Há Cento
e Vinte Anos[1]
Em 20 de março de 1891, Bezerra de Menezes conversava com o médium Sarmento Brito, na casa de nº 27 da Estrada Velha da Tijuca, sobre certos pontos obscuros da Doutrina Espírita, quando o primeiro levantou a ideia de criarem ali um pequeno grupo de estudiosos a fim de receberem esclarecimentos dos Espíritos acerca de várias questões de Doutrina.
Essa ideia recebeu de imediato, através do médium Brito, plena aprovação de diversos Espíritos, como Melo Morais, Leonardo Cândido Fortes e o próprio Allan Kardec.
Foi então fundado, naquele mesmo dia, o grupo que funcionaria às quartas-feiras, sob a Presidência de Bezerra de Menezes.
A ata de instalação foi assinada por Bezerra, Brito, Thiago Bevilaqua, Severo da Cunha Machado, Joaquim Thomaz Alves e Juana Mendes (?).
A primeira sessão dos trabalhos ocorreu no dia 25 de março de 1891, e Bezerra era quem interrogava os Espíritos e redigia as atas. Ele insistia sempre em novas perguntas quando as respostas dos Espíritos Superiores não lhe pareciam claras.
Conhecemos o registro de nove sessões (até 6 de junho) em tiras de papel e com a letra do próprio punho de Bezerra.
Na sessão de 29 de abril, entre outros assuntos, ele pediu ao Espírito Erasto esclarecimentos a respeito da encarnação de Espíritos de mundos superiores em mundos inferiores, chegando a comentar como o perispírito adiantado pode acomodar-se a um corpo grosseiro e, mais, corno o perispírito de Jesus pode acomodar-se à matéria grosseira de um corpo terrestre.
Erasto explica que o Espírito Superior pode encarnar em mundos inferiores. mas somente em missão, e desde que ele, Espírito, ali já tenha vivido.
Outros esclarecimentos de Erasto se seguem em resposta a novas perguntas de Bezerra, frisando ainda o comunicante que os Espíritos adiantados têm condições de preparar o corpo carnal em que reencarnarão[2]. "Houve apenas um Espírito que saiu desta regra, porque não preparou corpo. Foi o Cristo". - finaliza Erasto.
Bezerra, não satisfeito ainda, interrogou sobre o significado do trecho acima aspeado, ao que o Espírito de Erasto responde:
.
"Bem sabeis que o Cristo não tinha um corpo como vós - que condensava seu períspirito, quando queria, assim como o desagregava, quando lhe era preciso; razão por que tornou-se muitas vezes invisível, razão por que ressuscitou, razão por que fez sua ascensão ao Céu, como dizeis."
Cerca de dois anos depois, Bezerra, com o pseudônimo de Max, dava a público, em O Paiz , dois artigos[3] nos quais insere os motivos que o levaram a aceitar a concepção do corpo fluídico de Jesus. "que explica, de acordo com as leis naturais, todos os fenômenos da vida do Redentor".
Zêus Wantuil
(“Reformador” Dezembro 1991)
[1] Do artigo originalmente intitulado “Há 100 anos”.
[2] Ver Francisco Cândido Xavier: “Missionários da Luz”, Cap. 13 (Reencarnação); “Entre a terra e o Céu”. Cap. XXVIII (Retorno).
[3] O Paiz, 7 a 15 de maio de 1893.
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