Eloquência dos Fatos
Reformador
(FEB) Dezembro 1919
Uma sessão de materialização e transporte,
assistida pelo senador Virgílio de Mendonça, em presença do Sr. Amazonas de
Figueiredo, diretor do Ginásio Paes de Carvalho.
O “Jornal da Tarde”, de 6 de Outubro
último, que se publica em Belém, Estado do Pará, dá a seguinte narração dos fenômenos
espíritas que se têm produzido naquele Estado:
“Há quase um ano, ouvimos pela
primeira vez falar nos interessantes fenômenos espírita de materialização e
transportes, que vinham sendo observados por um restrito número de pessoas,
nesta cidade, graças às raras faculdades mediúnicas da esposa do sr. Eurípedes
Prado, conceituado guarda-livros e comerciante em nossa praça.
As pessoas que frequentavam tais
sessões eram dignas da mais absoluta fé, ao par do meio de todo insuspeito em
que tais fenômenos se produziam.
A virtuosa esposa do Sr. Eurípedes
era a médium que se prestava aos fenômenos, aliás quase a contragosto. Por isso
mesmo, houve até interrupção dos trabalhos por espaço de alguns meses.
Mas o que tem de ser traz força: as
manifestações de efeitos físicos recrudesceram ultimamente e, sob orientação e
conselhos do espírito, que dá o nome de João, foram iniciadas as sessões de
materialização e transportes. Há oito dias exatamente fomos convidados para
assisti-las. Eram poucos os assistentes.
Além da família Prado seis pessoas
apenas: senador Virgílio de Mendonça, sr. Giovanni Costa, Srs. Manoel Barbosa Rodrigues,
ManoeI Baptista, proprietário
da farmácia Beirão,
professora Elisabeth Hammond e o nosso companheiro de trabalho.
Ao começo, breve sessão na varanda, para
a produção de fenômenos de contato das mãos do espirito que, em verdade,
ficaram a perder de vista ante os demais, cuja noticia agora se dá.
Foram colocados no aposento
destinado às sessões, dois baldes de zinco, um contendo parafina a ferver e que
estivera sobre um fogareiro de álcool à nossa vista e outro cheio de água,
sendo ambos examinados pelos assistentes. Em seguida, mandou o espírito encerra-los
em uma grade - espécie de gaiola, recomendando que a pregassem bem ao soalho, o
que foi feito também à nossa vista.
Tudo assim preparado, apagou-se a
luz e dentro em cinco minutos, via-se o primeiro núcleo branco de formação fluídica
destacar-se do fundo negro, pois a parede caiada fora forrada de um pano preto.
Em breve distinguia-se perfeitamente o fantasma que se debruçava sobre a grade.
Interrogado, então, algumas vezes pelo senador Virgílio de Mendonça o espírito
disse que um outro habitante do mundo espiritual lhe responderia às perguntas,
enquanto ele se empenhava na produção do fenômeno previamente anunciado: a
produção do molde de mão humana na parafina; e solicitou aos assistentes “que
se entretivessem em palestras”.
Esta solicitação levou o senador
Virgílio de Mendonça a perguntar por que João preferia a palestra à
concentração usada em casos tais.
Porque, respondeu o espírito, a
palestra distrai a vossa paciência; enquanto conversais, João trabalha em paz.
Conversai.
De quando em quando, ouvia-se já o
ruído da asa do balde sacudida de um lado para outro, já o da água remexida pelas
mãos de alguém.
Isso chamou a atenção daquele
senador que, levantando-se da cadeira em que se achava, distante da gaiola um
metro, se tanto, tentou aproximar-se mais ainda, de modo a observar melhor o
que se passava.
Então, a voz clara do espírito, pelo
médium adormecido, lhe observou: - Porque tentas perturbar o trabalho de João? Senta-te.
Não viste a grade ser pregada? Findo os trabalhos, peço que tu mesmo a arranques.”
E assim, enquanto João, auxiliado
por outro fantasma, trabalhava na produção do molde em parafina, entre os
assistentes e esse outro espírito, se travou animada, frequente conversa.
Seguramente hora e meia depois, o
espírito auxiliar anunciou que João ia terminar a primeira parte dos trabalhos.
Uma campainha ficara próxima dos
baldes, mas fora da grade. Sentiu-se que esta era como que forçada, O Sr. Eurípedes
indagou a razão desse fato e a explicação não se fez esperar.
“É que colocaste a campainha longe
da grade, distante do médium, cuja emissão fluídica quase não atingia. João
luta com dificuldades para penetra-la de fluidos bastantes afim de fazê-la
vibrar. “Ele é teimoso. Conseguirá.”
Cinco minutos mais e o som vibrante
da campainha retiniu diversas vezes, alegremente, como anunciando a vitória
absoluta dos esforços do espírito.
João está satisfeito, disse o seu
companheiro do além, eis porque a campainha soou tantas vezes. Cubram o rosto
do médium e abram as luzes.
Fez-se isso e razão de sobra tinha o
espírito de João para manifestar a sua imensa alegria: dentro da gaiola,
pregada ao solo, os dois baldes, o de parafina, vazio e no outro um molde de
mão humana com os dedos curvados e um formoso buquê de rosas!
Simplesmente surpreendente!
Não era tudo, porém. João recomendou,
pela mesinha, que de novo se apagassem as luzes e esperássemos.
Obedecido e retomados os lugares, minutos
depois, outra vez se destacou o fantasma - um ser brando, flutuante,
perfeitamente distinto.
Pediu música. Uma das filhinhas do
Sr. Eurípedes Prado foi ao piano e começou a dedilhar uma valsa qualquer.
-Não, disse o espírito. Sabem que
fui artista. Amo a boa música. Mandem tocar clássicos. E, então, admirável! -
ouviu-se um som como que longínquo mas distinto,
soando perto
dos nossos ouvidos, comovendo-nos: o espírito cantava!
Súbito pediu a sua música e enquanto
a executavam ele entregou o molde em parafina à professora Elisabeth Hammond, distribuindo
as flores pelos assistentes,
tendo
apertado a mão do Sr. Giovanni.
Ao apagar as luzes, molde e flores
estavam dentre da grade pregada ao solo. Produzira, portanto, mais outro fenômeno
de transporte.
Findos os trabalhos, empenhou-se o Sr.
Virgílio de Mendonça em despregar a grade. E como o martelo tivesse
desaparecido, s. s. bem que esforços empregou para consegui-lo, transformado à última
hora em solícito carpinteiro do João.
A impressão que esses trabalhos
deixaram em seus assistentes é decerto inextinguível.
Diante de tão valiosos testemunhos,
como sejam os dos Sr. Virgílio de Mendonça e Amazonas Figueiredo, que dirão os
que negam a vida do Além?
Nenhum comentário:
Postar um comentário