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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Compromisso com Jesus


Compromisso
com Jesus

            As dificuldades por nós encontradas para praticar a Doutrina Espírita e o Evangelho são, geralmente, criadas por nossos defeitos e imperfeições, porque esses mananciais de ensinamentos são vazados em linguagem simples e direta, apropriada a franco e rápido entendimento. Se Jesus deixou aos homens lições de prodigiosa simplicidade, Kardec, interpretando a vontade de Espíritos superiores a serviço do Mestre, teve o tino de manter sempre a clareza dos conceitos, convencido, por certo, de que a Doutrina nada mais é do que um reflexo do Evangelho, destinada ao trabalho de esclarecimento, a fim de colaborar para o restabelecimento do Cristianismo do Cristo, às vezes alterado e desatendido por subalternos interesses sectários e, o que é pior, de natureza irreligiosa.

            De fato, com o Espiritismo cristão, o verdadeiro Cristianismo retornou à Terra e a redimirá, se os espíritas não se esquecerem nunca de que a união é a mola que conservará o Espiritismo em progresso constante e que o respeito aos ensinos codificados por Kardec, respeito que somente será provado pela exemplificação em todos os momentos, assegurará a sucessão de triunfos que a Doutrina vem conquistando desde que foi lançada ao mundo.

            Como poderemos saber se somos dignos do legado de Allan Kardec? Praticando a Doutrina com fervor verdadeiramente evangélico e honrando o Evangelho com devotamento realmente doutrinário. Evangelho e Doutrina são as duas colunas mestras do Cristianismo redivivo. Temos, pois, necessidade de educar a vontade, para que não vacilemos na luta de cada dia, para que não falhemos quando mais precisão tivermos de afirmar a nossa fé e o nosso amor à causa espírita, que é, em última análise, a causa de Jesus. "A vontade é a gerência esclarecida e vigilante, governando todos os setores da ação mental", diz Emmanuel, que continua: "Sem ela, o Desejo pode comprar ao engano aflitivos séculos de reparação e sofrimento, a Inteligência pode aprisionar-se na enxovia da criminalidade, a Imaginação pode gerar perigosos monstros na sombra e a Memória, não obstante fiel à sua função de registradora, conforme a destinação que a Natureza lhe assinala, pode cair em deplorável relaxamento. Só a Vontade é suficientemente forte para sustentar a harmonia do Espírito."

            As dificuldades que costumam emperrar o exercício dos preceitos doutrinários e evangélicos podem originar-se dos nossos defeitos, porque o Evangelho, obra de Jesus, tem uma cristalinidade sem paralelo, e a Doutrina dos Espíritos, que Allan Kardec codificou magistralmente, fiel a seus mentores da Espiritualidade, é também acessível a qualquer inteligência e está fundamentada na moral do Cristo, tendo por objetivo a revelação de verdades que não podiam ser ditas senão quando se fez oportuno.

            Não há razão para espanto diante dos obstáculos criados por aqueles que não compreenderam ainda as belezas do bem-fazer. Quantos de nós olhamos indiferentemente para a água tranquila que bate na rocha descomunal e, coleando, segue o seu curso, semelhando admirável humildade. Entretanto, a grandeza e a resistência granítica da rocha nos impressiona, desviando-nos a atenção do líquido que transita sem maiores pretensões. Todavia, o trabalho persistente e sistemático da água vai, a pouco e pouco, vencendo e dominando a pedra, podendo perfurá-Ia ou desgastar-lhe as bordas. Assim acontece com o Evangelho e a Doutrina dos Espíritos, pois ambos procedem de Jesus, cujo trabalho suave, mas paciente e tenaz, triunfa sobre as almas divorciadas da Verdade. Tudo é questão de tempo. Uns se rendem mais depressa do que outros, mas todos se encontrarão um dia na mesma trilha, rumo a Deus, através do Cristo. Todas as criaturas humanas nasceram para viver em comunhão com Deus. Mas devem decidir por si mesmas o caminho que desejam seguir, porque foram dotadas de livre arbítrio e têm, assim, o privilégio da opção. Se escolhem mal, arcam com a responsabilidade de defrontar riscos desenganos, preocupações, até que a experiência lhes descerre os olhos e estimule a encontrar o verdadeiro caminho.

