Augusto Elias da Silva
1982 - O Centenário
do “Reformador”
por Juvanir Borges de Souza
Reformador (FEB) Dezembro 1982
Soube Augusto Elias da Silva, homem
simples e prático, concretizar uma aspiração não somente sua, mas de
muitos espíritas de sua época.
Desde 1865 os espiritistas
brasileiros sentiam a necessidade de propagar a novel Doutrina dos Espíritos
através da imprensa, essa poderosa força que há séculos vem construindo ideais
e demolindo impérios. Torna-se interessante assinalar a estreita ligação entre
o Espiritismo e seu movimento, desde seu surgimento, e a imprensa,
compreendendo também o livro. Allan Kardec utilizou-os desde o início dos
trabalhos da Codificação com real proveito na divulgação dos novos
conhecimentos.
O Brasil dos fins do século XIX era
um fervilhar de ideias, conservadoras umas, revolucionárias outras. Os ideais
republicanos e abolicionistas chocavam-se com a realidade, buscavam inspiração
na experiência de outros povos e tornavam-se cada vez mais influentes,
especialmente após a Guerra do Paraguai, com a fundação do Clube Republicano,
em 1870. O conservadorismo dos partidos políticos tradicionais do império ia
sendo solapado gradativamente. Culminariam os acontecimentos com a abolição da
escravatura em 1888, seguindo-se-lhe
a queda do império e a proclamação da República, em 1889.
Transplantara-se para cá a filosofia
positivista de Augusto Comte, logo acolhida por alguns intelectuais influentes.
O Espiritismo contava já com muitos
adeptos, no Rio de Janeiro, na Bahia, em São Paulo e em outras províncias.
Algumas sociedades e grupos
espíritas surgiram do esforço criativo e pioneiro daqueles que iam buscar nas
fontes inspiradoras da Europa, especialmente na França, a orientação inicial
para a implantação dos primeiros núcleos. Mas a barreira da língua limitava a
uns poucos eruditos o acesso às obras originais francesas. Em 1869 surgira na
Bahia o primeiro órgão da imprensa espírita brasileira, infelizmente de pequena
duração - pouco mais de um ano -, "O Echo d'AIém-Túmulo", fundado e
dirigido por Luís Olímpio Teles de Menezes. A
partir de 1875 aparecem as primeiras traduções das obras básicas da
Codificação, graças aos esforços do médico Joaquim Car los Travassos, sob o
pseudônimo de "Fortúnio". A antiga Editora Garnier incumbiu-se das edições
em língua portuguesa de "O Livro dos Espíritos", "O Livro dos
Médiuns" e "O Céu e o Inferno",
todos em 1875; em 1876 era editado "O Evangelho segundo o Espiritismo".
Os núcleos de estudo e prática do
Espiritismo começam, então, a delinear seus rumos, com todos os percalços e
dificuldades dos movimentos novos. Diferentes tendências, incompreensões,
personalismos não deixaram de influir também no nascente movimento espiritista
brasileiro. Muitos trabalhadores, deslumbrados diante da beleza, da vastidão e
da abrangência da Doutrina, no seu tríplice aspecto de ciência, filosofia e
religião, deixaram-se, contudo, envolver pelas dissensões, por inexperiência.
Louváveis tentativas haviam sido
feitas, no Rio de Janeiro, com o objetivo de propagar a Doutrina através da
imprensa. Prova disso foi a "Revista Espírita", fundada e dirigida
pelo Dr. Antônio da Silva Neto, vice-presidente do "Grupo Confúcio",
a qual teve vida efêmera, aparecendo em 19 de janeiro de 1875 e desaparecendo
ao fim de seis meses. Outro tentame foi a "Revista da Sociedade Acadêmica
Deus, Cristo e Caridade", que subsistiu de janeiro de 1881 a julho de
1882.
É nesse meio tumultuado que abnegado
e tenaz seareiro português, fotógrafo de profissão, Augusto
Elias da Silva, idealiza, funda e faz circular o REFORMADOR" - "Orgam
Evolucionista", a serviço da Grande Causa.
