O Dogma
do Deus Trino
do Deus Trino
Fernando
Coelho
Reformador (FEB) Junho
1920
“O alto valor ético
do puro cristianismo original, a influência nobre que essa religião de amor
exerceu na civilização, são coisas independentes desses dogmas mitológicos”
disse Haeckel.
A instituição esdrúxula e original do Deus Trino, por
exemplo.
“Deus, só e único Principio Universal, só e única potência
criadora, na imensidade, no infinito, é imutável e eterno.” (1)
(1) Os Quatro Evangelhos, de Roustaing.
Não o quer assim, porém,
o católico, plagiando o bramanismo na sua interessante concepção do Deus tríplice
(Brahma, Vishna e Shiva) e o dos antigos Hebreus (Ann, Bel e Ao).
Deus, já o definimos.
A segunda pessoa da trindade santa dos católicos “esse
profeta nobre e iluminado, cheio de amor dos homens”, como o chamou Haeckel, o
materialista, o Cristo, não é mais do que “um espírito criado que, saído como
todos os espíritos, do mesmo ponto de partida, da mesma origem, se tornou
espírito puro, alcançou a perfeição, sem jamais ter falido, espírito de pureza
imaculada, cuja perfeição se perde na noite da eternidade. É o protetor e governador
do planeta terreno, a cuja formação presidiu, encarregado por Deus de o levar ao
seu grau fluídico e à perfeição a sua humanidade. (2)
A terceira pessoa,
o Espírito Santo, não era e não é um espírito especial, é um nome figurado que
representa a solidariedade dos espíritos puros, dos espíritos superiores, do
espíritos bons.”
A igreja católica, resvalando de absurdo em absurdo,
chegou, por intermédio de um falso método interpretativo do Evangelho, - cujo simbolismo
não quis e não quer compreender, à criação desse dogma fantástico, que é o da
triplicidade da pessoa do Supremo Árbitro dos mundos, acarretando outro, não
menos errôneo, que é o da divindade de Jesus.
Soou, felizmente, a hora bendita da verdade.
(2) Roustaing, idem.
A palavra dos Evangelistas
já se fez ouvir, elucidando o texto dos seus escritos, completamente deturpados,
no seu exato sentido, pelas conveniências materiais
dos falsos discípulos do Cristo.
“Em verdade, em verdade vos digo que esta geração não passará
sem que todas essas coisas se cumpram”, (Mateus, 24, vs. 33 e 34), disse o Cristo
aos apóstolos que lhe perguntaram ansiosos de verdade: “Senhor, dize-nos quando
sucederá isso e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo.”
Ao Espiritismo, pois, pouco importam as investidas impiedosas
do clericalismo romano. Há de triunfar, porque o Mestre o exclamou: “Quando vier
o espírito da verdade, ensinar-vos a toda a verdade; porque, não falará de si
mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas futuras.”
Cristo pregou a reencarnação, quando disse a Nicodemos: “Ninguém pode entrar no reino de Dons, se não
nascer de novo. Se o homem, não renascer pela água e pelo espírito, não poderá
entrar no reino do Deus.”
Roma, todavia, não quer compreender essas verdades.
Já os Hebreus diziam, ao referirem-se ao Cristo: É Elias,
é João que ressuscitou dentre os mortos, é Elias que voltou, é um dos antigos
profetas que ressuscitou.”
Essa crença na volta do espírito ao ergástulo da miséria
terrena não prova alguma coisa à cegueira voluntária e impertinente do
jesuitismo?
Roma, que divinizou o Cristo, inventou o Diabo. Apesar de
Jesus ter dito claramente: “Ide ter com os meus irmãos e dizei-lhes da minha
parte: subo a meu Pai e vosso Pai, o meu Deus e vosso Deus”, ao invés de dizer
somente - vosso Pai e vosso Deus, a Igreja teima em faze-lo
divino. E como que para contrabalançar esse dogma, nascido da fantasia dos seus
padres, criou o inferno e Satanás, que é um nome figurado, representando a
totalidade dos espíritos maus que se encarniçam na perda do homem.
Como conceber justiça e bondade num Deus que castiga os
seus filhos com o fogo eterno da sua cólera e do seu rancor?
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