Na hora
que passa
Modesto
Lacerda por Chico Xavier
Reformador (FEB) Janeiro
1952
Irmãos, a paz de Jesus reine soberana entre nós.
O Espiritismo, no dia laborioso dos pioneiros, poderia
ser uma fonte de consolações e surpresas, à frente de nossos olhos
deslumbrados.
Era natural que assim fosse.
A sabedoria antiga voltava a felicitar-nos, no
intercâmbio entre as duas esferas, abrindo-nos horizontes diferentes no país
das grandes revelações.
Infantis no conhecimento de ordem superior, éramos
tolerados na indagação infindável e na curiosidade enfermiça que nos
centralizavam a mente e o coração no verbalismo sem obras.
O tempo, contudo, assinalou novas portas evolutivas em
nossa jornada para diante.
A responsabilidade lançou
raízes profundas em nossa vida, convertendo-nos a fé em abençoados compromissos
de trabalho e a reconfortadora doutrina que nos enriquece de bênçãos passou, de
manancial do consolo isolado, à bendita construção espiritual, em que todos
somos peças integrantes do serviço, em favor do progresso geral.
Antigamente perguntávamos.
Hoje é necessário fazer.
Em outro tempo experimentávamos.
Agora devemos ser experimentados, no engrandecimento da
vida na Terra.
Outrora, éramos exigentes no “receber”.
Atualmente, é imprescindível a nossa diligência para “dar”.
No princípio eram justos a expectação e o êxtase.
Na hora que passa, entretanto, somos obreiros convocados
à edificação da fraternidade e da elevação entre os homens.
Grandes são as nossas oportunidades nos tempos modernos,
em que a nossa instrumentação se mostra tão rica de dons para a vida eterna. ’
Nós, os espíritas cristãos, na segunda metade do século
XX, somos servos conscritos à
atividade incessante com a
aplicação dos imensos recursos recebidos do Alto.
Assemelhamo-nos a senhores abastados do ideal, com a
obrigação de fugir à secura e à avareza, se quisermos encontrar, mais tarde, as
compensações da verdade e do amor.
Nossas convicções são valores reais que precisamos
distribuir, a benefício de todos; não somente, porém, com as palavras
brilhantes, com as páginas inspiradas, com as promessas sublimes ou com os
votos risonhos, mas, acima de tudo, com a demonstração prática de nossas experiências
de vez que apenas o orientador adequado produz roteiros adequados.
Ninguém nos conhece pelo que falamos e sim pelo que
operamos.
Não somos amados pelo que ensinamos com a boca mas sim
pelo que realizamos com o coração.
Não somos conhecidos pelas teorias que esposamos e sim
pelos bens ou pelos males de que somos portadores, na estrada em que seguimos,
na companhia de quantos nos foram confiados pelo Senhor.
Façamos, assim, do Espiritismo, a carta de nossos deveres
pessoais, à frente de Deus e da Humanidade e não a mensagem que nos lisonjeie a
expressão particularista de crentes, aprendizes ou simpatizantes da Grande
Causa que cogita da redenção terrestre.
O nosso caminho está descerrado ao sol do Cristo.
Seguiremos para diante com a ação evangélica ou seremos
esmagados pelo carro do progresso comum.
Agiremos com o bem ou perderemos tempo no mal.
Materializaremos o amor que o Mestre nos legou ou
permaneceremos indefinidamente materializados no círculo carnal, por séculos
infindos.
Avancemos, pois, meus amigos.
Nosso ideal é serviço constante, nossa fé representa claridade
divina e nossa esperança é caridade em ação.
Sigamos com Jesus, afastando-nos da retaguarda, e Jesus
estará conosco na vanguarda de luz.
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