Oração da Paixão
Philemon
Reformador
(FEB) Abril 1940
Jesus, manso cordeiro de Deus, perdoa-nos
se ainda não te podemos ver na plenitude da tua glória excelsa e necessitamos
encontrar-te, exangue e angustiado, sobre o madeiro infamante, para poder
compreender-te na grandeza do teu sacrifício, a fim de nos apercebermos, dessa
forma, da grandeza dos teus exemplos e dos teus ensinamentos.
Somos réus confessos de faltas e de
fraquezas que a tua divina pureza reprova - e não podemos, por isso, fazer jus
ao título de discípulos teus. Mas, somos ovelhinhas frágeis que buscam o teu
divino aprisco. Andamos perdidos pelos caminhos da terra e chegamos muitas
vezes exaustos e desfalecidos à porta do redil e confrange-nos contemplar o
divino semblante do bom pastor toldado pela tristeza, ao ver-nos chegar tão
tardiamente, quando poderíamos ter abreviado o caminho, seguindo rotas mais
certas e determinadas, que a luz do Evangelho ilumina a todo instante.
Mártir do Gólgota! A essência divina
dos teus ensinamentos é a caridade, em toda a sua amplitude - e nós apenas
entendemos da caridade material; a pedra angular da tua igreja é a humildade -
e para nós a humildade se confunde ainda com uma série imensa de imperfeições
que nos obscurecem o entendimento das coisas divinas.
Mas, perdoa-nos, Jesus. Mesmo assim,
ovelhinhas pouco atentas ao teu chamamento, queremos-te muito, Jesus, e os
nossos olhos se nublam de lágrimas toda vez que contemplamos o teu divino
semblante através das névoas da dor infinda que trespassou a tua alma divina, naquela
hora angustiada, em que foste alçado sobre a cruz dos nossos pecados.
Não mais queremos magoar-te com a
dissimulação das nossas imperfeições; corrige-nos, Mestre, dando-nos forças
para usar sempre de sinceridade, mesmo quando estejamos tratando com
endurecidos corações capazes de enganar-nos.
Tens complacência para com todas as
fraquezas e esperas pacientemente a regeneração do culpado, para recebe-lo nos
tabernáculos eternos; mas, o que nunca toleraste, Jesus, foi a desfaçatez dos
que, faltosos e ímpios, assoalham virtudes que não possuem. Por isso, confessamos-te
as nossas imperfeições e esperamos do teu amor e da tua divina caridade o fortalecimento
de ânimo em que nos escudemos, para não mais falir.
Dá aos espíritas, a quem incumbes de
mostrar ao mundo o caminho da verdade, a inteireza moral de que necessitam,
para propagarem a tua santa doutrina mais pelo exemplo do que por simples
palavras; dá-lhes, Jesus, essa couraça contra os ataques da perfídia humana, para
que venhas, em dias próximos, apascentar as tuas ovelhinhas, não mais com esses
estigmas que revelam a maldade e a grosseria dos homens - os dolorosos estigmas
da cruz, mas em todo o esplendor de tua gloria, na sublime expressão do teu
amor, que é benção, que é luz, que é incentivo de altas virtudes.
Recebe, amado Jesus, da pequenina
ovelha do teu rebanho, esta humilde homenagem, partida de um coração alanceado
de dores, mergulhado muitas vezes no desespero da incompreensão humana, mas que
recebeu e aceitou o Evangelho em sua expressão caridade e pode, Mestre,
encontrar o orvalho divino que lhe veio, como dádiva do teu amor, mitigar essas
dores e transformar esse desespero em doce e consoladora esperança.
Bendito sejas, Mestre e Redentor
nosso! Bendita seja a luz dos teus santos Evangelhos - refúgio de corações
aflitos para os santos labores da caridade.
Glória a Deus no mais alto dos céus
e paz, Jesus, às tuas ovelhinhas de boa vontade.
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