Direitos
e
Deveres
Conduzia o motorista seu veículo,
por movimentada rodovia, quando, ao penetrar em extensa curva, viu surgir-lhe à
frente um carro que avançava de contra mão.
― Não devo afastar-me, para dar
passagem a esse imprudente, porque estou no meu direito. É ele o transgressor
da lei; que ele, pois, arque com as consequências!...
E, assim, pela desobediência de um e
pela intransigência de outro, sucedeu o inevitável: pagaram ambos e a
destruição dos veículos dos foi o menor dano que lhes sobreveio.
Dias depois, passava pelo mesmo
local outro motorista que, por coincidência, se viu em situação análoga.
Surgiu-lhe adiante um carro que também vinha de conta mão. Disse ele, então, de
si para si:
― Cumpre-me velar, no meu próprio
benefício, pela observância da lei, tanto quanto o colega que aí vem. Mas, se
ele não sabe e não quer velar, velo eu, por mim e por ele, no benefício de nós
ambos.
E, assim, pela transigência de um, embora a
desobediência de outro, nada de grave ocorreu e puderam ambos prosseguir
tranquilamente a viagem.
É essa, com efeito, a única atitude
compatível com a economia da evolução.
Quem renuncia, jamais perde. Se perde, do ponto de vista humano, perde
apenas temporariamente, porque, cedo ou tarde, a própria vida, sob os influxos
daquela justiça imanente e indefectível, lhe restituirá, multiplicados, todos
os bens que espontaneamente transferiu a outras mãos.
Para o que compreendeu o espírito da
Lei Eterna, não há deveres que, em última análise, não se convertam em
autênticos direitos. A vida, então, deixa de ser um fardo que o destino nos
impõe carregar e a dor já não será uma punição que a justiça nos obriga a
sofrer.
No concerto da evolução, temos o
direito de escolher o papel que melhor nos aprouver e quando, por imprudência
na escolha ou negligência na execução, a dor nos visita, é ainda no uso de um
direito que isso nos ocorre: o direito de sofrer para a redenção de nossos
espíritos.
R. C.
Romanelli
in “O Primado do Espírito”
3ª edição ampliada - Ed. Síntese - 1965
Bom dia, pai. Beijo, Dé
ResponderExcluirBom dia, filho! Bjs, Pai
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