"Abre caminho, saudando os homens do
presente que também o foram do passado e ainda hão de ser os do futuro, mais um
batalhador da paz: o "Reformador".
Com essas palavras iniciais
apresentava-se, em 21 de janeiro de 1883, o novo órgão da imprensa espírita,
terminando por afirmar, peremptoriamente, em seu primeiro editorial:
"Pelas
considerações que acabamos de fazer e que constituem a nossa profissão de fé,
os nossos leitores, coevos e vindouros, ficam cientes de que, alumiados pela
luz da Doutrina Espírita, somos evolucionistas essencialmente
progressistas."
Batalhador da paz, à luz do
Espiritismo, com vocação essencialmente progressista, eis uma legenda feliz para
uma obra ciclópica, com um marco inicial visível, mas sem limitação no tempo.
A diretriz inspirada ao fundador intimorato
subsiste nos desdobramentos dos programas em que se empenharam
todos os continuadores da obra, porque os compromissos assumidos são com a paz,
em ação
permanente, com a luz, que vem de Mais Alto e com a Doutrina que representa no
mundo a revivescência da Mensagem Cristã.
Não importam, assim, as mil
vicissitudes interpostas à jornada do lutador da paz e da luz. Importa, sim, a
superação dos obstáculos, um a um, nessa sucessão dos anos, que já perfazem o
primeiro centenário.
Empenhados nessa luta permanente
estão os obreiros dos dois planos da Vida. A inspiração de Cima precisa dos
executores dedicados, sejam eles talentos cultivados ou simples trabalhadores
de boa-vontade, mesmo portadores de imperfeições humanas.
A trajetória secular do
"Reformador" virtualmente se confunde com a própria história da Casa
de Ismael[1],
da qual é o porta-voz e a representação do seu pensamento.
Suas milhares de páginas refletem o
tríplice aspecto da Doutrina dos Espíritos. Sem descurar da vasta fenomenologia
espírita e dos estudos científicos e filosóficos, sua inclinação natural é dar
ênfase ao Espiritismo
religioso, com seus aspectos morais profundamente vinculados ao Cristianismo
revivido no Consolador.
Essa face, sempre presente no
"Reformador", hoje está patenteada em seu frontispício -
"Revista de Espiritismo Cristão" - como a lembrar, permanentemente, que seu
objetivo primeiro é o de contribuir para a reforma moral do homem, segundo o
Código deixado à Humanidade pelo Cristo de Deus.
Essa tarefa jamais foi fácil. Ao
Mestre Divino tem custado sacrifícios e renúncias que estamos longe de compreender.
A todos os seus emissários, em todas as latitudes e épocas, não têm faltado
esforços e sofrimentos.
Não seria diferente a missão do
Espiritismo, o Consolador prometido, aqui ou alhures.
*
No Brasil de hoje todos os
espiritistas conhecem as dificuldades extremas para se alcançar algum progresso
na porfia contra nossas imperfeições, contra o materialismo avassalador, contra
o obscurantismo dogmático ou contra o preconceito científico, religioso e social.
Imaginemos, então, o que teria sido esse quadro de óbices em uma época hostil,
em que o ridículo era arma usual contra os espíritas, as perseguições eram
aceitas com toda naturalidade e o poder político estava intimamente ligado à
Igreja Romana, garantindo-lhe prerrogativas e privilégios de religião do
Estado.
Enfrentar tais dificuldades
desencorajaria qualquer ânimo que não se apoiasse em têmpera rija e fé
verdadeira. Augusto Elias da Silva as possuía. Por isso, concretizou seu sonho,
apesar do pessimismo de muitos, impressionados com as pedras do caminho. O
prognóstico para o empreendimento era o de uma vida breve e pálida, sem brilho
e sem grandeza, como já ocorrera com tantos outros periódicos.
"Não
foi Elias, como alguns confrades supõem hoje, um homem inculto e incapaz de
produções admiráveis, escritas ou faladas. Ao contrário, à fluência e correção
da linguagem se casava um estilo pleno de beleza e vigor literários e profundo
conhecimento da Doutrina dos Espíritos e de diferentes ramos do saber humano.
