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SESSÃO DE 31 DE JULHO DE 1940
Manifestação sonambúlica
Primeira de outro lugar-tenente de Miguel no comando das falanges à cuja frente este último,
por continuar a servir aos propósitos de dominação da Igreja,
hostilizava e perseguia a todos quantos se lhe não submetiam ao jugo.
Apresentou-se á procura de seus dois chefes desaparecidos.
Médium: J. CELANI
Espírito. - Vocês são magos ou encantadores. Que habilidade! E malsinam os jesuítas! Entretanto, por artes desconhecidas do mais hábil deles, vocês atraem para esta igrejinha os incautos e os seduzem com promessas fagueiras. Eles aqui vêm e não voltam.
Que é feito do Padre Ascêncio? Que destino lhe deram? Onde se encontra? Debalde o procuramos nos desvãos do infinito . Nem um eco da sua voz nos chega aos ouvidos. Respondam! Onde está o Padre Ascêncio?
(O diretor, depois de desejar paz ao visitante e de exorta-lo a procurar tê-Ia em seu coração, faz algumas observações sobre o ponto de vista errôneo de onde ele formula as suas interpelações e diz) :
- Aqui vens para que te digamos onde está o Padre Ascêncio. Não o sabemos. Sabemos, porém, indicar-te o meio de conseguires que o seu paradeiro te seja revelado. Queres pedi-Io ao Divino Mestre e Senhor?
E. - Não conheço outro mestre e senhor, senão o Padre Ascêncio.
D. - Não importa. Nós então pediremos, desde que assintas em secundar o nosso esforço, orando conosco. Queres?
E. - Vocês são livres de o fazerem, se quiserem. Que é orar?
(O diretor lhe dá uma breve explicação do que é a oração em seu verdadeiro sentido, conforme a compreendem e sentem os que procuram entender os ensinos evangélicos em espirito e verdade).
E. - (após breve silencio): - Olhem, eu o acompanhei quando aqui veio. A certa altura, porém, uma como que parede nos separou. Ficamos nós do lado de lá e ele do lado de cá. Ouvía-mo-Io a trocar ideia com vocês; mas, não o víamos, nem a vocês. Agora... tendo-o procurado no infinito, sem resultado algum, foi resolvido viesse eu aqui para descobri-lo . Os outros esperam. Tenho de regressar com ele, haja o que houver.
D. - Vamos, então, pedir ao nosso Mestre divino que te faça ver onde está aquele a quem consideras o teu único mestre. Concordas em que o façamos?
E. - Sim, com uma condição: a de pedirdes que ele nos seja restituído. Sabes o que representa a morte da rainha para um cortiço de abelhas?
(E' feita uma sentida prece á Virgem).
E. - Desertar? Constituir uma legião para trabalhos de natureza diferente? Essa a condição? Hun! Não trago credenciais suficientes para responder de pronto a semelhante proposição. Manda a lealdade que eu a submeta aqueles de quem sou arauto.
Estar sob a chefia de Ascêncio para novos trabalhos no mesmo sentido, mas por processos outros e mediante uma preparação prévia, chamada reeducação, a fim de transformar tigres carniceiros em pacificas ovelhas!
A isto foram reduzidos o espírito másculo, a inteligência robusta do nosso comandante! Quase começo a crer na decadência, no soçobro da religião, ao ver Espíritos dessa envergadura amolgarem-se com meia dúzia de lágrimas, quando é preciso agir com ferocidade, para conduzir a humanidade torpe aos caminhos que ela deve trilhar.
Vou-me. Agradeço a recepção que me fizestes e as vossas intenções caridosas para comigo. Confabularei com os meus companheiros e, se eles o permitirem, voltarei para continuar a nossa tertúlia em torno desta questão. Adeus.
Comunicação final, sonambúlica
O vespeiro que envolve a humanidade nesta hora e a facilidade de acesso que encontra no coração dos homens. - Um louco, a tresvariar de paixão e a destilar maldade o Espirito que se manifestara. - Os Espíritos que dominam a atmosfera da Terra. - Dificuldade que criam á filtração da luz nas almas. - Os acontecimentos atuais são apenas preludio de outros muito mais terríveis. - A ação da treva como se desenvolve. - Possibilidade de mistificações que conduzam a caminhos perigosos. - A obra espírita em que se funda e qual a sua finalidade. - O que é o Espiritismo palavroso, catedrático, cientifico, sem base no coração. – A exemplificação. - O silêncio e a palavra oca. - A repetição como meio de ensino. - A divulgação destes trabalhos. - Que finalidade a publicidade deles deve objetivar. - O que muitas vezes se passa na choupana do rústico trabalhador do campo. - Anonimia da obra da Casa de Ismael.
- O seu valor em sacrifício.
Médium: J. CELANI
Salve, Rainha dos Céus, Senhora nossa, Mãe dos aflitos, esperança dos sofredores!
Meus caros amigos, paz seja convosco!
