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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

'A Verdade dos Fatos'



A Verdade dos Fatos


            Faz pouco tempo apareceu em um jornal da imprensa espírita longo artigo, com a presunção de haver feito uma descoberta arrasadora contra Roustaing e contra a própria Federação Espírita
Brasileira.

            Vamos. a seguir. dar os esclarecimentos que acreditamos sanarão quaisquer dúvida, quanto ao procedimento da FEB, sem a pretensão de satisfazer a todas as criticas.

            1. A primeira edição em português de "Os Quatro Evangelhos", de J-B. Roustaing,  foi feita pela Federação Espírita Brasileira em três tomos (como o era em francês), impressa na cidade do Porto (Portugal) em 1909 sem nome do tradutor.

            Só em 1920 saiu a 2ª edição em quatro tornos, da referida obra, na tradução de Guillon Ribeiro. também impressa na cidade do Porto (Portugal).

            Houve, em 1918, uma edição apenas do primeiro tomo, da tradução de Guillon Ribeiro. impressa pela Tipografia Baptista de Souza, do Rio de Janeiro. Como o trabalho de impressão não correspondeu à expectativa geral, a FEB suspendeu a publicação dos demais volumes naquela Tipografia.

            2. Guillon Ribeiro. em seu prefácio intitulado "DUAS PALAVRAS" informou que sua tradução foi "calcada sobre a segunda edição francesa". Na verdade, esta edição francesa é a mesmíssima impressão in-fotio, da primeira, ou reimpressão com as mesmas matrizes, com exceção das páginas iniciais do primeiro tomo, numeradas de 1 a 88. impressas num papel diferente. Embora essa impropriamente chamada "segunda edição" mantivesse no frontispício (tipograficamente recomposto) o ano de 1866, ano que figurou no frontispício da lª edição francesa. a nova tiragem foi preparada depois de 1882, ou mesmo neste ano, quando J.-B. Roustaing não mais estava encarnado.

            3. A chamada "segunda edição" francesa (nada mais que uma nova tiragem da primeira) sofreu, assim, no primeiro tomo, modificações por parte dos discípulos (des élêves) de Roustaing, possivelmente Jean Guérin e J. E. Guillet, ardorosos defensores da obra rustenista. Roustaing havia desencarnado em 2 de janeiro de 1879. Jcan Guérin tornou-se o "detentor e proprietário do resto da primeira edição" de "Os Quatro Evangelhos" (Revue Spirite, maio 1879).

            4. As modificações ou alterações foram estas: O Prefácio de J.-B. Roustaing teve suprimidas cerca de dez páginas na "segunda edição" (nova tiragem da primeira); a Introdução de 78 páginas (das quais três em branco) foi substituída pelos discípulos por um encarte numerado em arábicos até a página 88, encarte constituído das seguintes partes assim intituladas: "Voici ces considérations préliminaires": "Coup d'oeil sur Ia phénoménalité du Spiritisme Moderne "; "Du caractère et  l'importance de Ia Révélation de Ia Révélation, comme ouvrant Ia phase théologique. Son opportunité  'manifeste et incontestable'."  "Réponse à l'article d' AIlan Kardec (Revue Spirite de Juin 1867) "; "Conclusion “:

            Todas essas partes foram organizadas pelos que se autodenorninaram discípulos de Roustaing, em boa parte extraídas da obra intitulada "Les Quatre Évangiles", de J.-B. Roustaing, Réponses à ses critiques et à ses adversaires, édité par les éléves de J.-B. Roustaing ", de 1882. A antepenúltima parte, acima arrolada (págs. 67 a 82), embora com a assinatura de J.-B. Roustaing, não foi escrita por J.-B. Roustaing, como qualquer um pode depreender, com uma simples leitura.

            5. O que a Federação Espírita Brasileira fez, logo que recebeu de presente uma coleção de “Les Quatre Évangiles", em sua primeira edição, justamente a que fora mandada publicar por J.-B.. Roustaing, foi. simplesmente, repor o texto primitivo, o texto original do primeiro torno da Iª edição francesa (ou primeira tiragem) e o fez desde a edição portuguesa de 1954, à qual se seguiram as edições de 1971, 1983 e 1988,. todas as quatro iguais. Não é de hoje, portanto, a reposição aludida.

            Não houve, por parte da Federação Espírita Brasileira, qualquer "castração" à obra de Roustaing, em especial ao 1º tomo da edição portuguesa de 1920. e sim a reposição daquilo que fora alterado indevidamente pelos discípulos de Roustaing. Não houve, portanto, nenhum abuso editorial da parte da Federação Espírita Brasileira.

            Quanto ao parágrafo de "DUAS PALAVRAS" em que o tradutor Guillon Ribeiro diz ter calcado a sua tradução, ou seja, o que fez referência à "segunda edição francesa". foi ele, parágrafo, suprimido desde a edição portuguesa de 1954, pois não havia mais razão de conservá-Ia. como é óbvio, tendo em vista, repetimos. as substituições efetuadas de acordo com a 1ª edição francesa, atrás referidas.

            7. Toda essa questão em torno do primeiro tomo de "Os Quatro Evangelhos" volta, vez por outra, à tona, levantada ruidosamente por apaixonados adversários da obra de Roustaing. que preferem o escândalo ao exame consciencioso dos fatos. Como diria Kardec, são os críticos de má-fé, que falam sem conhecer a coisa, sem se terem dado ao trabalho de aprofundá-la.

            Como "( ... ) tudo tem a sua ocasião própria e todo propósito debaixo do céu tem o seu tempo", segundo o Eclesiastes, achamos que já era chegado o momento de escrever, de modo sintético. o histórico do assunto em pauta, tratado sem o mínimo respeito à Casa de Ismael e a seus dirigentes.

            A memória de Jean-Baptiste Roustaing permanecerá impoluta pelos tempos afora. A integridade do seu caráter, as virtudes cristãs que lhe ornaram o espírito, destacadas pela
Revue Spirite após a sua desencarnação, jamais lhe permitiriam concordar com o que fizeram os chamados  “discípulos de Roustaing".

            Quanto a AIlan Kardec, seu nome em tempo algum será atingido por salpicos de injúria ou de escárnio de quem quer que seja. Permanecerá, também, impoluto, em toda a sua grandeza de missionário-chefe do Espiritismo.

por  Zêus Wantuil
in Reformador Dezembro 1994


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