Quem quiser dar-se ao trabalho (que traz satisfação) de averiguar o que
afirmamos, basta folhear as coleções antigas do "Reformador", onde
encontrará alguns dos belos e instrutivos discursos por ele pronunciados.
Por
ser Elias humilde e modesto ao extremo, por isso mesmo se retraía a ponto de
não deixar se lhe conhecessem devidamente as qualidades, entre as quais a de
excelente orador." ("Grandes Espíritas do Brasil", Zêus Wantuil, 2ª ed.
FEB, pág. 182)
Afora suas qualidades pessoais,
entrevistas no breve trecho de seu biógrafo, o desbravador contou, sem dúvida,
com a inspiração da Espiritualidade Superior, sempre presente nas realizações
do Bem. Recebeu, também, a cooperação e o auxílio precioso de alguns poucos
companheiros que se lhe juntaram. O então Major Francisco Raimundo Ewerton
Quadros é nome que se liga ao do operoso fotógrafo português, desde a primeira
hora. Os dois, dinâmicos e corajosos, não temem obstáculos.,.
Um tem a ideia, a inspiração, a
vontade firme de torná-Ia realidade. O outro a acolhe, batalha por ela, auxilia
sua concretização e toma o encargo da direção conjunta.
Essa conjugação de esforços ocorre
tanto no lançamento do jornal quanto, um ano depois, na fundação da Federação
Espírita Brasileira. A cooperação entre os dois é nítida, franca, leal, sem
restrições nem vaidades.
Outros poucos uniram-se ao afã da
tarefa iniciada. Hoje podemos perceber que os tarefeiros desincumbiram-se de
missão específica, recebida e cumprida galhardamente.
Depois, a obra cresceu, dilatou-
-se, firmou-se e ai está com seus frutos abençoados, espalhados por toda parte.
Mas, a Augusto Elias da Silva, a Ewerton Quadros e a seus companheiros da
primeira hora, devemos o tributo da gratidão e do reconhecimento.
*
Cronologicamente, afirma Zêus
Wantuil, "Reformador" foi a décima folha espírita surgida no Brasil,
em que pese à afirmativa de Clóvis Ramos de ter sido a oitava. ("A
Imprensa Espírita no Brasil" – 1ª ed., pág, 5)
Há muito se tornou o mais antigo
periódico da imprensa espírita brasileira. Em todo o mundo, ocupa o quinto
lugar em antiguidade.
Registram os "Anais da
Biblioteca Nacional" (VoI. 85) ser o "Reformador" um dos quatro
periódicos surgidos no
Rio de Janeiro, de 1808 a 1889, que sobreviveram até os dias de hoje. São eles,
pela ordem: "Jornal do Commercio" (1827); "Revista do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro" (1839); "Diário Oficial"
(1862); 'Reformador" (1883). A exceção do "Diário Oficial",
"Reformador" é o único que jamais teve interrompida sua publicação.
Surgido aos 21 de janeiro de 1883,
depois de preparativos afanosos, com recursos de seu fundador, as oficinas e a
redação do pequeno jornal foram instaladas na residência de Elias da Silva, ao
lado do atelier fotográfico, à Rua da Carioca nº 120, 2º andar (antiga Rua São
Francisco de Assis), ali permanecendo até janeiro de 1888. Contara Elias com o
Incentivo e a cooperação de sua mulher e de sua sogra, ambas espíritas.
O jornal tinha, então, quatro
páginas de textos, com o formato de 44 x 36 cm, saindo quinzenalmente. A tiragem
era pequena, cerca de 300 a 400 exemplares. As assinaturas, não excedentes de
duzentas, não cobriam as despesas de confecção. Boa parte das edições era
distribuída graciosamente. Logo alcançou o exterior, com remessas
principalmente para Portugal.
Unidos, Elias da Silva e Ewerton
Quadros imprimiram ao jornal orientação segura, fraterna e tolerante.
