“Não creiais em
qualquer Espírito”
Túlio Tupinambá (Indalício Mendes)
Reformador (FEB) Agosto 1957
Quem
quiser observar a estrutura doutrinária (?) de certos movimentos de tendência pseudo religiosa que surgem nas épocas
de crise moral, basta ouvir a palavra de seus mentores principais e examinar-lhe com cuidado
o conteúdo. Se tudo lhes corre bem, mostram-se santificados, dispostos a todas
as benesses, prometendo o céu numa língua doce e cativante. Pregam com a voz
trêmula e fazem nascer lágrimas nos olhos atentos dos ouvintes. Eis, então, que
se torna necessário obter destes a exemplificação dos que ouvem. Os “bônus”
aparecem de um lado e desaparecem de outros, deixando o equivalente para a
glória dos predicadores (diz-se de ou
qualquer palavra que pode ser empregada com função predicativa, atribuindo
propriedades ou qualidades ao argumento a que se refere).... Todavia “se” alguém critica esse
procedimento pouco edificante, que se distancia dos princípios cristãos, aquela
voz doce e sedutora, revestida de carinho, cede o posto a
uma voz agressiva, dura, cortante, porejante de segundas intenções, onde as
ameaças alternam com as expressões contundentes. Os santos se metamorfoseiam, consequentemente...
Esse
é o espetáculo que se está vendo, mais uma vez para melancolia dos que
compreendem onde a simulação de virtudes pode levar. Não é possível ao Espiritismo
permitir que se estabeleça confusão entre o seu programa fundamentalmente
cristão, e uns sincretismos que objetivam apenas a realização de vantajosas simbioses.
Os espíritas que se deixam levar por essas coisas precisam refletir, pesando
bem as responsabilidades que assumem perante o Espiritismo e perante Jesus.
Nosso trabalho continuará sendo feito com o mesmo critério elevado e a mesma
dedicação de sempre. Não perseguimos fama, não queremos publicidade em torno de
nós, não nos interessa permutar elogios. O que perseguimos é o ideal de construir
uma mentalidade liberta de preconceitos, mas visceralmente altruísta. O que
queremos é contribuir com a nossa parte de realizações para a consecução dos mais
nobres anelos (aspiração) espíritas. O que nos interessa é
reformar pelo exemplo a nossa personalidade psíquica, de maneira que possamos merecer,
um dia, as luzes da misericórdia divina. Somos criaturas em trabalho. Desejamos
servir ao próximo, mas não desejamos servir-nos do próximo. Eis a diferença.
Certas
atitudes de clara mistificação não podem ser sancionadas por aqueles que têm
responsabilidade definida dentro do Espiritismo, pois há quem disso se
aproveite em benefício de interesses que não precisamos qualificar. A mistificação
cresce e se espalha. Se outras pessoas de boa-fé aceitam
fatos sem exame, nós, espíritas, estudantes da Doutrina de Kardec, temos de ser
mais rigorosos porque fica em jogo, em casos tais, a honorabilidade do
Espiritismo, muitas vezes comprometido por quem não está à altura de representá-lo.
Obedientes
à orientação defendida pela Federação Espírita Brasileira, não concordamos com
a perpetuidade nos cargos diretivos. O Espiritismo não pertence a ninguém, mas
pertence a todos, é patrimônio religioso, moral, filosófico e científico da
Humanidade. Para se falar em seu nome é Imprescindível possuir autoridade moral
e doutrinária. Desde que os atos desmintam as palavras e estas sejam sempre
mais alvissareiras do que o procedimento, não há Espiritismo, mas charlatanismo.
Guardemos
sempre na memória estas palavras de advertência do apóstolo João: “Meus bem-amados,
não creiais em qualquer Espírito: experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto
muitos falsos profetas se têm levantado do Mundo.”
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