            A sabedoria divina, dando ao Espírito a imortalidade, não lhe acena com uma "doce vida" depois da morte. No trabalho de Deus não há férias nem aposentadoria. A morte é apenas a mudança de aspectos da Vida. Para que o Espírito possa ressarcir suas faltas e resgatar seus débitos morais, há a oportunidade da reencarnação, da volta do Espírito à vida material, por novos nascimentos em corpo carnal, que não pode ser o mesmo corpo já utilizado em vida anterior. Ora, como temos livre arbítrio, temos, consequentemente, responsabilidade e respondemos pelo que de inconveniente ou mau realizamos. Formamos assim o que comumente se chama "destino", traçado por nós mesmos e determinante do que nos aguarda na vida futura. Dito isto, claro está que não devemos queixar-nos da vida, porque temos a vida que criamos e não serão as lamentações que mudarão o curso da nossa trajetória. Esse assaz esclarecido servidor de Jesus, que é Emmanuel, dá-nos mais uma lição portentosa: "Para clarear a noção da responsabilidade pessoal, nunca é demais recorrer às lições vivas da Natureza. No plano físico, Deus é o fulcro gerador de toda energia; no entanto, o Sol é a usina que assegura a vitalidade terrestre. É o fundamento divino do mundo, mas a rocha é o alicerce que sustenta o vale. É o proprietário absoluto do solo; todavia, a árvore é o gênio maternal que deita o fruto. É o senhor supremo das águas; entretanto, a fonte é o vaso que dessedenta os homens. Igualmente, no plano moral, Deus é a raiz da justiça; no entanto, o legislador é o tronco dos estatutos de governança. É a cabeça insondável da sabedoria, mas o professor é a vértebra da escola. É a inspiração do trabalho; todavia, o operário é o agente da tarefa. É a essência do campo; entretanto, o lavrador é o instrumento da sementeira. Assim também ocorre na esfera de nossos deveres particulares. Tudo aquilo de que dispomos, incluindo afeições, condições, oportunidades, títulos e recursos, pertencem originariamente a Deus. Contudo, é forçoso zelarmos pelo setor das próprias obrigações, porquanto, queiramos ou não, responderemos a Deus, através das leis que orientam a vida, pelo serviço individual que nos cabe fazer."

            Que expõe o altamente evangelizado Emmanuel senão a ação da Lei de Causa e de Efeito, a lei cármica, que está sempre presente em nossa existência? Tenhamos, pois, muito cuidado com o nosso comportamento, estejamos onde estivermos, porque a Lei é onipresente. Não seja, você que nos lê, um peso morto na vida, interessando-se apenas pelo que diz respeito a si mesmo. E você, que está integrado numa organização espírita, não se mostre somente preocupado com o que deseja receber. Faça alguma coisa em favor dos outros, ajude alguém, auxilie o trabalho da casa espírita que está frequentando, obedecendo seriamente ao seu regulamento, mantendo silêncio e colaborando para que os menos experientes aprendam a cooperar, para que os trabalhos sejam realizados com toda a normalidade, com a disciplina individual e coletiva que favorece a ação benéfica dos Espíritos da seara de Jesus.

            Ser espírita não é exclusivamente frequentar sessões e tomar passes. É, principalmente, participar espiritualmente dos trabalhos, ajudando-os com bons pensamentos e prestando atenção ao que ali se diz e se recomenda, porque, compreendamos, os espíritas nada mais representam do que uma parte dos trabalhadores do Mestre. Paute seu comportamento pelo Evangelho e siga com empenho a Doutrina codificada por Allan Kardec, porque ela, conforme assevera ainda Emmanuel, "quer dizer Doutrina do Cristo e a Doutrina do Cristo é a doutrina do aperfeiçoamento moral em todos os mundos".

            Conforme lembra André Luiz, devemos "recordar a realidade de que o Espiritismo não tem chefes humanos e de que nenhum dos seareiros do seu campo de multiformes atividades é imprescindível no cenário de suas realizações".


por Boanerges da Rocha (Indalício Mendes)
“Reformador” (FEB) Dezembro 1972

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