Em janeiro do ano seguinte, antes de
completar o primeiro aniversário, por proposta de seu fundador,
"Reformador" era cedido à Federação Espírita Brasileira, sociedade
fundada também por Augusto Elias da Silva. Não houve solução de continuidade na
orientação do jornal, de vez que Ewerton Quadros foi eleito primeiro Presidente
da nova Instituição. Em 2 de janeiro de 1884 formalizava-se a constituição da
Federação, elegia-se sua primeira Diretoria e incorporava-se o jornal de Elias
à FEB. Estava cumprida a parte essencial da missão de Elias da Silva e de seus
coadjuvantes. Depois, viria o desdobramento da obra. Trabalho e dedicações,
permanentes dificuldades e lutas constantes, alegrias e pesares.
Como porta-voz da Federação Espírita
Brasileira, "Reformador" reflete o que é a Casa de lsmael, seu
programa, suas finalidades e o pensamento dos que a dirigem daqui e do Alto.
Guillon Ribeiro, o fiel servidor e
inesquecível Presidente, sintetizou bem o relevante papel desse órgão da
Casa dos Espíritas, em Relatório publicado em setembro de 1940, assinalando:
"Subordinado
sempre, com absoluta fidelidade, à orientação doutrinária da instituição cujo
pensamento lhe cabe exprimir, continuou ele a esforçar-se por bem servir o
melhor possível à causa espírita. sem jamais dissociar do Evangelho o
Espiritismo, antes timbrando invariavelmente em propagar a Terceira Revelação
Cristã, sem esquecer, todavia, de dispensar a atenção devida à fenomenologia que
serviu de base a estruturação da Doutrina dos Espíritos."
*
Alinhando-se corajosamente, desde
seus primórdios, como batalhador da grande causa dos escravos negros do
Brasil, a última bastilha da escravatura no mundo, bateu-se pela emancipação
ampla e pacífica, arrostando com denodo o reacionarismo escravocrata. Em 1888,
quando pouco antes se instalara à Rua do Çlube Ginástico nº 17, hoje Rua Silva
Jardim, juntamente com a Federação, via proclamada a abolição, em meio a festas
memoráveis na Corte e a alegrias nos corações, coroando as justas aspirações de
milhares de criaturas
já cansadas de uma longa espera pela liberdade.
Triunfara o Bem. Terminava uma
campanha. Começava uma nova etapa na luta incessante em prol de uma libertação
ainda maior, a do Espírito.
*
Os anos de 1892 a 1895 foram
particularmente difíceis para o Movimento Espírita brasileiro. Lavravam as
divergências no seio da família espiritista. A Federação Espírita Brasileira e
seu órgão atravessavam séria crise de ordem financeira, a par de dissensões e
desentendimentos.
Desanimado diante das inúmeras
dificuldades, o Presidente Júlio César Leal renunciou ao cargo, em meados de
1895.
"Foi
então que as vistas dos que amavam aquela Casa, e por ela haviam empenhado os
maiores sacrifícios, se voltaram para uma individualidade que, reunindo as mais
peregrinas virtudes e saber a um legítimo prestígio no seio dos espíritas,
parecia - e com efeito foi - a única em condições de salvar a Federação."
(V. "Esboço Histórico da Federação Espírita Brasileira", ed. de
1924.)
Essa figura apostolar e enérgica - o
Dr. Adolfo Bezerra de Menezes -, que fora anteriormente Diretor da FEB e
Presidente em 1889, com largos serviços prestados à Causa e ao próprio
"Reformador", é convidado, diríamos melhor, instado, a tomar a
direção suprema da Casa de Ismael, no plano físico. Augusto Elias da Silva, Manuel
Fernandes Figueira, Alfredo Pereira, o então gerente do "Reformador",
e o ex-Presidente Dias da Cruz são os emissários escolhidos para convencer Bezerra
de Menezes a aceitar a Presidência. Os emissários impuseram a si mesmos, desde
logo, a condição de não ocuparem qualquer cargo administrativo na nova gestão.
Bezerra atendeu à convocação, foi
eleito com poderes excepcionais na assembleia extraordinária de 3 de
agosto de 1895 e empossado no cargo por Augusto Elias da Silva. Mais um
relevante serviço ao Movimento Espirita prestavam Elias e seus companheiros.
