O Avarento
por Abel Gomes
Reformador (FEB) Setembro 1946
Passeando pela região do Crepúsculo, aqui no
mundo astral, encontrei alguns Espíritos humanos chegados da minha Pátria.
Entre eles havia um comerciante, desencarnado já
há anos, mas que ainda só pensava em dinheiro, lucros e mercadorias.
Quando o avistei, estava ele assentado a uma
secretária, contando dinheiro; peças de ouro, papel—moeda, lá se achavam em sua
frente, e sorridente ele as contava. Cumprimentei-o. Ele logo estremeceu e
cobriu com um pano o seu tesouro e exclamou: "Retira-te! ou eu chamo o meu
cão!" Estava pálido. "Não tenhas medo de mim", disse-lhe eu;
"meu amigo, não me reconheces? eu sou o Abel".
Respondeu-me: "Queres comprar alguma coisa?
à vista? Emprestar eu não empresto."
Não vi mercadorias nem armazém: só na imaginação
ele as tinha.
Perguntou-me ele: "Mas porque vieste aqui?
Hoje não é dia de visitas."
Soprou um vento, levantou-se o pano; e nem
dinheiro nem ouro reapareceram, só havia areia e folhas secas.
O Espírito avarento se enraiveceu:
"Restitui-me o meu dinheiro, já!" - exclamou ele ameaçando-me com uma
arma.
Eu sorri: "Teu dinheiro, meu amigo, era
simples aparência inútil. Não vives na Terra; por isso o ouro e o cobre não te
podem aqui valer pois que aqui só valem boas ações, boa mente e bom
coração".
Mas o avarento não me entendeu, porque de repente
pôs-se a correr para um lugar onde uma coisa parecia brilhar; e eu o ouvi
murmurando: "Lá está o meu ouro!" Mas chegando ao lugar brilhante só
viu um pirilampo e ficou triste, porque não era o brilho vão do ouro.
Desejei esclarecer-lhe seu estado, porém ele
fugiu de mim e não quis ouvir-me. Voltei ao meu caminho, fazendo por ele uma prece
a Deus.
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