói, destrói e reconstrói destinos, como a Humanidade faz e desfaz civilizações, buscando a melhor direção para responder aos chamados de Deus". "Assim considerando, vemos no planeta milhões de criaturas sob as teias da mediunidade torturante, milhares detendo possibilidades psíquicas apreciáveis, muitas tentando o desenvolvimento dos recursos dessa natureza e raras obtendo um mandato mediúnico para o trabalho da fraternidade e da luz".

            Na verdade, o conhecimento do Espiritismo é vasto e sua aquisição se faz com estudo perseverante e aprimoramento espiritual ao longo do tempo, em condições, por vezes, as mais adversas, segundo as necessidades cármicas de cada espírito ou conforme a natureza das experiências individuais de cada consciência nas vias da sublimação ambicionada. Porque, conforme ensinamento de Emmanuel, "os ociosos do entendimento não são dignos do pão do espírito".

            O livro da médium Yvonne A. Pereira, "Recordações da Mediunidade", inspirado pelo Espírito Bezerra de Menezes, é repositório de grande valia aos médiuns, contendo as experiências de uma vida humana dedicada ao trabalho e ao estudo, com as peripécias próprias de quem entra em comunhão com o mundo invisível e busca decifrar lhe os segredos. As desilusões, os tropeços, as surpresas, episódios de outras vidas e suas consequências de acordo com a lei de ação e reação, as admoestações e conselhos dos guias, tudo nele se encontra narrado, com simplicidade, na forma de memórias da própria médium.

            A seriedade da Doutrina dos Espíritos é a garantia da tranquilidade dos seus profitentes, e só quando assim entendida e vivida assegura consolação e alegria. A sua finalidade é a transformação espiritual da Humanidade, desencarnada e reencarnada, não constituindo, por isso, mais uma religião entre as muitas que o mundo conhece, mas a Religião, o Cristianismo restaurado, vivo, atuante, buscando recolher ao redil do Senhor quantos ainda se demoram nos precipícios da ilusão e do erro.

            Os espíritas e os médiuns precisam estar sempre atentos aos problemas da obsessão, chaga terrível quase generalizada nesta época de grandes transições por que atravessa o nosso orbe. O desempenho e a orientação da atividade mediúnica não se efetuam com suficiente proveito em inexistindo razoável entendimento dos fenômenos obsessivos, sua técnica, seus mecanismos; e, inversamente, sua profilaxia, tratamento e cura, através do desdobramento de vasta, dinâmica e sábia movimentação de recursos e valores morais no campo da desobsessão. Os que lerem "Libertação", "Nos Bastidores da Obsessão" e "Dramas da Obsessão", livros recebidos pelos médiuns Francisco Cândido Xavier, Divaldo P. Franco e Yvonne A. Pereira, adquirirão conhecimentos satisfatórios à compreensão de
assunto tão complexo.

            Completando este trabalho, destinado a orientar a seleção de boas obras sobre mediunidade e obsessão aos companheiros que não dispõem de muito tempo para pesquisas, apresentamos, ainda de "Mecanismos da Mediunidade", de André Luiz, estes esclarecimentos:

            "Em Jesus e em seus primitivos continuadores, encontramos a mediunidade pura e espontânea, como deve ser, distante de particularismos inferiores, tanto quanto isenta de simonismo. Neles, mostram-se os valores mediúnicos a serviço da Religião Cósmica do Amor e da Sabedoria, na qual os regulamentos divinos, em todos os mundos, instituem a responsabilidade moral segundo o grau de conhecimento, situando-se, desse modo, a Justiça Perfeita, no íntimo de cada um, para que se outorgue isso ou aquilo, a cada Espírito, de conformidade com as próprias obras.

            "O Evangelho, assim, não é livro de um povo apenas, mas o Código de Princípios Morais do Universo, adaptável a todas as pátrias, a todas as comunidades, a todas as raças e a todas as criaturas, porque representa, acima de tudo, a carta de conduta para a ascensão da consciência à imortalidade, na revelação da qual Nosso Senhor Jesus-Cristo pregou a mediunidade sublime como agente de luz eterna, exaltando a vida e aniquilando a morte, abolindo o mal e glorificando o bem, a fim de que as leis humanas se purifiquem e se engrandeçam, se santifiquem e se elevem para a integração com as Leis de Deus". 

Grifos do Blog!

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