Bezerra de Menezes, com descortino e
serena energia, imprimiu nova orientação aos trabalhos da Federação,
com base nos estudos doutrinários e evangélicos, terminou com as tertúlias
puramente literárias e com as discórdias e restabeleceu o equilíbrio financeiro
necessário ao prosseguimento da obra admirável.
A atuação de Bezerra à frente dos
destinos da Federação e de seu órgão de divulgação, durante o período de cinco
anos, até à sua desencarnação, foi de importância ímpar para todo o Movimento
Espírita no Brasil, que se firmou, desde então, dentro de uma diretriz que o
futuro iria consagrar como a do verdadeiro papel do Espiritismo no mundo.
*
Após vinte anos de sua fundação, o jornal
da Federação passou a ser impresso como revista bimensal, com 20 páginas,
inicialmente, no formato de 27 x 18,5cm. Durante trinta e quatro anos, de 1903
a 1937, manteve esses característicos.
A administração e a redação do órgão
febiano mudaram de endereço sucessivas vezes, acompanhando a sede da Federação,
peregrinando por salas e porões alugados, até que, em 1911, se instalaram na
sede nova construída na administração de Leopoldo Cirne, à Avenida Passos, 30,
endereço que se tornou conhecido de todos os
espiritistas do Brasil e do exterior.
Em 1937, estando na Presidência
Guillon Ribeiro, tendo como gerente Antônio Wantuil de Freitas, a Revista
torna-se publicação mensal aumentando, gradativamente, até atingir o número
atual de quarenta páginas.
Cresceu o número de assinantes,
dentro e além-fronteiras. É grande a quantidade de leitores e Casas Espíritas
que recebem gratuitamente a Revista. Não dispondo o leitor de recursos
financeiros, não deixará de recebê-Ia, desde que manifeste sua vontade nesse
sentido.
Durante muitos anos, manteve
"Reformador" rede nacional de agentes encarregados da cobrança e
agenciamento de assinaturas. A partir de 1981 a trabalhosa tarefa passou a ser
executada diretamente pela gerência do órgão, valendo-se dos serviços da rede
bancária, com auspiciosos resultados.
Como experiência que resultou
positiva, seu Diretor Francisco Thiesen, na Presidência da FEB, em dezembro de
1975, resolveu imprimir suas capas em cores. A Revista tomou novo aspecto
gráfico, com boa recepção. Antes, em 1970, o logotipo e desenho da capa haviam
sido substituídos. A modernização, em matéria gráfica, é uma imposição a que
estão sujeitos os meios de comunicação impressos. Na FEB não poderia deixar de
haver atualização, embora ela se processe sem as prejudiciais precipitações.
Desde 1891, sob a Presidência de
Dias da Cruz e Vice-Presidência de Bezerra de Menezes, a FEB buscou
levantar, junto aos espíritas, um empréstimo para compra de prédio próprio e
montagem de uma oficina tipográfica destinada à impressão do "Reformador"
e de obras de propaganda da Doutrina. A tentativa
malogrou. Somente em 1939 o velho projeto se concretizava integralmente. Guillon Ribeiro, o
incansável Presidente, adquiriu e instalou as máquinas Impressoras próprias,
nas dependências dos fundos do prédio da Avenida Passos, 30. Foi um decisivo
passo à frente, um novo alento na trajetória do divulgador do Espiritismo. Graças
a essa providência, as edições e reedições de livros espíritas começaram sua
grande expansão.
Com a instalação do Departamento
Editorial, em 1948, em amplo edifício especialmente construído em São
Cristóvão, o saudoso Presidente Wantuil de Freitas deu sólida estrutura a todo
o complexo editorial da FEB. Situado na Rua Figueira de MeIo, 410, esquina da
Rua Souza Valente, 17, esse prédio foi posteriormente ampliado, com dois novos
pavimentos, inaugurados em 1961, sendo hoje a sede dos Departamentos
Editorial e Gráfico.
Novo surto de progresso aconteceu na
década de 70, quando, sob as Presidências de Armando de Oliveira Assis e
Francisco Thiesen, todo o parque gráfico foi renovado, com a adoção do sistema
offset de impressão. Com a modernização beneficiaram-se o
"Reformador" e seus milhares de leitores.