Que faIange! que vespeiro envolve a pobre humanidade, nesta hora! E o ponto está em que esses infelizes do infinito encontram no coração dos homens o elemento necessário a desencadear as torturas que por aí vão, ferreteando-Ihes as almas.
Orai e vigiai, meus companheiros. Fechai-vos nos vossos santuários íntimos, que são os recessos dos vossos corações e dirigi à Mãe das mães as vossas súplicas, porque só o seu amor pode transmudar esse estado de alma dos homens e dos Espíritos transviados.
Eu o trouxe aqui. (Refere-se ao Espirito que acabara de manifestar-se). É um louco, a tresvariar de paixão, a destilar maldade, porque a sua inteligência não é de nível idêntico à do outro. É um simples soldado, mas temido pela sua valentia e ferocidade.
A atmosfera. da Terra se acha dominada por Espíritos dessa ordem. Por isso, a filtração da luz para vós outros, que vos fizestes soldados da Cruz, é difícil e mais difícil ainda se tornará, porque, sem ser profeta, eu vos afirmo que assistis apenas ao prelúdio de acontecimentos terríveis, mas necessários á preparação do reinado do Consolador.
Dito isto, não preciso acrescentar nenhuma advertência para que vos mantenhais coesos em torno do Evangelho de Jesus, fraternos no exercício da vossa tarefa e atentos, sobretudo, muito atentos às vossas relações com o mundo profano.
A ação da treva é instantânea. Ela compreendeu as vantagens da surpresa e, assim como esta é posta em prática no vosso plano, também ela a põe no plano em que atua.
Se, por falta de vigilância e de oração, não conseguirdes manter-vos coesos neste oásis onde semanalmente bebeis a linfa que aí jorra, podereis ficar sujeitos a mistificações que vos conduzirão a caminhos perigosos e comprometedores da causa que fostes chamados a defender.
Vós apregoais, porque o sabeis, meus companheiros, que a obra espirita se afirma pelo sentimento, se funda no sentimento e tem por finalidade a educação do sentimento das massas. O Espiritismo palavroso, catedrático, cientifico, sem base no coração, é como a palavra solta ao vento, que não ecoa, que não encontra ouvido que a escute.
O respeito só pela exemplificação se impõe. Pilatos bem sentiu essa força, quando renunciou a julgar Aquele a quem, na sua consciência, reputava inocente e procurou acobertar a sua covardia lavando as mãos.
O silêncio é preferível à palavra oca. Mais útil é a meditação do que o discurso baldo da exemplificação, que foi sempre a base dos ensinamentos do Cristo:
Nós não vimos aqui ensinar. Apenas aproveitamos as oportunidades que nos são oferecidas para tecer considerações que aproveitem aos que nos ouvem e que ocorrem aos vossos festins semanais.
Se essas considerações, a juízo vosso, conhecedores que sois da doutrina, merecerem divulgação em proveito de outros encarnados, é uma questão que fica ao vosso alvedrio decidir, mesmo porque não deveis esquecer a recomendação sábia e prudente do Mestre: é preferível recusar 99 dados verdadeiros a aceitar um só que seja, pernicioso à comunhão.
Todo trabalho que se repete é tido por banal. Há coisas, porém, que nem repetidas exaustivamente penetram as inteligências e os corações dos contraditores da Verdade.
A publicidade não se faz para aqueles que já conhecem, pois o próprio Cristo disse que não viera para os sãos, mas para os enfermos que são os que precisam de médico. A publicidade não deve levar endereço; deve ser feita para estabelecer afinidades com almas sedentas de paz, almas que anseiam por uma voz que as desperte, por uma ideia que as oriente para o caminho da salvação.
Quantas vezes; e como isso é consolador para nós outros que colaboramos convosco nesta obra cristã! quantas vezes, por esses rincões a fora, numa humilde choupana, o rústico lavrador do campo, de inteligência rude, mas de coração aberto às verdades divinas, soletra, à luz mortiça de uma lamparina de petróleo, as linhas do Reformador, com a alma cheia de encantamento por essa dádiva divina! São esses os nossos estímulos. É nossa alegria tocar essa alma, inspirar-lhe à rude compreensão a ideia de alcandorar-se às alturas onde pairam o Espirito sublime e o coração, transbordante de amor do Divino Mestre.
Entretanto, que sabeis vós disse? Nada. É' a obra anônima da Casa de Ismael. Pois bem: já que ouvistes de mim este singelo relato, tomai-o, também vós, como estímulo para o prosseguimento da vossa tarefa, sem desfalecimentos. Ela vale bem todos os sacrifícios que
vos impuserdes, no sentido de harmonizar os vossos corações com os dos que, daqui, ao serviço de Ismael, procuram estudar o Evangelho em espirito e verdade.
Creio que não mais preciso dizer o que esperamos de vós.
Por hoje, basta. Encerrai os vossos trabalhos, rogando à Virgem que nos ampare a todos, para que possamos voltar da próxima vez mais seguros das nossas responsabilidades e mais fortes para suportá-Ias. Paz. - Blttencourt.
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