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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Lendo e Comentando (5)



Lendo e Comentando (5)
por Hermínio C Miranda

in Reformador (FEB)  Março 1970

            Silver Birch, falando a um casal visitante, eficientes trabalhadores da seara espírita, refere-se com entusiasmo ao trabalho de implantação dos conceitos espirituais.

            - Estamos lutando numa batalha cujo fim é a vitória. As forças da oposição estão em crescente desordem. Há confusão e caos nas fileiras daqueles que tentam opor-se ao triunfo progressivo e inevitável do espírito sobre a matéria. Que ninguém se iluda a respeito. Nós
- e falo apenas como um porta-voz - nós estamos aqui para ficar no mundo de vocês. Nenhum poder terreno, nenhuma combinação de poderes terrenos terão forças para nos desalojar.

            Quanto aos encarnados, desempenham sua parte nessa tarefa e sua colaboração é preciosa porque Espíritos e homens bem intencionados são os construtores do mundo de amanhã.

            Percy Wilson, a quem as observações são dirigidas, declara, a seguir, que, tem conhecimento de um plano elaborado no mundo espiritual para as novas conquistas e realizações do futuro. Como não conhece os pormenores do plano, pergunta a Silver Birch se ele poderia dizer algo a respeito.

            - Deixe-me dizer-lhe tanto quanto me é possível - responde o Espírito -, pois há limitações que me são impostas. Há um plano geral, elaborado por seres espirituais altamente evoluídos. Esse plano existe há muito tempo. Quando me recolho do vosso mundo, regresso à esfera a que pertenço. Tenho o privilégio de encontrar-me com os seres que me pediram para aceitar esta missão, na qual estou empenhado há tanto tempo com algum êxito. Nesses festivais, porque são realmente festivais, sou informado do progresso que está sendo realizado no desdobramento do plano. Às vezes me mostram estágios subsequentes, aquilo que ainda está por realizar-se.        

            Declara, a seguir, que falamos muito a respeito de Jesus - chamado carinhosamente de
o Nazareno - mas sabemos muito pouco a respeito dele. Diz que viu o Mestre no mundo espiritual ,e pode declarar sem temor de contradita que é ele que «dirige todos os nossos esforços e os coordena de modo que não deve existir nenhum receio de que estejamos agindo contrariamente a qualquer aspiração religiosa. Isso - prossegue o Espírito - pode ser difícil para os ultra ortodoxos ou para os convencionais conservadores aceitarem, mas, infelizmente, não é possível causar nenhum impacto espiritual sobre eles porque estão espiritualmente mortos. O que deveis compreender é que o espírito é vida ... »

            Quanto à inquietação dos jovens, parece que Silver Birch não está muito preocupado com ela. Acha que essa fermentação resulta da desconfiança quanto às pessoas que não têm poderes para prevenir destruições ainda mais graves num mundo que já foi tão destroçado materialmente. Os jovens desejam também saber o porquê das coisas, e isso as «velhas religiões e filosofias não podem dar-lhes»,

            O pensamento espírita tem muitas dessas respostas e Silver Birch lembra que recebemos com simpatia perguntas honestas. O qualificativo é perfeitamente legítimo e oportuno. A honestidade da pergunta é condição essencial ao esclarecimento das questões envolvidas. Se nos fazem perguntas visando a obter respostas dúbias ou orientadas num certo sentido, então é porque não há honestidade naquele que pergunta nem desejo genuíno de compreender os problemas sob discussão - apenas a intenção de buscar, a todo custo, modos e meios de continuar a crer naquilo que não deseja deixar de crer.

            O Espiritismo é uma doutrina límpida; diz claramente o que deseja e como espera alcançar as suas metas: através da evolução intelectual e moral do espírito humano. Compreendemos perfeitamente que a natureza não dá saltos e nem toma coisa alguma de assalto e que a paz entre os homens somente se realizará quando os homens tiverem a paz dentro de si. Buscar a paz pela guerra é tumultuar ainda mais o que já está tumultuado. Não é odiando que se obtém amor, não é matando que se compreende a vida, não é de armas na mão que se alcança o entendimento, por mais nobres que sejam aparentemente os motivos. Muita violência - sempre inútil e perniciosa - tem tido origem em motivos supostamente nobres.

            Não obstante a confusão e a desorientação que dominam tantos setores da vida em sociedade, o Espiritismo segue adiante. - Ganharemos as pessoas - diz Silver Birch - pela evidência fornecida pela mediunidade ou pelo teor racional dos nossos ensinamentos. Uma vez obtida sua adesão, ficarão conosco para sempre. Quando vocês trazem alguém para o círculo magnético onde opera o poder espiritual, produz-se um elo que não se quebra jamais. Ele se torna então acessível a mais e mais desse poder. Nada acontece no mundo de vocês que nos possa causar receio.

            Palavra tranquilizadora essa, mas que não significa que devemos cruzar os braços e esperar que tudo nos saia milagrosamente bem. Nós, encarnados, temos nossa parte nessas tarefas, especialmente os jovens, aos quais os mais velhos vão entregando os seus postos dentro e fora do movimento espírita. A eles compete vigiar para que o Espiritismo não seja como tantos outros movimentos legítimos do pensamento, convertido sutilmente em instrumento de poder pessoal, utilizado para conquista de posições, de semeadura de ódios e inquietações, num mundo onde já existe turbação em demasia. Nossa tarefa é espalhar a concórdia e o entendimento, indicando que somente através da paz interior, realizada em nós próprios, podemos alcançar o ideal supremo de ver em paz a sociedade em que vivemos. As comunidades humanas são a soma dos indivíduos que a compõem. Explodirá em ódios e violências, enquanto predominarem sentimentos pessoais de rancor. 

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