*
Todos os espiritistas conhecem
sobejamente a orientação editorial do órgão febiano. Servindo de mensageiro da
Federação Espírita Brasileira, expressa seu pensamento e suas diretrizes. Está
permanentemente a serviço do Evangelho de Jesus, à luz da Doutrina Espírita, e
isto diz tudo.
Sempre esteve na estacada, em defesa
do Movimento Espírita, das Instituições Espíritas, dos espíritas, contra os
ataques, as perseguições e os preconceitos de qualquer ordem ou procedência.
Nessa linha de coerência, tem expressado sempre a coragem serena dos que pugnam
pela prevalência da verdade, da justiça e da fraternidade entre os homens.
Contam-se às centenas seus
colaboradores, acolhendo suas páginas os nomes mais ilustres do Espiritismo em
todo o mundo e em todas as épocas, os médiuns mais dedicados, a serviço da
Doutrina, os escritores,
os poetas, os cronistas, os críticos e os artistas, todos os que se interessam
por uma cultura sã das Letras, da Arte, da Ciência e da Filosofia - a serviço
do Bem.
É evidente que, na sustentação de
uma obra complexa e dinâmica, difícil, evolucionária, mas coerente, de alta significação
espiritual, porém simples e sem atavios em sua apresentação material, teria o
"Reformador" de assentar sua construção em "rocha firme".
Do contrário não chegaria até nós, com um século de serviços relevantes.
A que atribuir a segurança e firmeza
dessa realização, quando outras, com tantas possibilidades, naufragaram
a meio da travessia?
A resposta não se torna difícil
desde que atentemos em dois fatores sempre presentes na vida da Revista: em
primeiro lugar, o objetivo visado e o caminho escolhido, em compromisso
irrevogável com o Evangelho
do Cristo, entendido em espírito, à luz do Consolador - esta é a pedra angular;
em segundo, a dedicação admirável de seus servidores, dos dois planos, assim
compreendidos não somente os Diretores, os sucessivos Presidentes que honraram
seus compromissos com o programa de Ismael, mas também os trabalhadores dos
demais escalões, os redatores, os administradores, os secretários, os gerentes,
os executores de tarefas aparentemente secundárias, sem as quais não se torna
possível a manutenção de um periódico
com a feição e os característicos iniludíveis da Revista da FEB, máxime por um
lapso de tempo tão significativo.
A presença do Alto, sob a forma de
encorajamento e inspiração, deve-se à invariável diretriz traçada e executada.
O segundo fator dependeria de servidores fiéis e dedicados.
Neste fim do Primeiro Século e
limiar de uma nova idade de "Reformador", elevamos nosso pensamento,
agradecido, ao Mestre Incomparável. Lembramos, com admiração, o vulto de seu
fundador, missionário
que se tornou grande na humildade e na coragem, cuja visão varou o tempo,
projetando-se nas claridades do futuro. Recordamos igualmente, com emoção,
todos os trabalhadores sinceros que tomaram a si o dever da sustentação e
continuação da obra admirável de esclarecimento espiritual, como exemplos vivos
de dedicação a Ismael, o executor do programa, o preposto do Cristo.
Aos obreiros de hoje e de amanhã,
auguramos sejam dignos da confiança do Alto e saibam conduzir o facho luminoso,
zelando para que jamais se extinga a sagrada chama do ideal, ao encontro da paz
e da luz.
*
Valendo-nos de recente pesquisa de
nossos companheiros Zêus Wantuil e José Jorge, alinhamos abaixo, em quadro
sinóptico, os nomes dos Presidentes da Federação e dos que se vincularam mais
estreitamente à Revista, como seus Diretores, redatores, secretários,
administradores e gerentes - os devotados obreiros que por um século vêm
emprestando seus esforços e labores, construtivamente, na difusão da Doutrina
dos Espíritos, a tempo e a hora.
REFORMADOR
FUNDADOR - AUGUSTO ELIAS DA SILVA
PRESIDENTES
da Federação Espírita Brasileira:
Ewerton Quadros - 1884 a 1888
Dias da
Cruz - 1890 a
1894
Júlio César
Leal - 1895 (alguns
meses)
Bezerra de
Menezes - 1889, 1895 a 1900
Leopoldo Cirne -
1900 a 1913
Aristides Spínola - 1914, 1916 a 1917, 1922 a 1924
Luís
Barreto A. Ferreira - 1925 a 1926
Paim
Pamplona - 1927 a
1928
Manuel
Quintão - 1915, 1918 a
1919, 1929
Guillon Ribeiro - 1920 a 1921, 1930 a
1943
A. Wantuil
de Freitas - 1943 a 1970
Armando de
O. Assis - 1970 a 1975
Francisco
Thiesen - 1975 até hoje
DIRETORES
(Registrados no frontispício):
Manuel
Quintão - 1915 a 1916,
1918 a 1920, 1929 a 1930
Aristides Spínola - 1916 a 1918, 1922 a 1925
Gulllon
Ribeiro - 1920 a
1922, 1930 a 1943
Luís
Barreto A. Ferreira - 1925 a 1927
Paim
Pamplona - 1927 a
1929
A. Wantuil
da Freitas - 1943
a 1970
Armando da
O. Asssis - 1970 8 1975
Francisco
Thiesen - 1975 até hoje
DIRETOR-SUBSTITUTO:
Lauro de Oliveira
S. Thiago - 1980 até hoje
REDATORES-CHEFES
E REDATORES-SECRETARIOS:
Ewerton Quadros
- 1884 a 1888
Leopoldo Cirne
- 1905 a 1913
(Redator-Sec.)
Aristides 5pínola
- 1914 (Redator-Chefe)
Miguel Ricardo
Galvão - 1913 a 1915
(Redator-Sec.)
Guillon
Ribeiro - 1922 a
1929 (Redator-Chefe)
Manuel Quintão
- 1927 a 1928
(Redator-Chefe)
Carlos
Imbassahy - 1943
(Redator-Chefe)
Indalício Mendes - 1978 até hoje
(Redator-Chefe)
SECRETÁRIOS
Sylvlno
Canuto Abreu - 1915 a 1916
Amaral Ornellas
- 1917 a 1923
Fernando
Coelho - 1920
Carlos lmbassahy - 1923 a 1943
Indalício
Mendes - 1943 a 1975
J. Antero
de Carvalho - 1975 a 1978
Alberto
Romero - 1978 até hoje
GERENTES E
ADMINISTRADORES:
Augusto Elias
da Silva - 1883 a
1887
F. A. Xavier
Pinheiro - 1887 a 1890
Alfredo A.
O. Pereira - 1891
a 1897
Pedro Richard -
1897 a 1902 1903 a 1912 (ad.) - 1916 a 1917 (ger. interino)
Adauto Neiva - 1912 a 1913
Francisco
Chaves - 1913 a 1914
(ger. interino)
Jarbas
Ramos -
1914 a 1915
A. A. Rodrigues
Quintans - 1915 a 1916
Emillo Wirz -
1916
Arthur
Rosenburg - 1917 a 1918,
1924 a 1927
Antônio Alves
da Fonseca - 1918 a 1920, 1920 a 1924
(ad.)
Américo
Lopes Vieira - 1927 a 1929
José Vaz de
Carvalho - 1929 a
1931
João da
Costa Viana - 1932 a 1936
A.. Wantuil
de Freitas - 1936 a
1943
Henrique
Sondermann - 1943 a 1948
João d'Oliveira
e Silva - 1948 (ger. interino),
1948 a 1951, 1952 a 1957
Paulo de O.
Ludka - 1951
Carlos
Guimarães - 1951 a 1952
Ernesto Teixeira
Barros - 1957 a 1959
José
Yolando dos Santos - 1959 a 1970
Francisco
Thiesen - 1970
Getúlio
Soares de Araújo - 1970 a 1981
Alfonso B.
G. Soares -1981 a 1982
Tânia de
Souza Lopes - 1982
Agadyr Teixeira
Torres - desde agosto de 1982
[1]
“Reformador”: porta-voz da espiritualidade superior” – artigo de Francisco
Thiesen in “Reformador” de outubro de 1972.
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